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P. Manuel Barbosa, scj
Ano Missionário – documentos

A Conferência Episcopal acaba de editar o opúsculo “Ano Missionário – documentos”, como contributo para a vivência da sua celebração em todas as dioceses, de outubro de 2018 a outubro de 2019, anunciada na última Assembleia Plenária: “a dimensão missionária estará subjacente às iniciativas pastorais diocesanas e nacionais ao longo do Ano Missionário, que será vivido no encontro com Jesus Cristo na Igreja, na liturgia, no testemunho dos santos e mártires da missão, na formação bíblica, catequética, espiritual e teológica, e na caridade missionária”.

Esta publicação de 96 páginas, à venda nas livrarias católicas, que abre com palavras significativas de D. Manuel Linda, presidente da Comissão Episcopal da Missão e Nova Evangelização, contém os seguintes documentos: Carta do Papa Francisco em que declara para toda a Igreja um Mês Missionário Extraordinário em outubro de 2019; Nota Pastoral da CEP para o Ano Missionário “Todos, Tudo e Sempre em Missão” (abril 2018); Nota Pastoral da CEP “Promover a renovação da pastoral da Igreja” (abril 2013); Carta Pastoral da CEP “Rosto Missionário da Igreja em Portugal”, a partir do lema bíblico “Como Eu vos fiz, fazei vós também” (junho 2010); Carta Apostólica Maximum Illud de Bento XV, com a qual quis dar novo impulso à responsabilidade missionária de anunciar o Evangelho (novembro 1919); duas mensagens do Papa Francisco para o Dia Mundial das Missões, a deste ano e a de 2015, esta por assinalar 50 anos do Decreto conciliar Ad Gentes.

Deste conjunto, destaco dois documentos. A Carta Pastoral de 2010 aponta orientações concretas para o sentido missionário permanente nas nossas vidas, famílias, comunidades, paróquias e dioceses. Por exemplo, a constituição de grupos missionários em todas as paróquias e de departamentos missionários em todas as dioceses. Será que isso está a ser realizado como sinal concreto da nossa identidade missionária? A Nota Pastoral de 2013 é fruto de um longo processo de auscultação em todos os organismos eclesiais, processo que continua em ação. É significativo que, dos sete rumos apontados para a Igreja em Portugal “trilhar em comunhão, num só coração e numa só alma”, dois sejam explicitamente missionários: comunhão para a missão; missão de todos para todos. Os outros cinco incidem também na missão: primado da graça e nova mentalidade; testemunhar a fé revitalizada; fomentar iniciativas de iniciação cristã e de formação; comprometer-se com as iniciativas pastorais em curso; ser verdadeiros discípulos de Jesus e seus missionários apaixonados e felizes no coração do mundo.

Esta edição pretende contribuir para uma reflexão mais sintonizada com a missão como natureza da Igreja, provocadora de oração e ação, aliás como referem constantemente todas as orientações dos nossos bispos e do Papa Francisco.

De salientar também o convite a ler ou reler grandes documentos da Igreja sobre a missão e evangelização: Decreto Ad Gentes sobre a atividade missionária da Igreja (Concílio Vaticano II, 1965); Exortação Apostólica Evangelii Nuntiandi sobre a evangelização no mundo contemporâneo (São Paulo VI, 1975); Carta Encíclica Redemptoris Missio sobre a validade permanente do mandato missionário (São João Paulo II, 1990); Exortação Apostólica Evangelii Gaudium sobre o anúncio do Evangelho no mundo atual (Papa Francisco, 2013); as Exortações Apostólicas pós-sinodais de São João Paulo II sobre a Igreja nos vários continentes, nomeadamente a Ecclesia in Europa (2003), tão relevante para a nossa qualificada presença missionária a Europa.

Que esta singela edição contribua para sermos melhores discípulos missionários de Jesus Cristo e construtores de comunidades mais santas e missionárias, sempre centradas na Palavra e na Eucaristia, como nos pede o Papa Francisco.