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P. Manuel Barbosa, scj
Lei para matar, processos para renovar

1. Uma lei para matar.

Após um longo processo legislativo, que andou pelas mentes dos deputados sem auscultar a sociedade e contrariando o princípio constitucional de que a vida é inviolável, a lei da eutanásia e do suicídio assistido foi promulgada pelo Presidente da República a 16 de maio após aprovação, quatro dias antes, pela Assembleia da República.

“Uma lei para matar”, assim sintetizou de modo incisivo o Papa Francisco a 13 de maio: “Hoje, dia em que que se comemoram as aparições da Virgem Maria aos pastorinhos de Fátima, estou muito triste, porque no país onde apareceu Nossa Senhora foi promulgada uma lei para matar. Mais um passo na grande lista de países com eutanásia”.

Uma lei para matar é uma lei contra a vida, vida que deveria ser defendida e acompanhada sempre até ao seu fim natural, como referiu em comunicado o Grupo de Trabalho Inter-Religioso Religiões-Saúde: “Continuaremos a considerar que o humanismo está em acompanhar as pessoas em fim de vida e no seu morrer com compaixão até ao seu fim natural; clamamos por cuidados paliativos acessíveis a todos em tempo útil, pois são uma urgência social, humana e ética; e continuaremos a fazer a experiência de proximidade espiritual com os doentes, ajudando-os a viver o último capítulo da vida com paz e sentido”.

A oração pela vida exige o compromisso com ações concretas para que todos os seres humanos tenham vida digna até ao seu fim natural. O incremento dos cuidados paliativos como compromisso de proximidade, respeito e cuidado da vida humana até ao seu ocaso natural constitui a principal ação contra a eutanásia.

Esperemos que essa lei possa ser revogada, de modo que a rampa deslizante da eutanásia que mata seja contrariada pelo caminho que faz viver. Não à lei para matar, sim à vida, sempre!

 

2. Um Sínodo para rezar.

O processo sinodal que está a acontecer na Igreja só pode ser fecundo e frutuoso com a oração, não como acrescento ao processo, mas como âmago da essência da Igreja sinodal. Nesse sentido, quis a Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos que em toda a Igreja esta constante dimensão orante tivesse um momento especial no dia 31 de maio, em preparação da próxima Assembleia Sinodal de outubro que, além de bispos, terá um bom número de participantes leigos e jovens, por escolha do Papa Francisco.

Em Portugal, a Conferência Episcopal sugeriu que esse momento de oração se alargasse a todas as comunidades cristãs e religiosas nas celebrações desse dia, e não apenas nos santuários marianos. A proposta de Oração dos Fiéis para as celebrações eucarísticas e de comentários e orações para a Oração do Rosário, já divulgados, procuram sinalizar este sentido de comunhão na oração, para que o caminho sinodal seja autêntico momento de renovação da Igreja.

 

3. Uma JMJ para evangelizar.

No dia em que escrevi estas notas, a Santa Sé confirmou as datas da vinda do Papa Francisco a Portugal para participar na JMJ em Lisboa, de 2 a 6 de agosto. Um anúncio esperado, que nos enche de alegria e nos empenha ainda mais neste processo de evangelização e de anúncio de Cristo Vivo, particularmente com os jovens.

A peregrinação dos Símbolos da Cruz e do Ícone mariano tem sido ocasião de intensa oração e celebração, de festa e alegria em 19 dioceses. O mesmo acontecerá, certamente com forte entusiasmo e criatividade, em Santarém (junho) e Lisboa (julho), antes das grandes celebrações de agosto com a presença do Santo Padre.

Que todo este processo seja de autêntica evangelização, de modo apressado e não ansioso, de maneira renovada e não rotineira, a exemplo de Maria que visitou em atitude apressadamente evangelizadora a sua prima Isabel.

 

P. Manuel Barbosa, scj