Artigos |
P. Manuel Barbosa, scj
JMJ em processo sinodal

1. No Domingo em que acolheis estas letras escritas uns dias antes, estamos a uma semana do maior acontecimento eclesial realizado no nosso país, a Jornada Mundial da Juventude, que marcará a vida de todos nós e particularmente da imensa multidão de jovens vindos de todos os países do mundo. Como se tem reiterado, a JMJ faz sentido se for vivida em processo, fundamentalmente de renovação da Igreja em dinamismo de evangelização inspirado pelo exemplo de Maria, que “se levanta e parte apressadamente para a montanha”.

Estes tempos são marcados por tudo o que gira à volta da organização e celebração da JMJ. Não se pensa em (quase) mais nada, o que é evidente. Todos desejamos que tudo decorra pelo melhor, na alegria e na festa, no encontro de todos em Jesus Cristo, na oração e na celebração. A presença do Papa Francisco é fortíssimo incentivo a tudo isso.

 

2. Estes tempos são marcados igualmente pelo processo sinodal, dito de evangelização e renovação. Todos desejamos que seja verdadeiramente sinodal, para que a Igreja se renove na escuta do Espírito e na escuta uns dos outros à luz desse mesmo Espírito.

Há dias recebemos o documento de trabalho para a próxima assembleia geral do Sínodo dos Bispos que se realiza em outubro. Tivemos igualmente conhecimento da lista dos membros dessa assembleia, com a grande novidade de o Papa ter escolhido 70 leigos, muitos deles jovens e mulheres, como membros efetivos com direito a voto. Como refere o número 42, tudo deveria acontecer neste diálogo no Espírito:

“Tendo em conta a importância do diálogo no Espírito para animar a experiência vivida pela Igreja sinodal, a formação nesse método e, em particular, de facilitadores capazes de acompanhar as comunidades na sua prática é percebida como uma prioridade em todos os níveis da vida eclesial e para todos os batizados, começando pelos ministros ordenados, num espírito de corresponsabilidade e abertura para as diferentes vocações eclesiais. A formação para o diálogo no Espírito é a formação para ser uma Igreja sinodal”.

 

3. Nestes dias não vamos pensar muito no processo sinodal. Mas lá para inícios de setembro, depois da JMJ e das férias, retomemos os dinamismos deste grande acontecimento, marcadamente juvenil de encontro com Cristo Vivo, em contexto sinodal. Tomemos o tal documento de trabalho e reflitamos, a nível pessoal e de preferência em grupos, o que podemos retomar em perspetiva de renovação da Igreja que somos.

Os grandes temas da participação, comunhão e missão continuam subjacentes em todo o texto. A proposta de reflexão em 15 fichas para discernimento e decisão serve de ótima orientação para quem quiser (oxalá que todos!) aprofundar e concretizar as três grandes questões para a Igreja sinodal. São 5 fichas para cada um dos três temas:

- Uma comunhão que irradia. Como podemos ser mais plenamente sinal e instrumento da união com Deus e da unidade do género humano?

- Corresponsáveis na missão. Como partilhar dons e tarefas ao serviço do Evangelho?

- Participação, responsabilidade e autoridade. Que processos, estruturas e instituições numa Igreja sinodal missionária?

 

4. Nas Jornadas Pastorais realizadas em junho, os Bispos e convidados das Dioceses refletiram sobre os desafios pastorais que decorrerão da realização da JMJ. No comunicado final, apontaram a urgência de “escutar os jovens, numa perspetiva sinodal, reconhecendo que são protagonistas do processo de renovação da Igreja, e com eles promover estruturas e organizar projetos, sendo consequentes e tomando decisões de acordo com aquilo que pedem, desejam e necessitam”.

Celebremos com alegria a JMJ, retomemos com ardor os seus dinamismos e provocações. Não percamos a grande oportunidade de caminhar juntos com os jovens no processo sinodal em curso.

 

P. Manuel Barbosa, scj
Foto: Elsa Vitorino JMJ Lisboa 2023