Na Tua Palavra |
D. Nuno Brás
Duas questões

Quem atacou Paris foram franceses e belgas. Ninguém invadiu o território de ninguém. Nesta guerra que a França declarou depois dos atentados do passado dia 13, o inimigo não é alguém que venha do exterior, mesmo que as ordens tenham sido eventualmente dadas a partir da Síria. Os terroristas não eram refugiados, não eram imigrantes, não eram estrangeiros. Eram europeus, com documentos de identificação europeus, que cresceram e foram educados nesta nossa Europa. Porventura até tinham estado algum dia, mesmo que sem terem consciência disso, ao lado das suas futuras vítimas, num café, numa rua, num estádio de futebol da capital francesa.

Duas questões não podemos ignorar. Em primeiro lugar aquela que interroga sobre a Europa que temos estado a construir e a ser. A questão não visa simplesmente a União Europeia e as suas instituições mais ou menos longínquas: trata-se do modo de ser europeu, do modo de ser e de viver que temos assumido nestes últimos tempos e que tem vindo a fazer da civilização europeia uma realidade morta, incapaz de oferecer razões para viver, e abundante em proporcionar razões para matar. Obviamente, a solução não passa por gastar mais dinheiro na repressão ou no policiamento, ainda que, neste momento, com os estragos já provocados, isso possa ser indispensável. A solução não pode deixar de consistir numa mudança muito mais profunda mas que insistimos em não realizar: a mudança no modo de viver. O que temos assistido nestes últimos tempos é simplesmente o princípio (ou mais do que isso) de uma “implosão” da Europa.

Mas uma segunda questão não pode deixar de ser colocada. É sobre a vida de cada um de nós e o seu significado. É que, neste momento, ninguém está livre de ser a próxima vítima de um destes ataques. Não vale a pena desconfiar do vizinho do lado – cairíamos numa paranóia insuportável de ver terroristas em todos os lados, e isso não corresponde à verdade. Vale a pena, isso sim, colocar a questão acerca do porquê viver. Que sentido faz continuar a querer ser humano? Porquê vale a pena olhar mais longe e não nos deixarmos aprisionar pelo instante? Porquê é importante aprender a viver com o outro? No fundo são as célebres questões sobre de onde vimos, quem somos e para onde vamos. Longe de serem questões teóricas, elas são essenciais para viver cada momento da nossa existência.

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