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Jesus Vivo na vida Familiar
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Com 7 meses e meio decorridos desde o momento em que as nossas rotinas diárias foram profundamente modificadas com a chegada de um novo vírus, olhamos para trás já com alguma dificuldade em recordar a quantidade de alterações que fomos forçados a implementar neste “curto período”. No entanto, não nos deixámos de surpreender com a capacidade de adaptação e a resiliência demonstradas pela nossa sociedade (e muito em particular pelo povo Cristão), no sentido de prevenir a propagação da doença, sem descurar o que de mais importante se impõe para a nossa condição Humana…

Começamos por uma breve apresentação: Somos a Família Ramos, a Sandra e o Rui, casados há 28 anos, pais de 4 – a Filipa, com 24 anos, a Rita, com 21 anos, o Afonso, com 13 anos, e a Carminho, com 9. Paroquianos de Linda-a-Velha de nascença, estamos ligados à sua actividade através de diversos serviços tais como a Catequese Familiar, o CPB, o grupo de Leitores ou o Conselho Pastoral. Como casal, pertencemos ao movimento das Equipas de Nossa Senhora há 27 anos.

Tal como toda a restante família Cristã em Portugal, no fim de semana de 14/15 de março fomos inesperadamente privados da possibilidade de participar presencialmente na Santa Missa. O impacto deste “corte” foi tal, que muitos de nós movimentámo-nos de imediato no sentido de se encontrar uma solução dentro da paróquia para se manter a ligação comunitária, aproveitando as facilidades que a tecnologia actualmente nos disponibiliza. Logo no dia 18 de março, a paróquia fez a primeira transmissão da Eucaristia pelo Facebook (que se mantém ininterruptamente até à presente data). No dia 22 de março a nossa família pôde voltar a reunir-se em celebração eucarística, entregues ao Senhor, e colocando em prática o mais simples conceito de Igreja doméstica – recebendo a Palavra directamente em casa, e alimentando a Fé e a Esperança neste bem maior de nos reconhecermos enquanto Filhos de Deus, em tempos de adversidade, enfrentando a extrema complexidade do ‘desconhecido’ em que de repente nos encontrámos.

As rotinas familiares ficaram ‘viradas do avesso’ pela chegada de conceitos disruptivos tais como: o teletrabalho, as aulas on-line, a impossibilidade de praticar diversas actividades (desportivas, aulas de música, etc.), ou mesmo as habituais ‘escapadinhas’ de lazer. Fechados em casa, o desafio foi grande para conseguirmos dar um ar de alguma normalidade a gestos tão simples como o de estarmos todos ‘decentemente vestidos’ para assistir à Missa na televisão da sala.

Também a catequese não foi esquecida, com os catequistas e os animadores do nosso grupo da Catequese Familiar a organizar encontros on-line para crianças e para pais, inclusivamente com a dinamização das sessões de Escola de Pais previamente programadas para este período. Não foi por estarmos fechados em casa que a nossa prática de Fé ficou em segundo plano!

E assim se foi fazendo caminho, não sem alguns momentos particularmente difíceis, tais como o período da Páscoa, em que nos foi vedada a possibilidade da sua vivência em família alargada. A alegria do anúncio do Cristo Ressuscitado foi celebrada maioritariamente on-line, com o tríduo Pascal via o Facebook da paróquia. Destacamos igualmente, como momento especial de oração e recolhimento, a bênção Papal ‘Urbi et Orbi’, transmitida numa realidade tão distinta, com o Santo Padre ‘completamente só’ na Praça de S. Pedro, a proclamar uma forte mensagem de esperança para toda a humanidade.

Maio, mês de Maria, e a nossa paróquia, com vista a reforçar a rede de ‘família de famílias’, organizou a recitação diária do terço pelo Facebook, com muitas das suas famílias e grupos a abrirem a porta das suas casas para o dinamizar. Assim, ao longo de 30 dias, fomos rezando nas casas de muitos dos nossos irmãos, tendo a família Ramos sido particularmente abençoada pelo convite para ser a anfitriã do dia 3 de maio, Dia da Mãe. A partir da nossa sala, rezámos os 6 com a comunidade, num momento de forte espiritualidade familiar, em que até os mais novos participaram com especial empenho. Este simples gesto de ‘acolhimento digital’ reforçou laços de amizade, permitiu-nos rever caras e ouvir as suas vozes, minorando o impacto do rigoroso distanciamento físico a que estávamos sujeitos. Acima de tudo, trouxe a tão especial força da oração comunitária aos paroquianos isolados nos seus lares. No último dia do mês, a procissão de Nossa Senhora saiu à rua em Linda-a-Velha. E (porque as condições sanitárias não permitiam a sua realização no modelo clássico, transportada a pé e rodeada de todas as famílias que sempre a acompanham nestas visitas) seguiu sobre rodas pelas ruas da paróquia, com direito a transmissão integral directa pela internet, e a um enorme número de manifestações de júbilo pela sua visita, à beira das janelas ou mesmo à porta das casas visitadas.

Dia 7 de Junho a nossa igreja reabriu para a comunidade. Finalmente pudemos voltar, juntos, à casa do Pai. No meio de um conjunto de novas regras sanitárias a imporem o distanciamento, a higienização de mãos e espaços, a utilização permanente de máscaras, e, apesar de todos os receios e de tantos cuidados, ficámos de coração cheio com a normalidade com que tudo decorreu. Esta reabertura permitiu a organização da tão ansiada Primeira Comunhão da nossa mais pequena, com mais 7 colegas seus do 3º ano da Catequese Familiar, numa cerimónia reservada aos membros mais próximos das famílias. Este momento, que decorreu no passado dia 25 de outubro, foi vivido por nós com muita alegria e emoção.

Escrevemos estas linhas acabados de saber que o confinamento regressou. O vírus voltou a alastrar, impondo-se novas medidas de contenção, de forma a não permitir a progressão da COVID-19 em ritmo tão acelerado. Mas nós não nos podemos deixar abalar por estas péssimas notícias! Temos Fé, temos caminho percorrido e temos de nos preparar para o Advento que está prestes a chegar. Não é por acaso que, numa das janelas de nossa casa, o estandarte do Menino Jesus está visível 365 dias por ano. No nosso Lar, na nossa Família, fazemos questão de nos prepararmos para bem acolher o Amor do Deus menino, tentando praticar o perdão e o arrependimento sincero, o respeito, a fraternidade e a Paz: Nesse Amor, somos família Cristã.

texto pela Família Ramos
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