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‘3 DICAS’ – REZAR ONLINE
“Transmissões online das celebrações são uma missão e um serviço para a Igreja”
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O reitor do Santuário de Nossa Senhora da Nazaré considerou que as transmissões online da Missa e do Terço têm sido “uma experiência enriquecedora”, e são “um serviço” que a Igreja tem prestado aos fiéis. “Temos consciência que é uma missão e um serviço para a Igreja. Pessoalmente, tenho consciência que não poderá, naturalmente, substituir a presença física do povo de Deus, mas tal como disse o Papa Francisco é apenas algo que a Igreja está a utilizar para sair do túnel”, observou o padre Paolo Lagata, no ‘3 DICAS’, desta quarta-feira, 6 de maio.

Nesta quarta emissão do programa criado pelo Jornal VOZ DA VERDADE para este tempo de confinamento, e que teve como tema ‘Rezar online’, o padre Paolo começou por assumir “um certo constrangimento” com as transmissões online, porque “não estava acostumado a celebrar através da internet”. Depois, enalteceu o “apoio técnico da Confraria [de Nossa Senhora da Nazaré], com várias câmaras e uma régie”, que tem proporcionado “alguma qualidade de imagem e de som” e que “tem feito toda a diferença”.

Este sacerdote italiano, que é pároco da Pederneira-Nazaré, referiu que as transmissões do Santuário da Nazaré “não são para fazer competição” com outras, mas que se dirigem àqueles que tenham “uma identificação pessoal com o santuário e com a Nazaré”. Segundo o padre Paolo, as transmissões têm chegado não só aos paroquianos, mas também a muitas pessoas que estão “no estrangeiro”, sobretudo “nazarenos que emigraram” para vários países, como “Canadá, Estados Unidos da América, França e Bélgica”. “Tem sido uma grande descoberta”, garantiu. “As transmissões são um serviço para a Igreja, para as pessoas”, reforçou.

Na Nazaré, tal como em muitas paróquias, “a oração do Terço é intensificada durante o mês de maio”. Neste sentido, o Santuário da Nazaré passou a transmitir, neste mês, de forma regular, esta oração mariana. “A transmissão do Terço pela internet é uma oportunidade para juntar as pessoas que estão longe, no estrangeiro, e também os doentes”, frisa. As transmissões online das celebrações é algo que, “certamente, vai ficar para o futuro”, assegurou o reitor do Santuário da Nazaré. “Desejamos que a situação melhore, o mais rápido possível, e possamos voltar a estar juntos, mas é nossa intenção criar um canal no YouTube, onde as celebrações dominicais e todos os grandes eventos que acontecem no santuário, como as festas, a novena, os círios, e outras atividades, mesmo a nível cultural, como concertos, possam também ser transmitidos”, revelou.

Neste ‘3 DICAS’, o padre Paolo Lagata considerou também, “sem dúvida”, que as transmissões online “podem ajudar a aumentar o culto a Nossa Senhora da Nazaré”, que tem em curso uma candidatura a Património Cultural Imaterial da UNESCO, “porque são mais visíveis sobretudo para quem está no estrangeiro”. “O culto tem o seu grande foco no Brasil”, lembrou. “Tem sido uma experiência de comunhão, através das redes sociais, que tem dado a conhecer não só a beleza do santuário, do ponto de vista arquitetónico, mas também a presença espiritual do culto, que está espalhado por mais de 200 paróquias em todo o mundo. Tem sido um fator positivo para fortalecer esta união entre todos os santuários e igrejas de Nossa Senhora da Nazaré espalhados pelo mundo”, terminou o reitor do Santuário da Nazaré.

 

“iVangelho vai manter-se, agora numa versão simplificada”

O tempo de confinamento marcou também o regresso do iVangelho, um projeto da Paróquia de Monte Abraão que publica, todas as semanas, um vídeo com o comentário ao Evangelho de cada Domingo. Presente no ‘3 DICAS’, Pedro Jesus garantiu que “foi amargo o projeto ter estado parado três anos”. Durante esse tempo, “diversas pessoas foram perguntando por novos vídeos”. Uma situação que levou os responsáveis pelo iVangelho “a refletir”. “Em conversa com o padre Abel [Ferreira, pároco], desafiámo-nos um ao outro e decidimos retomar o projeto, de uma forma mais simples, porque a complexidade que tinha foi o que levou à suspensão”, revelou.

O iVangelho regressou “no Facebook”, durante “a Semana Santa e a Páscoa”, conforme o Jornal VOZ DA VERDADE noticiou, e depois foi retomado “o canal no YouTube”. “Brevemente, vamos repor o site”, anunciou este responsável, sublinhando que este período “tem sido muito interessante” pelo retorno que tem tido por parte “das pessoas”, que dão “um bom regresso” e dizem que “já fazia falta”.

O iVangelho nasceu para explicar o Evangelho às crianças e adolescentes. Passados seis anos, é um projeto que “já chega” a todas as idades, segundo Pedro Jesus. “Temos jovens e adolescentes a ver, mas sabemos que há muitos catequistas que utilizavam o iVangelho, tal como colégios que o usavam na oração da manhã, o que era muito reconfortante. Mas as pessoas de meia idade, entre os 30 e os 50 anos, são os que mais veem estes vídeos. Esta é uma forma de comunicar que permite chegar a todos”, revelou.

Questionado sobre se quando regressarem as celebrações comunitárias com a presença de fiéis o iVangelho vai manter os vídeos semanais, este responsável referiu que a pandemia foi “uma motivação adicional” para retomar este projeto. “As palavras de Jesus de há dois mil anos são uma verdade todos os dias, independentemente de estar fechado em casa ou ter liberdade no meu dia a dia. O iVangelho não substitui a Eucaristia, nem uma homilia, mas penso que é algo para manter, na sua essência da explicação do Evangelho, agora numa versão muito mais simplificada, para que possamos oferecer o Evangelho a todos”, respondeu.

 

Em direto, para “continuar na vida das famílias e dos paroquianos”

Todos os dias, o padre José Luís Costa, pároco de Paço de Arcos,  marca presença, em direto, no Facebook, para dois momentos de reflexão: ‘Padres da Igreja’, da parte da manhã, e ‘O tesouro escondido’, ao final da tarde. Em tempo de confinamento, a ideia foi “fazer um pouco mais” do que as transmissões das Missas dominicais, aproveitando o que o sacerdote “já fazia” na sua rotina pessoal diária, em especial com “o Ofício das Horas”. “O que me limitei a fazer foi agarrar no meu iPhone, comprar um tripé antes do confinamento, e começar a ler a segunda leitura do Ofício, de uma forma cuidada, fazendo uma pequena introdução à Palavra”, explicou. O princípio desta iniciativa, segundo referiu, era “ter relação com a comunidade”. “Não fiz isto com o objetivo de dar a volta ao mundo, mas que o pároco pudesse continuar na vida das famílias e dos paroquianos de Paço de Arcos”, observou.

Segundo o padre José Luís, esta leitura do Ofício das Horas, de manhã, demora “cerca de quatro/cinco minutos”, feita “de uma forma calma”, e é complementada com “a introdução e um desafio do dia, muito simples”. À tarde, este sacerdote aproveita “a leitura espiritual” que também já fazia. “Na altura do início da pandemia, estava a ler o texto do Tolentino ‘O tesouro escondido’ e decidi dar o título a esse momento. São quatro/cinco minutos, não mais do que isso, fazendo por vezes também alguma introdução e uma palavra de proximidade com a comunidade”, expôs. “São momentos simples, mas que para a comunidade paroquial têm gerado uma rede de presença, que tem sido profícua e, ao mesmo tempo, muito consistente e muito alimentante para mim, já que algum feedback que vou tendo permite-me avaliar um pouco como as pessoas vão estando”, acrescentou.

Estas duas transmissões diárias, bem como a celebração da Missa online e outros momentos de oração como o Terço, têm chegado a novos ‘públicos’. “Espantosamente, temos gente que fala de Inglaterra, da Suíça, de França, que eu não estava à espera… alguns deles com raízes na paróquia, e que voltam-se a religar, outros que fizeram parte das minhas redes de proximidade e por vezes até pessoas que não tinham propriamente uma referência e apenas pelo quadro temático vieram cá dar”, manifestou o sacerdote, dizendo-se mesmo “espantado” como há tanta gente que “tira cinco/dez minutos do seu tempo” para “escutar aquilo que poderiam ter acesso de outra forma”. “Para mim tem sido um espanto e ao mesmo tempo um sinal da ação do Espírito nestas coisas que surgem de uma forma tão espontânea e depois ganham um determinado peso e valor”, sublinhou.

Sobre a experiência de rezar online com a comunidade que lhe está confiada, o padre José Luís Costa garantiu ser “um desafio de fé”, até porque toda a sua “formação” foi feita “a pensar em ter pessoas de carne e osso” à frente. “Este desafio de olhar a câmara e tentar colocar do outro lado um conjunto de pessoas, que eu conheço e sei que me ouvem, mas também uma infinidade de gente para a qual eu não sei se estou a ser um bom mediador da experiência crística que somos chamados a viver, a interpretar e a passar, é sempre um desafio de fé”, testemunhou o pároco de Paço de Arcos, na Vigararia de Oeiras.

 

Rezar e juntar a comunidade

Logo no início do confinamento, em março, o Movimento Juvenil de Massamá iniciou a oração diária online do Terço, através do YouTube, pedindo o fim da pandemia. “Desde o início, sentimos que precisávamos de rezar e de juntar a comunidade”, afirmou André Ribeiro, animador deste movimento, durante o ‘3 DICAS’. A proposta de rezar o Terço foi copiada da Missão País, segundo referiu, que “estava a reunir muitos jovens pelo Zoom e por outras aplicações online”. Esta nova iniciativa, segundo este jovem, cresceu “de uma forma exponencial”. “Começámos com uma coisa simples, com a Mãe Peregrina e uma vela, e só depois tivemos um altar, e a comunidade começou a aderir”, referiu este jovem, sublinhando que, neste momento, são “mais de 50 episódios a rezar o Terço juntos”. “Não sabíamos que íamos ter esta adesão toda, o feedback tem sido muito positivo e temos conseguido sempre ter pessoas diferentes a rezar o Terço, todos os dias”, assegurou.

O Movimento Juvenil de Massamá tem conseguido também “levar a Eucaristia online às pessoas”. “Propusemos ao padre Luís Cláudio [pároco] transmitir as Missas da Páscoa e depois disso temos transmitido a Eucaristia todos os Domingos”, salientou, referindo também que durante este mês de maio, aos sábados, alguns destes jovens, “poucos”, vão rezar na igreja com a imagem de Nossa Senhora, num momento que é também transmitido em direto pela internet.

Segundo André Ribeiro, o isolamento social veio impulsionar os momentos de oração “não só do grupo de jovens, mas também de todas as comunidades da paróquia”. “Trabalhamos todos em conjunto para proporcionar um momento para a comunidade”, enalteceu. “Não podemos estar parados, como nos diz o Papa Francisco”, acrescentou.

Este animador do Movimento Juvenil de Massamá considerou ainda que as iniciativas online mostram a “criatividade e perseverança” da Igreja, e que, em termos de pastoral juvenil, podem até fazer “aumentar a fé”. “A pastoral juvenil tem que aproveitar estes momentos, porque somos uma geração de internet e, nestes momentos de quarentena, ainda podemos aproveitar mais para ligarmo-nos online e continuarmos a trabalhar o caminho para Jesus”, desejou André Ribeiro.

 

As ‘3 DICAS’

Nesta emissão dedicada a ‘Rezar online’, foi o padre José Luís Costa quem deixou as três dicas.

- 1.ª DICA: “Manter o que combinarmos fazer. O facto de o fazermos ciclicamente, à mesma hora, com o mesmo enquadramento, funcionará com certeza e criará um público que se vai fidelizando e relacionando connosco.”

- 2.ª DICA: “Que nestes espaços, a vida concreta possa ser rezada. As realidades nas quais a nossa comunidade vive, fazer-se ela própria oração. É importante fazer chegar a oração ao concreto da nossa vida.”

- 3.ª DICA: “O livro ‘Padres do deserto - Palavras do silêncio’. É um texto que me acompanha de há três anos para cá, com pequenos pensamentos, do século terceiro/quarto, que podem dar jeito para estes curtos momentos de encontro online, que não podem ser cansativos.”

O ‘3 DICAS’ regressa na próxima quarta-feira, 13 de maio, às 14h30.

 

texto por Diogo Paiva Brandão
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