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Escola de Pais - I
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Neste mês e nos que se seguem, o serviço da Pastoral da Família propõe fazer um caminho que ajude as famílias no discernimento dos desafios do dia-a-dia e no embate com a complexidade da sociedade contemporânea.

Assim, nos próximos três números do Familiarmente vamos focar a nossa atenção no âmbito da Educação dos nossos filhos, com uma série que poderá ser tomada como “Escolas de Pais”, onde vamos publicar alguns artigos, dicas e testemunhos que possibilitem estarmos certos dos frutos de um caminho educativo vivido com uma proposta à luz da Fé e promotora da Liberdade responsável.

O Papa ao longo da Exortação Apostólica Amoris Laetitia (A Alegria do Amor - Capitulo VII) expressa bem essa urgência em assumirmos como Pais a responsabilidade educativa dos nossos filhos e a intrínseca positividade de uma proposta de Fé no crescimento de crianças e jovens.

“O que interessa acima de tudo é gerar no filho, com muito amor, processos de amadurecimento da sua liberdade de preparação, de crescimento integral, de cultivo da autêntica autonomia.” (Amoris Laetitia 261).

“A educação envolve a tarefa de promover liberdades responsáveis, que, nas encruzilhadas, saibam optar com sensatez e inteligência; pessoas que compreendam sem reservas que a sua vida e a vida da sua comunidade estão nas suas mãos, e que esta liberdade é um dom imenso.” (Amoris Laetitia 262)

 E o Papa pergunta-nos ainda se: “Procuramos compreender “onde” os filhos verdadeiramente estão no seu caminho? Sabemos onde está realmente a sua alma? E, sobretudo, queremos sabê-lo?” (Amoris Laetitia 261)

 

Nestas Escolas de Pais, vamos aprofundar a necessidade de fazer este caminho educativo com uma proposta de Fé vivida e testemunhada na oração e na vida Missionária da Família. É esta forma de viver o Cristo ressuscitado na realidade quotidiana, que tem mais força evangelizadora do que todos discursos.

Por outro lado, vamos também abordar o papel da família no tempo livre dos nossos filhos, falando com carinho e simplicidade das coisas importantes e com propostas de beleza para esses tempos. Evitando, assim, entregar a educação dos nossos filhos nos seus tempos livres totalmente a terceiros, com propostas frequentemente nocivas que entram através dos écrans.

 

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Educar com uma proposta

Quando dizemos que temos quatro filhos, sabemos bem que, na realidade, nenhum deles nos pertence. Esta realidade de um filho ser um “outro” transforma a nossa intervenção educativa não na imposição de um modo de vida, mas numa proposta.

Na infância, os nossos filhos, e as crianças em geral, confiam nos pais. É natural para elas aderirem a tudo os que lhes pedimos porque sabem e sentem que queremos o bem delas. É ainda mais evidente que aderem às nossas propostas quando lhes pedimos que façam o que fazemos e, de preferência, que o façam connosco.

 

Mas isto que é uma enorme vantagem, traz a mesma medida de responsabilidade. A exigência de estar à altura do que queremos mostrar sobre nós e do que pedimos a cada um dos nossos filhos requer uma auto educação rigorosa e exigente. A mensagem não passa se não for por nós vivida!

Para criar as condições para que os nossos filhos façam aquilo que nós também fazemos, a proposta educativa que temos para eles é o nosso próprio estilo de vida. Trata-se de fazer transparecer em todas as dimensões na nossa vida, os valores porque nos regemos e as opções e propostas que os refletem.

Procuramos que o nosso estilo de vida seja marcadamente católico e muito mariano. Jesus e Nossa Senhora têm que ser presenças assíduas e participante do dia a dia da família. Porque temos como ideal que devemos, através de Nossa Senhora, levar Jesus aos outros, esta missão, assumida em casal, tem que tocar todos as áreas da vida. Assim, queremos que esse propósito seja uma marca na forma como educamos os filhos, como definimos as nossas prioridades, como gastamos o nosso dinheiro ou como usamos os tempos livres, como rezamos, que os rituais de família vamos consolidando, o apostolado que fazemos. Em tudo isto tentamos que os nossos filhos estejam envolvidos ou percebam o que fazemos e porque fazemos.

Para que se perceba melhor o que dizemos, damos alguns exemplos que funcionaram bem na nossa família. O ritual de oração da manhã, conduzido por todos e dividido por dois carros, sempre marcou o ritmo da família. Com isto todos aprendemos a entregar o dia, partilhar intenções e agradecer a nossa vida.

Outro marco importante da vida da família é a presença, durante todo o ano, do presépio colocado em lugar central da nossa sala. Desta forma, os nossos filhos criaram uma ligação importante à Sagrada Família. O mais velho, ainda antes dos três anos, chegou ao ponto de tratar São José por “Pai Zé”, nome que foi adotado por toda a família.

Em relação ao nosso apostolado, por exemplo, quando eles eram muito pequenos foi-nos proposto acompanhar grupos de namorados. Foi muito importante que essas reuniões tenham decorrido quase sempre em nossa casa, porque lhes deu oportunidade de ver o que estávamos a fazer quando dizíamos que era um trabalho “de Jesus”. Mais tarde começámos a perceber que era importante envolvê-los numa atividade de apostolado em que pudessem estar. Nessa altura fomos convidados para acompanhar um campo de férias católico. Tem-se revelado uma experiência de família muito rica, porque todos temos um papel a desempenhar, percebendo os nossos filhos que, apesar da idade, também são chamados a dar testemunho de vida com Jesus.

A educação dos nossos filhos, como qualquer outro projeto, tem como ponto de partida uma resposta à questão fundamental do “para quê?”, ou seja, o que é que nós, como pais, pretendemos quando educamos cada uma das crianças que nos foram confiadas. E a resposta, em última análise, acaba por ser simples, embora tremendamente desafiadora e, na verdade, com um propósito que sabemos que vai muito para além das nossas capacidades: educamos para o Amor de Deus, para a santidade de cada um dos nossos filhos e, neste processo educativo, também para a nossa própria santidade, enquanto aceitação da vocação e missão da nossa paternidade.

Bárbara e António Noronha de Andrade

 

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O Advento como uma proposta de reinício

No meio da confusão que já se sente no ar com os catálogos de brinquedos a entrarem pela casa e as superfícies comerciais a começarem a vender o Natal, agora que o estranho Halloween já acabou – esperemos que sem deixar marcas –, pode passar ao lado de muitos, até de católicos praticantes, que um homem e uma mulher grávida montada num jumento estão a ir em direção a Belém.

Este caminho que está a ser percorrido é, nos dias de hoje, a oportunidade para prepararmos a nossa casa (pessoal e em família) e nosso coração para os recebermos e celebrarmos o nascimento de Jesus.

O Advento é esse caminho, é esse tempo. O tempo da espera, mas também da vinda, o tempo da chegada.

Como este é o nosso último número do familiarmente antes do início do Advento, queremos desde já propor que as quatro semanas antes do Natal, a começar no dia 1 de dezembro, sejam para todas as famílias um momento de oração e pedido de conversão em direção ao nascimento de Jesus.

Alguns gestos ajudam a ter presente o caminho que vamos percorrer:

1. Coroa do Advento com quatro velas – em cada Domingo a família reúne-se em torno deste símbolo para rezar, e assim viver bem estes dias. Acende-se em cada semana uma das velas, para que, quando todas estiverem acesas, a Luz seja intensa e mostre melhor a proximidade de Jesus Vivo.

2. Há ainda outras propostas simples que se podem fazer em família, por exemplo, visitar um doente; fazer um desenho sobre o advento; ler histórias do advento; fazer um teatro em família, fazer bolachas para oferecer no Natal, ensaiar cânticos para cantar na noite de Natal.

3. Porém, fundamental é fazer o presépio! Um presépio bonito e central, para se tornar um lugar de oração e ajude a lembrar o que é o Natal.

4. Advento é também tempo de oração. Rezar pelo Papa, pelo Patriarca e por toda a Igreja; rezar pelos pobres e por todos os que andam tristes ou desorientados. Dar graças por tudo o que se tem, especialmente pela família. Não nos devemos esquecer de também preparar bem uma confissão, pois também isso é uma forma da família se preparar para o Natal.

E estas são só algumas das propostas. Que este tempo seja de facto um tempo para propormos a oração em família e assim recomeçarmos juntos um caminho.

 

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Notícias


Vinha de Raquel

A Vinha de Raquel é uma obra de misericórdia que visa o acompanhamento espiritual e psicológico a quem passou pela dor do aborto. Partindo do encontro com Jesus, trabalha-se a dimensão psicológica para ajudar a lidar com a culpa, a dor e o luto. Só a graça de Deus pode curar as feridas profundas que ficaram no coração das pessoas, que ao passar por esta terrível situação, se tornaram, também eles, vítimas desta dolorosa e traumática experiência, que é o aborto. Os retiros são acompanhados de Adoração contínua.

Próximo Retiro: 15 a 17 de novembro

Como ajudar: divulgando, oferecendo-se para a Adoração, fazendo um donativo.

Contacto: apoio@vinhaderaquel.org ou 917969041

Saiba mais em: www.vinhaderaquel.org

 

Próximo Familiarmente Escola de Pais dia 8/12/2019

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