Missão |
Maria Alarcão, da Congregação das Escravas do Sagrado Coração de Jesus
“Só uma coisa não desaparece: o Bem que tenhas feito”
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Maria Alarcão nasceu a 22 de Novembro de 1986, em Lisboa. Em 2005, entrou no Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz, onde estudou no Mestrado integrado de Medicina Dentária. Fez várias missões com o Movimento ao Serviço da Vida (MSV). Em 2010, entrou na Congregação das Escravas do Sagrado Coração de Jesus.

Maria nasceu e cresceu num ambiente católico, “mas não passava muito de ir a catequese e à Missa”. Quando fez 18 anos, recebeu o sacramento do Crisma, no CUPAV (Centro Universitário Padre António Vieira, em Lisboa), “o que veio a ser um dos pontos de viragem na minha vida”. “Com esta oportunidade de formação e preparação, comecei a perceber que a Igreja era algo mais que um edifício, que Deus era Alguém com quem eu podia ter uma relação pessoal e que ser cristã é muito mais do que ser boa pessoa. Foi um momento chave, de abertura do meu coração a um Deus pessoal e relacional. Nesse mesmo ano, integrei um grupo de oração e voluntariado, o MSV (Movimento ao Serviço da Vida), onde pude continuar a aprofundar esta primeira aproximação”, partilha.

 

Abrir horizontes

Sobre a sua experiência com o MSV, partilha: “Estive três Verões no Brasil (projetos de dois meses) e, embora cada um tenha tido a sua particularidade na minha história com Deus, acho que o primeiro foi o que mudou a minha vida para sempre. Éramos uma comunidade de quatro pessoas. Partimos para Barreiras, no noroeste do Estado da Bahia, sem saber muito bem o que íamos fazer... Mas com o coração cheio de vontade de servir e de encontrar a Deus. E, ao longo das semanas, encontrei-me com uma realidade completamente diferente da minha, que me tocou profundamente pela sua pureza e simplicidade, mas também pela sua dureza e exigência. Por isso, falo de ‘abrir horizontes’... Foi uma primeira experiência de sair da minha ‘bolha’, onde tudo me era dado sem pensar muito, e começar a reconhecer Deus e o seu amor no meio de pessoas e realidades completamente novas. E mais que novas, difíceis. E aqui começa o Mistério. Como é possível reconhecer e experimentar Deus no meio do desconhecido, da pobreza, da pouca dignidade?! Não me posso esquecer da Viviane que, com 19 anos (a minha idade na altura), e já estava à espera do terceiro filho. Mãe solteira, vivia numa casa de barro, com muita responsabilidade às costas, mas não hesitou em abrir a porta quando por lá passámos. E ao deixar-nos entrar em casa, deixou-nos entrar na sua vida, no seu coração, nas suas preocupações e alegrias. Esta não é nenhuma história fantástica nem única e eu, não pude ‘fazer’ nada para mudar a situação, mas a verdade é que Deus se serviu da Viviane e da sua família e de tantas outras pessoas para tocar o meu coração e a minha vida de uma maneira completamente surpreendente para mim.”

 

Abrir a vida

A partir do verão de 2006, conta que o “desejo de conhecer mais intimamente a Deus, de O servir, de colaborar com Ele” foi crescendo: “Em 2008, fiz Exercícios Espirituais na Vida Quotidiana, com as Irmãs Escravas do Sagrado Coração de Jesus. Esta experiência de oração diária foi muito especial, pois a relação com Deus passou a ser algo vivido no meu dia-a-dia normal (no meio da faculdade, namoros, voluntariados, amigos, saídas a noite, vida de família...) e não somente em momentos pontuais ou fora do meu ambiente quotidiano. Pouco a pouco, ia tomando consciência da presença constante e amorosa de Deus e que me ia convidando a abrir a minha vida diante d’Ele e como Ele. A experiência do Brasil ia-se encarnando na minha vida normal e os verões já iam parecendo pouco nesta minha resposta. E, como se pode imaginar, não somos estudantes universitários para sempre e é preciso tomar opções. Se tivesse que resumir todas as minhas perguntas numa só seria: Onde/Como posso ser mais eu, mais de Deus e mais para os outros? O magis inaciano aparecia e voltava a aparecer. Não numa dinâmica de perfeccionismo, mas de um profundo desejo de encontrar e de viver desde a vontade de Deus, sabendo que essa é a que me vai conduzindo até à felicidade. Depois de alguns anos de discernimento e acompanhamento espiritual, muitas perguntas e poucas certezas, a confiança de que Deus me chamava a consagrar-me a Ele foi crescendo até ao momento em que decidi entrar na Congregação das Escravas. Desde então, já passaram 9 anos. Alguns anos de noviciado, outros anos de estudos e, agora estou num tempo mais concreto de missão: em Bournemouth, no sul de Inglaterra. Durante estes 9 anos, fui crescendo, mudando (de cidade, de missão, de comunidade...), mas permanece esta alegria de viver disponível para os outros e de ser lugar de descanso para tantas pessoas com que me fui cruzando. E concluo com uma frase de Santa Rafaela Maria (fundadora das Escravas do Sagrado Coração de Jesus) que resume tudo o que disse anteriormente e também o que não fui capaz de transmitir: ‘Só uma coisa não desaparece: o Bem que tenhas feito’.”

texto por Catarina António, FEC | Fundação Fé e Cooperação
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