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Campanha da Misericórdia. Gestos que podem fazer toda a diferença.
A compaixão vai de férias?
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O Papa Francisco desafiou os Cristãos, através da Fundação AIS, a fazerem gestos de misericórdia, a moldarem o mundo com a ternura de Deus. “Precisamos de dar a mão, de acariciar, de cuidar uns dos outros…” diz o Santo Padre. Agosto é mês de férias por excelência. O que significa isso para os Cristãos?

 

“A misericórdia é a carícia de Deus!”, diz o Santo Padre. Na prática, agora que estamos em Agosto, quando muitas famílias vão de férias, que significado têm as palavras do Papa Francisco? “Quero pedir a todos os homens e mulheres de boa vontade de todo o mundo para que se faça uma obra de misericórdia em cada cidade, em cada diocese, em cada associação”. E diz mais: “Nós, homens e mulheres, precisamos da misericórdia de Deus, mas também precisamos da misericórdia uns dos outros e de não fazer tantas guerras”. O desafio do Santo Padre não tem prazo de validade nem se destina apenas a alguns. “Não tenham medo da misericórdia: a misericórdia é a carícia de Deus.” E agora? Atarefados que estamos a arrumar as malas, a planificar viagens, a gozar uns dias de férias, como vai ser? Será que guardamos um pouco de nós para os outros?

Para todos os que estiverem disponíveis a ajudar, a Fundação AIS dividiu esta iniciativa, a campanha ‘Seja a Misericórdia de Deus’ (‘BeGodsMercy’), em quatro grandes áreas: necessidade, lugares, apóstolos e frutos de misericórdia. Não é um catálogo, mas quase podia ser. Veja em www.aismisericordia.org e descubra onde pode fazer a diferença.

 

Necessidade de Misericórdia

O Paquistão é um país em que a esmagadora maioria da população é Muçulmana, e em que os Cristãos, sendo uma ínfima minoria, atravessam tempos difíceis: sofrem discriminação e até violentas perseguições. A lei da blasfémia, por exemplo, tem sido usada para a incriminação de cristãos e de membros de outras minorias religiosas… Um dos projectos apoiados pela Fundação AIS procura ser semente de paz e diálogo. Fundado em 2010, o Centro de Paz, em Lahore, organiza programas de formação e apoio pastoral com o objectivo de promover precisamente o diálogo inter-religioso, a reconciliação e a coexistência pacífica. Os cristãos que participam nas actividades do Centro de Paz de Lahore sentem que há muitos muçulmanos que estão com eles e que levantam a sua voz para defender a sua dignidade e os seus direitos. Estes encontros ajudam a que uns e outros se entendam e respeitem, o que facilita a convivência em harmonia e paz. O Centro precisa de obras e as obras precisam de dinheiro…

 

Lugares de Misericórdia

Para muitos milhares de pessoas em todo o mundo, há casas, hospitais, centros de saúde, cantinas… que são verdadeiros portos de abrigo para pessoas que perderam tudo o que tinham. Às vezes até a própria família. São pessoas de mão estendida na nossa direcção. A Fundação AIS apoia projectos solidários no Líbano, junto dos refugiados de Alepo, Homs ou Damasco, por exemplo. Mas também na Eslováquia, na Zâmbia. Ou na Colômbia. O Padre Andrés Jaramillo sonhou que a Igreja haveria de providenciar um hospital para a Colômbia que fosse um espaço de refúgio para todos os que sofreram a violência da guerra. Nasceu assim a “Fraternidade do Sagrado Coração”, que é como que um lugar de consolação para desesperados, feridos, para quem sofre na alma. A irmandade do Padre Andrès precisa agora de ampliar este espaço. Os benfeitores e amigos da Fundação AIS são convidados a ajudar no financiamento do rés-do-chão deste projecto.

 

Apóstolos da misericórdia

São apóstolos da misericórdia todos os que dedicam a sua vida ao serviço dos outros, alimentando os pobres, curando os doentes e consolando os tristes, rezando por eles e apoiando-os. Muitas vezes, arriscando até a própria vida. É o caso das catequistas na Diocese de Jos, na Nigéria. Percorrendo trilhos e estradas acidentadas, estas mulheres procuram levar a Palavra de Deus e também alguma ajuda concreta às muitas aldeias disseminadas na região. Há cerca de 10 anos, a Fundação AIS providenciou-lhes uma camioneta que serve para transportar coisas e pessoas. É, muitas vezes, o único “transporte público” na região. Ao fim de milhares de quilómetros, é preciso outro veículo, pois a camioneta está quase sempre avariada. Mas a diocese é muito pobre. Projectos, no entanto, não faltam. As catequistas estão também empenhadas em acções de formação para as mulheres nigerianas, por exemplo. Há muito a fazer para a promoção social dos Cristãos nesta região tão massacrada com os atentados terroristas do Boko Haram. Mas, sem camioneta, como vão elas chegar até às 43 paróquias de Jos?

 

Frutos de misericórdia

No Norte do Iraque existe uma clínica cujo trabalho não passou despercebido ao Papa Francisco. Trata-se da Clínica de São José, em Erbil, que presta auxilia a cerca de 3 mil pessoas. A maior parte dos que são ajudados nesta clínica fazem parte das cerca de 12 mil famílias cristãs que tiveram de fugir das suas casas de Mossul e da planície de Nínive em Agosto de 2014, quando os jihadistas invadiram essa zona do Iraque. A pequena Clínica de São José presta-lhes cuidados médicos e as portas estão sempre abertas para todos os que precisam de ajuda. Mas as dificuldades são muitas. Os medicamentos são extremamente caros e foi por saber isso que o Santo Padre teve a generosidade de enviar um donativo pessoal, através da Fundação AIS, para esta clínica. Sem outra fonte de financiamento que não seja a generosidade dos Cristãos em todo o mundo, os responsáveis da Clínica de São José pedem-nos ajuda para continuarem de portas abertas.

 

“A misericórdia é a carícia de Deus”. Qualquer pessoa pode ajudar a construir um mundo melhor. Qualquer um de nós pode deixar a sua marca na história da humanidade. Quando o Papa Francisco nos desafia a fazermos gestos de misericórdia no mundo, não pede para sermos heróis, nem super-homens ou super-mulheres, nem sequer para mudarmos radicalmente de vida. Pede apenas para estarmos atentos aos outros, às suas necessidades mais básicas. Pede apenas para não sermos indiferentes ao sofrimento dos outros. Todos nós podemos fazer a diferença nesta Campanha da Misericórdia. Basta querermos.

texto por Paulo Aido, Fundação Ajuda à Igreja que Sofre
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