Editorial |
P. Nuno Rosário Fernandes
A informação faz-se impressão
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Há uma semana atrás fomos todos surpreendidos com a brutalidade, para nós, injustificada, dos atentados perpetrados na cidade de Paris, em França. Confesso que, quando à hora de jantar ouvia as primeiras notícias avançadas pela televisão em Portugal, acerca de um tiroteio num restaurante parisiense, o meu primeiro pensamento remetia-me para mais uma criatura desequilibrada que, como vamos assistindo com alguma frequência, teria resolvido ‘acertar contas’ abrindo fogo sobre pobres inocentes. Os desenvolvimentos foram chegando e as notícias clarificando tratar-se de um atentado, ou melhor, de vários atentados em lugares públicos, onde estariam inúmeros anónimos. As antenas versam para Paris, os diretos começam, os contactos via telefone trazem os primeiros dados, a procura da informação inicia, porque era preciso perceber quem estava, quem foi vítima, o que aconteceu de facto, onde aconteceu, porque aconteceu e como aconteceu. No fundo, as perguntas habituais da velha regra jornalística acerca da formulação da notícia. É importante informar, com rigor, com clarividência e, sobretudo, com ética.

Nas redes sociais, o mais rápido e talvez mais eficaz meio de comunicação em situações de emergência e de crise, despoletaram-se campanhas de apoio. À distância, ia sendo possível, por esses meios, comunicar a situação e a condição de cada um. Pessoalmente, pela rede, eu próprio tive notícias de amigos que vivem em Paris que percebi ilesos e manifestavam grande apreensão pela situação.

No dia seguinte, os enviados especiais dos órgãos de comunicação começam a ‘cair’ em Paris. É preciso estar no lugar do acontecimento, sentir e transmitir o ‘cheiro’ da notícia. O fervor da notícia move e leva a fazer milhares de quilómetros. Até porque, cada um tem a sua perceção diferente do acontecimento, e um mesmo público tem a possibilidade de conjugar todas as informações que vão chegando. Exploram-se todos os cantos da notícia, entra-se no mais fundo das emoções, porque é preciso informar. Em jeito de revista cor-de-rosa, descobrem-se exclusivos, mesmo que não sejam essenciais para fazer informação. Pelo contrário, denunciam uma falta de sensibilidade pelos que sofrem, seja por que motivo for. Sinceramente, considero que a informação, hoje, vai longe demais e ocupa demasiado tempo. E em vez de se fazer informação faz-se impressão.

No entanto, este é o mundo real onde habitamos. E a informação traz-nos, todos os dias, essa realidade, com maior ou menor pormenor, com mais ou menos qualidade. Um mundo onde a guerra existe porque se rejeita a paz; onde o ódio existe porque se rejeita o amor; onde o mal existe porque se rejeita o bem, que é Deus. Neste mesmo mundo quer habitar um Rei que, sem armas, pode reinar e não precisa da economia para o fazer.

 

P. Nuno Rosário Fernandes, diretor
p.nunorfernandes@patriarcado-lisboa.pt

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