Editorial |
P. Nuno Rosário Fernandes
Fé no Matrimónio
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Termina neste Domingo o Sínodo dos Bispos sobre a família e, neste momento, quando escrevo estas linhas que não se esgotam aqui, ainda não há conhecimento sobre aquela que será a mensagem final. Fazem-se projeções, prognósticos, alimentam-se expectativas. Durante três semanas foram-nos comunicando pressões, tensões, especulações, atitudes contrastantes com o ambiente iluminado e inspirado pelo sopro sagrado que, com toda a certeza, terá deixado a sua marca.

A preocupação em torno de uma célula da sociedade, hoje tão mal tratada, descuidada e desvalorizada pelo Mundo em prol, muitas vezes, de uma procura de laços com nós fáceis, de consumo próprio e egoísmos retraídos, esteve em debate no ‘hemiciclo’ dos bispos.

Desta reflexão, entre outras notas, constata-se que é necessária maior e melhor preparação para a vida em Matrimónio. Porque, será que a maior parte dos casais sabe, de facto, o que está a celebrar? Estarão preparados para o assumir?

Não quero correr o risco de julgar mas, talvez também por responsabilidade minha enquanto padre, vou também eu constatando que muitos casais não têm a devida noção da dimensão do Sacramento que celebram. O Matrimónio é o casamento na igreja, porque tem de ser assim, ou porque não fazia sentido de outra maneira, pela tradição, para satisfazer uma vontade conjugal, ou apenas porque sim. A consciência do significado da aliança matrimonial, tantas vezes não existe, e a procura da satisfação ou do bem-estar e realização pessoal, sobrepõe-se ao que deve ser um projeto a dois, na partilha do amor desinteressado para fazer o outro feliz, enfrentando, juntos, o que são as dificuldades da vida com tudo o que essas podem trazer. A graça do Sacramento manifesta-se na vida conjugal, pela fé. Mas será que a fé está verdadeiramente presente naqueles que prometem amar-se e respeitar-se para toda a vida, para sempre? A condição ‘para sempre’, nos dias de hoje, quando a sociedade de consumo apela ao que é descartável, terá muita dificuldade em impor-se. E se não for pela fé, por acreditar no que é um projeto de Deus, a resposta a um chamamento, vocação, tudo será muito mais difícil, ou até mesmo impossível de viver. Porém, há exemplos gratificantes de um ‘recebo-te para sempre’ feliz. E cada um de nós conhecerá exemplos assim.

Hoje, cada vez mais, o Matrimónio acontece depois de uma vida em comum de alguns meses, ou até de anos, e o Sacramento torna-se o formalizar de uma relação que até já pode ter os seus frutos. No caminho já existe experiência de vida, luta pela sobrevivência da família, busca de sonhos e projetos a dois. São, inclusive, compromissos sérios mas aos quais não foi dada a tonalidade sacramental. Será por não se acreditar no Matrimónio? Gostar-se-ia que o Sacramento fosse algo de diferente? À imagem de quem?

As consciências são muito diferentes, mas a essência do Matrimónio e a doutrina que o rege, essas serão sempre as mesmas. O Papa Francisco já afirmou isso mesmo, dando a entender que o Sacramento não vai mudar. A proposta que a Igreja faz é conhecida. Quem tem fé para a seguir?

 

P. Nuno Rosário Fernandes, diretor
p.nunorfernandes@patriarcado-lisboa.pt

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