Editorial |
P. Nuno Rosário Fernandes
As estórias que ficam por contar
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Estamos a iniciar este novo ano pastoral e o Jornal Voz da Verdade, depois do merecido tempo de férias, já retomou o seu ritmo normal de publicação. Fizemos pequenos ajustes gráficos e de conteúdo com o objectivo de melhorar, sempre, um pouco mais. Como é hábito trazemos muitas histórias para contar. Umas contam-se pela sua própria vida testemunhada, outras pela vida que a narração lhe pode dar mas, no essencial, está presente o rigor, a verdade, a seriedade jornalística, o olhar cristão, a construção da vida e de uma sociedade que se quer mais leal, justa e aberta ao amor que vem de Deus.

É esse amor que vem de Deus e que se manifesta em tudo aquilo que somos que hoje venho testemunhar. Um amor que se apresenta em todos os momentos da vida mas de uma forma ainda mais significativa nos momentos de dor.

No primeiro jornal desta ‘rentrée’ estava previsto assinar um editorial que agora pretendemos que seja semanal, e ainda contar outras histórias vividas nestas férias. Porém, na missão que, também, assumo como pároco na cidade de Lisboa, em vésperas de fecho da edição, fui chamado a uma vivência difícil, pela novidade dos acontecimentos na vida de um padre e da respectiva comunidade paroquial.

Conforme alguns meios de comunicação noticiaram, na viagem para uma semana missionária que iria decorrer em Dornes, Ferreira do Zêzere, alguns dos nossos jovens tiveram um acidente de viação que vitimou mortalmente a nossa Carolina. Sentimos dor no coração pelos seus 19 anos, por ser filha única, por ser uma ovelha daquele vasto e belo rebanho que o Senhor colocou na minha vida.

Mas a fé faz-nos ver os acontecimentos com um olhar diferente e com um sentido de esperança e de uma gratidão muito grande pelo dom da vida de quem se dá ao serviço dos outros. A Carolina deu-se em missão.

Assim, crescemos com estes momentos e aprendemos a reconhecer os dons de Deus com maior simplicidade e humildade. Aprendemos a ser pobres diante do Pai que nos ama com o Seu imenso amor e a aceitar a vida que nos é dada com todas as fragilidades. Mas descobrimos o quanto a dor e o sofrimento unem corações, mesmo desiguais.

Como padre, nesta situação, cabe-me apoiar, rezar, estar próximo, amar e ser a presença de Jesus que ama e que também chora. Como pastor também se verteram lágrimas por ver uma jovem ovelha partir mas, sobretudo, por aquelas que sofrem a dor da partida ou da inocente culpa. O pastor chora com os seus, fazendo-se um na dor. ‘Bem aventurados os que choram porque serão consolados’.

Obrigado Senhor, pela vida da Carolina e porque nos ensinas a viver cada vez mais enraizado em Ti. Obrigado a todos os que naqueles dias manifestaram a amizade, a proximidade e o conforto com palavras ou gestos a todos os que vivem a dor. A comunidade paroquial une-se em ação de graças e louvores que se elevam como nuvens de incenso. Bem haja.

A vida em Deus é um dom de amor.

 

P. Nuno Rosário Fernandes, diretor
p.nunorfernandes@patriarcado-lisboa.pt

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