Vida Consagrada |
Ano da Vida Consagrada
Bíblia e Vida Consagrada
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Jeremias é uma das figuras mais intensas de vida incendiada pela Palavra de Deus. E, também por isso, será sempre figura de proa da Vida Consagrada. Mas a Sagrada Escritura apresenta-nos muitas outras referências que nos ajudam a compreender e a valorizar a Vida Consagrada.

 

Nazîr (plural nezirîm) é o termo hebraico para definir o consagrado. Na Bíblia aparece inúmeras vezes, com a indicação de que são (devem ser) sempre serenos e pacíficos, passivos e recetivos, testemunhas da Presença, da Palavra e da Bondade de Deus, para quem devem remeter sempre, com clara transparência, e são chamados a manter sempre viva na Terra Prometida a espiritualidade do deserto, nunca se deixando contaminar pelas coisas e pelo consumismo.

Neste sentido, deve ser clara a dedicação dos consagrados ao serviço qualificado da Palavra de Deus, que devem saber religiosamente escutar e ousadamente transmitir. Mas a Bíblia traz-nos ainda uma bela e importante fundamentação da Vida Consagrada que vale a pena percorrer. Os textos bíblicos, enquanto veiculam a Palavra de Deus, são importantes luzeiros a que devemos prestar sempre toda a atenção. Neles está a nossa vida. São muitos os indicadores que, desde o Antigo Testamento, acenam para as páginas do Novo Testamento, ajudando a precisar melhor o que significa «ir atrás de alguém» ou «seguir alguém», por exemplo Ex 13,21; Dt 8,2; Jr 2,2. «Ir atrás de», «seguir» alguém, surge nestes textos como uma imagem fortíssima, que não admite outras sequelas. Trata-se de um andar pessoal e exclusivo atrás de YHWH. «Ir atrás de» Deus significa segui-l’O fiel e exclusivamente, cumprindo os seus mandamentos com todo o coração e com a vida toda. Seguir Jesus é, portanto, um seguimento concreto, passo a passo, da pessoa de Jesus.

Destes que O seguiam, Jesus «fez Doze» para que estivessem com Ele (cf. Mc 3,13-15). Tudo límpido e linear. «Sobe e chama para Si, e andaram para Ele»: fórmulas de eleição, de vocação e de assentimento. «Fez Doze»: fórmula da criação. «Estar com Ele»: é uma das vertentes da fórmula da aliança: Deus connosco e nós com Ele. Representa a intimidade e a autoridade indispensável, garantia imprescindível de todo o apostolado. A criada do sumo sacerdote, no pátio, diz de Pedro: «Tu também estavas com Ele.» (Mc 14,67) De notar, em contraponto, que a multidão também segue Jesus, mas volta para casa, enquanto os Doze permanecem com Jesus. Por outro lado, ao referir no grupo dos Doze, em 1,19, «Judas Iscariotes, aquele que O entregou», ficamos avisados de que fazer parte do grupo dos Doze não isenta da tentação e do pecado. «Para os enviar a anunciar»: fórmula de missão. Os Doze aparecem como multiplicadores da ação que Jesus cumpriu no princípio (cf. Mc 1,14-15.23-27.39).

É também o afazer dos consagrados adorar a Deus, atravessando, portanto, a alma da Vida Consagrada. Mas como é Deus que elege os consagrados, é também Ele que procura os seus adoradores. Impõe-se, por isso, visitar a paisagem de Jo 4,19-24, dado que, no contexto do diálogo de Jesus com a Mulher da Samaria, contém o único discurso do Novo Testamento sobre a Adoração.

A adoração é a atitude de quem reconhece em tudo o primado de Deus, aqui significativamente chamado com o nome de Pai, que é introduzido pelo dizer de Jesus, não pelo dizer da Mulher da Samaria. Ela não saberia dizer tanto. É, na verdade, Jesus o revelador do rosto paternal de Deus. No Novo Testamento, «adorar o Pai» significa orientar a vida toda para o Pai. É então só como «filhos» que podemos adorar o «Pai». E o Pai não é uma montanha, um lugar ou um santuário; é uma pessoa que atua, que chama, que ama.

E devemos sempre adorar felizes, como pioneiros de um mundo novo! Este tom carregado de felicidade, não restritivo, mas alargado a toda a humanidade percorre o discurso inteiro das «Felicitações» ou «Bem-Aventuranças» do Evangelho de Mateus (5,3-11). No meio destas nove «Felicitações», note-se a centralidade da Misericórdia (5,7), a revelação de duas tábuas de felicitações, a primeira à volta da pobreza evangélica (5,3-6), e a segunda à volta da bondade do coração (5,7-10), essenciais na Vida Consagrada.

Prestemos atenção ao Mestre Jesus, manso e humilde, que fala na primeira pessoa, não expondo conteúdos, mas expondo-se, e convidando-nos, não a aprender conteúdos, mas a viver como Ele, junto d’Ele, com Ele.

D. António Couto, Bispo de Lamego (em A Essência da Vida Consagrada)
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