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Pastoral Social na Vigararia da Amadora
“A dimensão sócio caritativa é o coração da comunidade cristã”
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O Patriarca de Lisboa considera que a caridade é uma realidade “obrigatória” na vida de uma comunidade cristã. Num encontro sobre Pastoral Social na Vigararia da Amadora, D. Manuel Clemente lembrou o papel dos voluntários que “acompanham o sacrifício de Cristo no sentido de entrega aos outros”.

 

No âmbito da Visita Pastoral à Vigararia da Amadora, o Patriarca de Lisboa conheceu de perto a realidade caritativa nesta vigararia da diocese, destacando que é essencial esta área de pastoral. “Nós estivemos a ver a longa lista de atividades, de números, mas a ação social da Igreja é muito mais do que isso! Trata-se de muitas centenas, se não milhares, de pessoas que nestas várias paróquias da Vigararia da Amadora, e também na Santa Casa da Misericórdia, dão o melhor de si próprias para levar por diante esta ação que chamamos sócio caritativa. Isto não é algo acessório, não é algo que uma comunidade cristã, ou uma realidade cristã, possa ter ou não ter. É algo de essencial e quase uma garantia de idoneidade do que se queira chamar cristão e de uma comunidade que queria ter esse nome”. Reforçando a sua ideia inicial, D. Manuel Clemente sublinhou que “este tipo de atividades não são acrescentos à vida de uma comunidade cristã”, mas “realidades obrigatórias para aquilo a que se queira chamar cristão”.

Na Brandoa, perante responsáveis das 15 paróquias que compõem a Vigararia da Amadora, bem como de mais duas realidades sócio caritativas da zona, D. Manuel Clemente partilhou que perante os dados apresentados, procurava ‘ver’ as caras que estavam por trás desses números. “Faz parte da mensagem evangélica uma proximidade reconhecida. Trata-se de gente que é verdadeiramente gente para outras pessoas, que também são gente e precisam de ser tratadas como tal. Esta é uma marca muito identificativa”, realçou.

 

Dar-se pelos outros

Neste encontro, em que participaram igualmente os três Bispos Auxiliares de Lisboa, D. Joaquim Mendes, D. Nuno Brás e D. José Traquina, além dos párocos da Vigararia da Amadora, o Patriarca sublinhou o papel dos muitos voluntários da Pastoral Social da Igreja, bem como dos voluntários anónimos que ajudam o outro sem estarem integrados numa instituição. “De uma maneira organizada ou de uma maneira espontânea, há muito boa vontade que não se integra no organigrama das instituições, porque são pessoas que efetivamente cuidam aos outros. Vidas inteiras dedicadas a um apoio discreto, mas muito importante, a um familiar doente, por vezes até fora da família, vizinhos, tendo em atenção as pessoas carecidas e as que requerem um apoio permanente. Essas coisas não são contabilizadas, mas existe muito disso, como sabemos quando nos aproximamos das vidas das famílias. Eles acompanham o sacrifício de Cristo no sentido de entrega aos outros”.

 

Renovação

Um dos pontos mais referidos pelos responsáveis paroquiais foi a dificuldade de renovação dos agentes sócio caritativos, com o Patriarca de Lisboa a lembrar a importância de encontros como aquele. “Foi referido que os colaboradores continuam a ser sempre os mesmos – e é bom que seja, porque quer dizer que eles continuam vivos – e nem sempre são acompanhados por outros mais novos… muitos estão cansados, têm as suas famílias e os seus trabalhos, mas creio que é muito importante quando nós nos encontramos como Igreja, concretamente nas comunidades da vigararia, para ouvirmos que os problemas não são só nossos, também são dos outros. E que assim como os outros os vão ultrapassando, também nos cabe a nós ultrapassar. Encontros como o de hoje motivam, são um bom contágio por ver mais pessoas que vão por diante. Ao ouvir o que os outros também fazem, sentimo-nos mais vinculados”, constatou.

 

Missão de todos

Durante este encontro, que decorreu na noite do passado dia 24 de outubro, na Brandoa, D. Manuel Clemente lembrou palavras do Papa, que desafia a Igreja a “ir às periferias”. “Esse é que é o lugar cristão. Estar ao lado de quem precisa. Não tomemos como exceção aquilo que para nós deve ser a regra”, apelou. Depois, convidou os agentes sócio caritativos a lerem os pontos 177, 187, 197 e 207 da Exortação Apostólica ‘A Alegria do Evangelho’, do Papa Francisco. “Testemunhar o cristianismo, quer pessoalmente, quer numa comunidade, é inevitavelmente social”, enalteceu, reforçando que “o coração da comunidade cristã e do anúncio do Evangelho é a dimensão sócio caritativa, que é para toda a comunidade cristã”. “Não são apenas os Vicentinos, as Misericórdias, os Centros Sociais Paroquiais. Então e o resto? E os outros todos que vêm à Missa, que são batizados? E as crianças, os adolescentes e os jovens que estão na catequese e nos grupos? Onde é que eles entram no coração da comunidade cristã ou seja na vida da caridade?”, interrogou, em tom de desafio, o Patriarca de Lisboa.

 

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A Pastoral Social nas diferentes paróquias e realidades da Vigararia de Amadora

 

Alfornelos

O Centro Social Paroquial tem 46 funcionários, 18 voluntários e 455 utentes (335 na infância e 120 idosos). O Banco Alimentar da paróquia, constituído em 2007, em parceria com a junta de freguesia, funciona com 8 voluntários e apoia mensalmente 30 famílias, num total de 115 pessoas. A paróquia conta ainda com a Pastoral da Saúde (visita a doentes) e o Banco de Roupa.

 

Alfragide

O Centro Social Paroquial funciona desde 1990 e tem atualmente as valências de creche (44 crianças) e pré-escolar (46), para 21 funcionários. O Grupo Sócio Caritativo iniciou a atividade em 2012, tem 9 voluntários, distribuídos pelo atendimento direto às famílias e gestão das entradas e saídas dos alimentos doados pela comunidade. Estão sinalizados 18 agregados, num total de 44 pessoas.

 

Amadora

O Centro Social Paroquial tem 5 colaboradores, 1 voluntário e 40 utentes. Serve 3 refeições por dia, organiza excursões e outras atividades. A Sociedade de

São Vicente de Paulo, nesta paróquia, tem 2 conferências (Nossa Senhora do Rosário de Fátima, com 34 vicentinos que apoiam 30 famílias, e a de São José dos Pobres, com 7 vicentinos para 26 famílias).

 

Belas

O Centro Social Paroquial foi inaugurado em 2006 e funciona apenas como centro de convívio para idosos, às terças e quintas-feiras, das 14 às 17h, para 70 utentes e 15 voluntárias. Semanalmente são distribuídos produtos frescos e mensalmente um cabaz com produtos de mercearia do Banco Alimentar. A Conferência Vicentina de Nossa Senhora da Misericórdia tem 7 vicentinos ativos e apoia 73 famílias (224 pessoas).

 

Brandoa

A Pastoral Social da paróquia contempla o Centro Social Paroquial (fundado em 1980, tem 96 funcionários, 520 utentes e 11 valências – Creche, Jardim-de-Infância, CATL, Centro Juvenil  (5º ao 6º), Centro Jovem (7º ao 9º), Amigos do Centro Jovem (10º ao 12º), Lar de Idosos, Serviço de Apoio Domiciliário regular e de 7 dias semanais, Centro de Dia e Centro de Convívio), as Conferências de São Vicente de Paulo (16 vicentinos prestam ajuda a 55 famílias e 65 crianças) e a Pastoral da Saúde.

 

Buraca

O Centro Social Paroquial, com 38 funcionários, tem 87 utentes na área da infância e apoia 124 idosos. A Conferência de São Vicente de Paulo ajuda 140 famílias, a nível alimentar e económico. No Bairro do Zambujal, os Missionários da Consolata têm há 10 anos um programa de alfabetização para mulheres africanas, a Casa do Zambujal, vocacionada para jovens, e o ginásio.

 

Casal de Cambra

O Grupo de Ação Social (1995) está atualmente a apoiar 207 famílias através do FEAC (Fundo Europeu de Auxílio a Carenciados), 15 famílias através da ‘Campanha 0 Desperdício do Pingo Doce’ (10 famílias recebem de ambos os programas), sendo que 12 voluntários prestam esta ajuda na distribuição. O Centro Social Paroquial (2005) tem 53 crianças no jardim de infância, 32 na sala de estudo e 49 utentes no centro de convívio.

 

Damaia

Os Vicentinos (8 voluntários ajudam mensalmente, em colaboração com o Banco Alimentar, 58 famílias), o Grupo de Arraiolos (com 15 participantes), o Grupo de Convívio Sénior (30 utentes), a recolha de vestuário (em colaboração com a Cáritas Diocesana de Lisboa) e a visita aos doentes são a realidade da caridade nesta paróquia.

 

Falagueira

O grupo paroquial sócio caritativo ‘Samaritanos’ (2012) dá apoio pontual a famílias carenciadas perante situações de urgência, ajuda pontual em alimentos, medicamentos, roupas e outros bens e faz o encaminhamento para instituições. No total, apoiam 48 famílias (69 pessoas, onde se destacam 33 crianças).

 

Massamá

Movimentos dinamizadores: Conferência Vicentina (7 voluntários para 40 famílias), Grupo de Pessoas ao Serviço (9 voluntários sensibilizam para a missão), Legião de Maria e Célula de Visitadores do Estabelecimento Prisional de Caxias. Outros grupos: narcóticos anónimos, famílias anónimas, entre outros.

 

Monte Abraão

A paróquia conta com o centro de convívio (fundado em 1989, tem 20 voluntárias para 97 associados que pagam uma quota mensal de 2,5¤), o auxílio fraterno – banco alimentar (em que 3 equipas de distribuição atendem, em média, 183 famílias por mês), a distribuição de roupa, a sopa de quinta-feira (que desde janeiro de 2013 distribui gratuitamente 100 litros de sopa por semana, com ingredientes oferecidos pela comunidade) e a dispensa paroquial.

 

Queluz

Centro Social Paroquial  dá assistência a 65 utentes (20 em centro de convívio, 30 em centro de dia, 15 em apoio domiciliário e conta com 9 funcionárias e 4 voluntárias). O Grupo de Apoio a Famílias Carenciadas é constituído por 15/16 elementos voluntários e ajuda 76 famílias, num total de 192 pessoas. Tem ainda duas colaboradoras: uma farmacêutica e uma voluntária que recolhe, em duas pastelarias, bolos, salgados e pão que distribui diariamente por 17 famílias desfavorecidas.

 

Reboleira

A Conferência Vicentina (15 vicentinos e 16 colaboradores) até recentemente auxiliava apenas famílias da Reboleira, mas agora também ajuda pessoas da Venteira e Águas Livres. No total são ajudadas 1129 pessoas. As ações na Pastoral Social compreendem também o apoio no pagamento de despesas diversas às famílias mais carenciadas e visitas semanais aos doentes da paróquia, hospitalizados no Hospital Fernando da Fonseca.

 

São Brás

Fundado em 1998, o Centro Social Paroquial presta apoio domiciliário (7 dias) a 10 utentes e tem ainda 30 idosos em centro de dia. Na infância, tem 62 crianças em creche (acordo com a Segurança Social para 58) e  57 em jardim de infância (sem financiamento). A cantina social, iniciada em 7 de dezembro de 2013, tem 80 refeições por dia protocoladas, 7 dias por semana (os beneficiários podem usufruir de almoço e jantar).

 

Venda Nova

A Conferência Vicentina, com 16 vicentinos, estando 10 no ativo, apoia 70 famílias (200 pessoas, onde se destacam 39 crianças), realiza um peditório no primeiro fim-de-semana de cada mês para comprar alimentos que completem os cabazes do Banco Alimentar.

 

Centro Social 6 de Maio

As Irmãs Missionárias Dominicanas do Rosário são as fundadoras do Centro Social (25 trabalhadores e 50 voluntários) e residem no Bairro 6 de Maio, na paróquia da Venda Nova. O Centro Social serve e é procurado por uma população que vai muito além da residente nos bairros e tem o Centro Comunitário como valência principal, com um protocolo para 1100 famílias, e conta também com as valências da creche (20 utentes) e pré-escolar (75 crianças). Na área educativa, oferece alfabetização de adultos e português para estrangeiros, cursos e ações de formação, explicações individuais, bolsa a estudantes universitários, aulas de informática, mediateca, grupo de jovens, aulas de inglês e de francês, ações de sensibilização e participação em eventos organizados por diversas instituições. Na área social, acompanha 80 famílias, intervindo ainda na área cultural e desportiva e na área pastoral.

 

Santa Casa da Misericórdia da Amadora

Fundada em 1986, viu os seus estatutos aprovados pelo Patriarcado de Lisboa em 1987. Atualmente desenvolve a sua ação diária para cerca de 5500 utentes, distribuídos por 51 valências espalhadas pelas várias freguesias dos Concelhos da Amadora e Lisboa.

texto e fotos por Diogo Paiva Brandão
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