‘Evangelii Gaudium’ |
‘Evangelii gaudium’ (nº 110 a 118) – Capítulo III
O Anúncio do Evangelho
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No terceiro capítulo da Exortação Apostólica ‘A Alegria do Evangelho’, o Papa Francisco detém-se, agora, na exploração do tema do anúncio do Evangelho, sublinhando o facto de que “‘não pode haver verdadeira evangelização sem o anúncio explícito de Jesus como o Senhor’ e sem existir uma ‘primazia do anúncio de Jesus Cristo em qualquer trabalho de evangelização’”. Recorrendo, deste modo, a esta citação do Papa e Beato João Paulo II, Francisco observa que “João Paulo II afirmou que se a Igreja ‘deve realizar o seu destino providencial, então uma evangelização entendida como o jubiloso, paciente e progressivo anúncio da Morte salvífica e Ressurreição de Jesus Cristo há de ser a vossa prioridade absoluta’”. E conclui, afirmando: “Isto é válido para todos”.

Salientando que “a evangelização é dever da Igreja”, o Papa Francisco refere que o sujeito da evangelização é “um povo que peregrina para Deus” e oferece-nos, de imediato uma reflexão sobre esta forma de compreender a Igreja.

 

Um povo para todos

Retomando uma afirmação do Concílio Vaticano II, o Papa Francisco lembra-nos que a Igreja “é enviada por Jesus Cristo como sacramento da salvação oferecida por Deus”. Esta salvação que Deus oferece é “obra da sua misericórdia” e é por “pura graça” que Deus “atrai-nos para nos unir a si” e envia o seu Espírito “para nos fazer seus filhos, para nos transformar e tornar capazes de responder com a nossa vida ao seu amor”, garante. Citando, ainda o Papa Emérito Bento XVI, Francisco frisa que “’a iniciativa verdadeira, a atividade verdadeira vem de Deus e só inserindo-nos nesta iniciativa divina, nos podemos tornar também evangelizadores’”.

“Esta salvação é para todos”, insiste Francisco sublinhando que Deus convocou “cada um dos seres humanos de todos os tempos”, para se constituir como “povo, e não como seres isolados”. “Ninguém se salva sozinho”, adverte explicando que “este povo, que Deus escolheu para si e convocou, “é a Igreja”. Para Francisco nesta Igreja não há distinções e todos se podem aproximar: “Eu gostaria de dizer àqueles que se sentem longe de Deus e da Igreja, aos que têm medo ou aos indiferentes: o Senhor também te chama para seres parte do seu povo, e fá-lo com grande respeito e amor!”.

Segundo o Papa Francisco, ser Igreja implica “ser o fermento de Deus no meio da humanidade”, e do mesmo modo a Igreja é chamada a “lugar da misericórdia gratuita”, onde todos se possam sentir “acolhidos, amados, perdoados e animados a viverem segundo a vida boa do Evangelho”.

 

Um povo com muitos rostos

Continuando esta reflexão sobre o povo de Deus, Francisco salienta a diversidade de povos na Terra onde este Povo de Deus se encarna e, observa que “cada um tem a sua cultura própria”. Esta cultura traduz-se no “estilo de vida” que uma determinada sociedade possui e, cada povo, na sua evolução história, “desenvolve a própria cultura com legítima autonomia”. Segundo o Papa Francisco, isto acontece porque a pessoa humana “necessita absolutamente da vida social” mas, por outro lado, refere, “a graça supõe a cultura, e o dom de Deus encarna-se na cultura de quem o recebe”.

Neste sentido, “quando uma comunidade acolhe o anúncio da salvação, o Espírito Santo fecunda a sua cultura com a força transformadora do Evangelho”, e assim verifica-se que “o Cristianismo não dispõe de um único modelo cultural mas “’assumirá o rosto das diversas culturas e dos vários povos onde for acolhido e se radicar’”, refere Francisco, citando o Papa João Paulo II na Carta apostólica ‘Novo millennio ineunte’. “Pela inculturação, a Igreja ‘introduz os povos com as suas culturas na sua própria comunidade’, porque ‘cada cultura oferece formas e valores positivos que podem enriquecer o modo como o Evangelho é pregado, compreendido e vivido’”, salienta utilizando palavras da Carta encíclica ‘Redemptoris missio’, e da Exortação apostólica pós-sinodal ‘Ecclesia in Oceania’, de João Paulo II.

Assim, frisa Francisco, a diversidade cultural se for bem entendida “não ameaça a unidade da Igreja”, porque “o Espírito Santo constrói a comunhão e a harmonia do povo de Deus”. Para além disso, sublinha ainda o Papa argentino nesta exortação apostólica ‘A Alegria do Evangelho’: “a evangelização reconhece com alegria estas múltiplas riquezas que o Espírito gera na Igreja. Não faria justiça à lógica da encarnação pensar num cristianismo monocultural e monocórdico”. Pelo que, conclui: “Não podemos pretender que todos os povos dos vários continentes, ao exprimir a fé cristã, imitem as modalidades adoptadas pelos povos europeus num determinado momento da história, porque a fé não se pode confinar aos limites de compreensão e expressão duma cultura. É indiscutível que uma única cultura não esgota o mistério da redenção de Cristo”, acentua.

texto por Nuno Rosário Fernandes
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