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Novo Chefe Nacional do CNE
Escuteiros querem fortalecer a identidade do escutismo católico
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O Corpo Nacional de Escutas (CNE) considera que o grande desafio que se coloca neste momento ao movimento passa pela formação de adultos. A preocupação foi manifestada no discurso de tomada de posse do novo Chefe Nacional dos escuteiros católicos, Norberto Correia, no passado sábado, 4 de janeiro, em Fátima.

 

No discurso que dirigiu aos presentes, o novo responsável do CNE caracterizou a necessidade de formação dos dirigentes como "quase obsessiva", mas traduzida, no entanto, "em contínuos esforços de renovação e adaptação aos novos tempos, mobilizando capacidades e saberes dispersos", referiu. Em declarações ao Jornal VOZ DA VERDADE, o chefe Norberto Lopes explicou que o CNE aprovou, recentemente, "um novo sistema de formação de adultos que vai ser implementado no terreno" e que "é o resultado de alguns anos de discussão e de análise". Este novo programa de formação de dirigentes para o CNE, que vai começar a ser implementado, surge na sequência da renovação do programa educativo aplicado às crianças e aos jovens que pertencem a este movimento juvenil e que, revela o chefe Norberto Correia, "está em fase de avaliação" e é outra tarefa que a nova Junta Central dos Escuteiros Católicos portugueses quer desenvolver. "O que pretendemos é que toda a nossa ação tenha aquela intencionalidade educativa que todos desejamos e que fazem do CNE uma escola de educação não formal", sublinha.

 

Sociedade mais justa e mais feliz

O escutismo católico foi fundado, em Portugal, em 1923, pelo Arcebispo Primaz de Braga, D. Manuel Vieira de Matos, e movimenta, atualmente, 73 mil crianças, jovens e adultos. Segundo este novo responsável, perante aquilo que é esta herança de 90 anos, o CNE reforça a sua identidade católica e salienta "pressões que existem sempre" para que o movimento "abra as portas a outras tendências, não propriamente confissões religiosas, que não têm muito a ver com a identidade católica do CNE". "É fácil confundirem-nos com associações de desporto, associações de cultura, pelas atividades que nós fazemos mas - explica - as atividades que desenvolvemos têm uma intencionalidade educativa e não são um fim em si mesmas. As atividades pretendem atingir um outro fim que é a educação das nossas crianças e dos nossos jovens e prepará-los para a vida". Neste sentido, e para cumprir esta missão, o escutismo que se pratica no CNE está imbuído de uma espiritualidade. "Entendemos que a religião nos ajuda fortemente a sermos felizes e a prepararmo-nos para uma vida melhor e uma sociedade mais justa e mais feliz".

 

Caminhar, Edificar, Confessar

Tomando por modelo o programa (Caminhar, Edificar, Confessar) que o Papa Francisco apresentou aos Cardeais que o elegeram no dia em que iniciou o seu pontificado, o novo Chefe Nacional do CNE, no seu primeiro discurso, garante a intenção de "aprofundar a eclesialidade do Escutismo Católico Português, assumida sem ambiguidades ou equívocos e edificada a partir da Igreja presente em cada agrupamento onde o escutismo se vive em plenitude e se preparam para a vida as crianças e os jovens de hoje num jogo com regras, fiel à história do CNE e à Lei do Escuta". Explicando ao Jornal VOZ DA VERDADE o significado das três dimensões que aponta, Norberto Correia salienta que "caminhar não é só fazer um percurso. É andarmos juntos, unidos, porque precisamos do apoio uns dos outros e socorrendo-nos da diversidade que somos, de uma ponta à outra do país, isso ajuda a enriquecer o nosso trabalho pedagógico". Quanto à dimensão do edificar, o chefe nacional refere: "Nós somos uma Igreja e queremos aperfeiçoar essa Igreja. Estamos em aperfeiçoamento contínuo, em caminhada de santidade, e a Igreja constrói-se, também, nos nossos agrupamentos e nos nossos pequenos grupos. E isso tem a ver com este fortalecimento desta unidade". Por último, a dimensão do confessar passa por "confessar Cristo que é a afirmação da nossa fé". "Se nós dizemos que somos escuteiros católicos isso só se traduz se nós o afirmarmos e se o demonstrarmos nas nossas atitudes do dia a dia".

Para o novo Chefe Nacional do CNE o trabalho escutista que se realiza nos agrupamentos e nas dioceses do país "é um trabalho de qualidade" que tem sido reconhecido a nível internacional.

 

Um novo rosto e uma nova missão

O chefe Norberto Correia sucede, assim, a Carlos Alberto Pereira, com uma nova missão na Junta Central do Corpo Nacional de Escutas, que irá ter a duração de três anos. Para este novo responsável nacional pelo CNE, esta missão foi recebida “com muita alegria”, pela oportunidade que terá de "ajudar a contribuir para um CNE maior", destaca. “Não escondi a minha forma de pensar e de atuar e é uma forma de poder ser mais útil ao CNE”, acentua Norberto Correia, de 60 anos e natural de Aveiro.  

Consciente do peso e das responsabilidades que esta nova missão acarreta, este escuteiro desde há 47 anos, casado e pai de dois filhos perspetiva que este não será um tempo fácil. “Perspetivo três anos de muito trabalho e de muitos problemas porque, onde há pessoas, há sempre problemas e divergências. Mas tentaremos resolver esses problemas que surjam, manter a unidade e reforçar até essa mesma unidade”, garante.

Norberto Correia, que é economista de profissão e já foi chefe de agrupamento, chefe regional e atualmente era presidente da mesa dos conselhos nacionais, garante, ainda, que “o escutismo vai -se adaptando às novas realidades sem alterar o seu objetivo fundamental, sem pôr em causa os seus valores”. “Temos que estar alerta para perceber quais as mudanças e adaptarmo-nos e usar essas mudanças para encaminhar os destinatários para encararem a vida da forma que nós entendemos que é a correta”, conclui.

 

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Bispo pede identidade escutista mais forte

D. Joaquim Mendes, Bispo Auxiliar de Lisboa, considera que o escutismo é um “movimento de fronteira porque se abre às periferias e ajuda a construir uma identidade”. A opinião foi manifestada numa entrevista vídeo à revista Flor de Lis, do CNE, por ocasião do congresso realizado no passado mês de novembro, em Lisboa, sobre a temática ‘Escutismo: educar para a vida no século XXI’.

Nesta entrevista, D. Joaquim Mendes, que foi orador principal no painel ‘Escutismo na Igreja’, defende que “o escutismo é o movimento que interage dentro da comunidade cristã e tem de se articular com outros movimentos, como a pastoral familiar ou a ação sociocaritativa” e por isso tem “um papel importante” na Igreja, “como o de todos os cristãos”.

Segundo D. Joaquim Mendes, “o escutismo, com os seus valores e Lei, ajuda a comunidade e abre-a para o valor do que é caminhar juntos”, e é “um grande dom à Igreja e à sociedade”. Considerando que “é importante a presença, na Igreja, de todas as gerações”, este Bispo Auxiliar que integra a Comissão Episcopal do Laicado e Família refere, ainda, que “a identidade do escutismo concretiza-se numa farda, num caminho pedagógico e num conjunto de regras e leis” que “ajudam o jovem a construir-se, juntamente com outros”. Por isso mesmo, aponta, “a Igreja encara o escutismo de forma positiva e merece a sua atenção, solicitude e acompanhamento”.

Apelando à “consolidação da identidade dos escuteiros” e a que os adultos que acompanham as crianças, adolescentes e jovens no escutismo “sejam verdadeiramente educadores, testemunhas”, D. Joaquim Mendes sublinha a necessidade de haver dirigentes com “forte identidade escutista e com perfil educativo”. “São precisos adultos que sejam adultos, coerentes, que encarnem e vivam os valores que são propostos na Lei escutista e nos mandamentos da Lei de Deus”, exorta. 

Manifestando, também, um apelo a que o escutismo se abra “à multiculturalidade”, “sem trair os seus princípios”, D. Joaquim Mendes salienta que a “riqueza do escutismo” pode estar, também, no ser “movimento de inclusão e de descoberta”.

  

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Inaugurado Centro Nacional Escutista de Fátima

O Centro Nacional Escutista de Fátima foi oficialmente inaugurado no passado mês de dezembro, e teve a bênção do Presidente da Comissão Episcopal do Laicado e Família, D. Antonino Dias. Para os responsáveis do CNE, a inauguração deste centro é “um sonho realizado”.

O Centro Nacional Escutista de Fátima está disponível para ações de formação e acolhimento dos agrupamentos que desenvolvam atividades na zona de Fátima.

No dia em que foi inaugurado o centro, tomou posse o novo Assistente Nacional do CNE, padre Luís Marinho da Silva, sacerdote de 40 anos da Arquidiocese de Braga, que substitui no cargo o padre Rui Silva, da Diocese de Lisboa.

texto por Nuno Rosário Fernandes; fotos por CNE – Flor de Lis
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