Beatificação de Madre Clara |
Irmã Maria Amélia Costa, FHIC: ?A música é um meio muito forte para fazer chegar a mensagem do Evangelho ao mundo?
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No ano em que cumpre 35 anos de missão através da música, a Irmã Maria Amélia Costa compôs o hino para a beatificação de Madre Clara e explica à VOZ DA VERDADE qual o significado do tema ‘Dai glória a Deus’. Nesta entrevista, a religiosa desafia ainda a Igreja a continuar a evangelizar pela música.

A irmã Maria Amélia Costa compôs o hino para a beatificação de Madre Clara. Que mensagem o hino ‘Dai glória a Deus’ pretende transmitir?

Antes de mais, o hino pretende chamar todo o mundo onde estamos e onde o carisma chegou, a dar glória a Deus pela pessoa, pela obra, pela vida da irmã Maria Clara. E chamo-lhe de mãe porque em todo o seu percurso de vida e missão sente-se perfeitamente que ela tinha um coração que acolhe, que intui e que responde às necessidades de todos, como só podem fazer as mães. O essencial da mensagem do hino pretende, em linguagem poética, ressaltar as virtudes da mãe Clara que foram consideradas pela Igreja e relevadas como virtudes vividas em grau heróico.

Foi a primeira vez que fiz um hino, aliás nunca me imaginei a fazer uma obra destas, mas fi-lo junto dos túmulos do fundadores da CONFHIC, padre Beirão e Madre Clara, na cripta da casa-mãe, onde me desloquei um dia e meio para uma certa reflexão e para que o Espírito Santo também trabalhasse. Porque estas coisas saem em simultâneo, tanto a letra, como a música, depois de alguns momentos de reflexão, de paragem, de silêncio. E sobretudo acolhi-me um pouco à sombra da mãe Clara para o fazer.

O hino apela muito, também, à determinação, no apontar do rumo da hospitalidade. Porque com o tempo, com o passar da história, muitas vezes podemos perder o rumo, e Madre Clara aponta perfeitamente o rumo da hospitalidade em gestos concretos de acolhimento. O hino tem ainda uma referência muito forte a dois tipos de escuta: a escuta de Deus e dos sinais – Madre Clara fez uma leitura teológica dos sinais da sua época – e a escuta do grito e do clamor da realidade que a circundava no século XIX. Faz um apelo muito forte à coragem, à superação das dificuldades que acontecem em todas as épocas, em todos os tempos. Depois, o hino tem uma forte vertente de uma mulher que se sustentou pela Palavra de Deus e por isso podemos considerar que soube manter uma fidelidade inalterável, que a faz responder com silêncio quando a situação era, se calhar, de uma resposta mais agressiva. Há também um apelo grande à tenda hospitaleira que mãe Clara abriu – porque ela no fundo foi a primeira a abrir a porta de casa para acolher a todos. Depois, uma vida profundamente enraizada em Deus e também enraizada na realidade social do seu tempo. Ela podia ter olhado e não ter respondido, mas foi uma mulher capaz de olhar, ver as necessidades e responder.

Todo o hino é um apelo muito forte à esperança, sobretudo nesta época de dificuldades!

 

Este hino nasceu no ano em que a irmã Maria Amélia celebra 35 anos de dedicação à música. São muitos anos a evangelizar através da música. Que balanço faz desta missão?

Faço um balanço bastante positivo. Um balanço que suscita em mim sentimentos de muita gratidão, prioritariamente e principalmente a Deus, porque a música e a composição são dons do Espírito na pessoa – e uma prova disso mesmo é que quando espiritualmente não estou bem, a composição empobrece.

Gostava também de dar muita força a todos aqueles que estão agora a começar a evangelizar pela música. Porque de facto, hoje, as novas gerações escutam melhor a mensagem se ela for um pouco condensada. E a música tem esse dom, tem essa perspectiva. Consegue-se através da música passar as ideias-chave, a mensagem-síntese e a música acaba por ser um meio de comunicação muito forte para essas novas gerações. Apelo por isso a que a Igreja continue a evangelizar pela música, tal como estamos a aprender a evangelizar pelas redes sociais, pelas novas tecnologias, porque a música é um meio muito forte de fazer chegar a mensagem do Evangelho ao mundo.

 

Que significado tem a beatificação de Madre Clara para a congregação?

A beatificação é um momento alto! É uma notícia que já se esperava a todo o momento. De qualquer maneira, a beatificação tem grandes provocações a fazer, quer à congregação, quer a todos aqueles que admiram este carisma e pretendem viver a sua vida cristã com esta tonalidade da hospitalidade.

Mas efectivamente as grandes provocações vão na linha da absoluta confiança em Deus, nos tempos que correm de tanta fragilidade de relações inter-pessoais e de tanta fragilidade na confiança a vários níveis. Hoje parece que se perdeu muito este valor da confiança recíproca. Portanto, a beatificação de Madre Clara é um grande apelo à absoluta confiança em Deus e à absoluta confiança na pessoa humana e na promoção deste valor nas nossas relações e na nossa presença hospitaleira. Outro apelo muito forte é o amor e a opção preferencial pelos mais pobres, os mais necessitados, os mais fragilizados da sociedade, que não apenas se encontram nas classes mais carentes de pão, mas também nas pessoas que têm uma carência muito forte de Deus e dos grandes valores superiores que estão a ser minimizados e relativizados.

A nós congregação, uma das provocações parece-me ser o desafio a uma hospitalidade que invista a fundo perdido na relação humana, na dignidade da pessoa, na hospitalidade da presença, na hospitalidade da escuta. Estamos a viver uma hora em que o carisma tem uma actualidade fenomenal.

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