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Matilde Trocado, autora e encenadora do musical ?Wojtyla?: Conhecer João Paulo II pelo testemunho dos jovens
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Os jovens da paróquia de Cascais juntaram-se para dar a conhecer a vida de João Paulo II, através da dança e da música. Em entrevista à VOZ DA VERDADE, a autora e encenadora do musical ‘Wojtyla’, Matilde Trocado, fala deste projecto de evangelização que sobe ao palco por estes dias no Teatro Tivoli, em Lisboa.

O musical ‘Wojtyla’ é um projecto do grupo de jovens da paróquia de Cascais que pretende homenagear o Papa João Paulo II. Como é que nasceu este projecto cultural?

Em 2009, nas vésperas do 90º aniversário de João Paulo II, o padre Nuno Coelho, pároco de Cascais, tinha o projecto de edificar uma estátua a João Paulo II. Junto à igreja já existe uma rotunda com o nome do Papa polaco e a paróquia tem um jardim lindíssimo onde a estátua ficaria muito bem. Além disso, o padre Nuno disse-me que gostaria de criar projectos à volta desse acontecimento. Eu tinha acabado de chegar de Timor, onde o povo é muito devoto de João Paulo II – cheguei inclusive a conhecer crianças pequeninas chamadas Karol Wojtyla. Aliás, quando João Paulo II era Papa fiz Erasmus em Roma, pelo que sempre tive uma ligação muito grande ao Papa. Por tudo isto, fez-me imenso sentido este projecto de homenagear Karol Wojtyla.

Quando o padre Nuno me falou na homenagem, propus-lhe logo um musical, buscando jovens, porque, hoje em dia, uma pessoa entre os 15 e os vinte e tal anos, se vai à Missa é porque acredita mesmo, não é porque está na moda. E como João Paulo II era o Papa dos jovens, como foi um Papa que se focou tanto nos jovens, que puxou tanto pelos jovens, que foi tão exigente com eles, achámos que fazia sentido criar algo com estes contornos.

 

Como foi a aceitação por parte do padre Nuno Coelho, perante a iniciativa de criar um musical em homenagem a João Paulo II?

O padre Nuno disse logo que sim, ‘vamos avançar’! Ele confiou muito e deu logo ‘carta branca’. Foi uma presença sempre tão serena, tão confiante que foi óptimo sentirmos a aposta da paróquia de Cascais. Claro que quando começámos não tínhamos a ideia que isto chegasse a ir tão longe.

Assumido o projecto, começámos então a pensar se faríamos um musical a partir das histórias dos próprios jovens que entravam no musical, mas era complicado pelo que focámos a peça em testemunhos de pessoas cujas vidas foram tocadas por João Paulo II. Após a recolha destes testemunhos, criámos um puzzle que é este musical.

 

E que musical é este?

É um musical que dá a conhecer João Paulo II, a partir das vidas destas pessoas e das suas histórias. Não conta a história biográfica do Papa polaco, mas conta a história destas pessoas e através disso dá a conhecer ‘muitos lados’ de João Paulo II.

 

Como era o grupo de jovens da paróquia quando o musical começou a ganhar forma?

O projecto é da paróquia de Cascais, mas os jovens do musical ‘Wojtyla’ são provenientes não só de Cascais, mas também do Estoril. Fizemos audições, porque este é um projecto específico, em que os jovens têm de dançar e cantar. Na paróquia lançámos o desafio das audições e apareceram bastantes jovens! Inclusive apareceram dois ou três que não são (aliás, não eram) ligados à Igreja e que entraram. Isso é algo que eu tenho reparado ao longo de todo o projecto: João Paulo II era muito, muito abrangente, muito além daquilo que é a paróquia.

 

Em 2010, o musical ‘Wojtyla’ sobe então ao palco no Estoril.

Sim, foi no dia 18 de Maio de 2010 – dia em que João Paulo II faria 90 anos – que estreámos o musical. É certo que foi muito em cima da visita de Bento XVI a Portugal, mas achámos que era uma boa data. Teve um sucesso muito além do que esperávamos, pelo que tivemos de fazer duas sessões extra!

Por um lado, eu esperava que as pessoas gostassem, porque os jovens empenharam-se muito. Há aqui um grande investimento de trabalho! Por outro lado, os jovens conseguiram transmitir aquilo que é indizível e que só se vive cá dentro, mas que no palco conseguiram exteriorizar!

 

Segundo o site oficial da iniciativa (www.musicalwojtyla.net), “o objectivo central e fundamental é lembrar João Paulo II, o homem, o Papa, o Santo, que poucos deixou indiferentes”. O que mais a marcou em João Paulo II?

Esta é a pergunta mais difícil… A mim, o que mais me marcou, foi o olhar de João Paulo II! Há tanta coisa naquele olhar… que nós não conseguimos descrever mas que mexe cá dentro. Só o olhar. Não sei… a mim foi sem dúvida isso. Não foi qualquer coisa que ele tivesse dito, não. É a presença e o olhar. Apenas isso.

 

Ao fazer o estudo para o musical descobriu algo do Papa polaco que desconhecia?

Descobri algumas coisas. Eu sabia que Karol Wojtyla era bem-disposto, mas não sabia que tinha um sentido de humor tão apurado. Esta foi talvez a maior descoberta, apesar de nos lembrarmos dele sempre animado e bem-disposto. Nas Jornadas Mundiais da Juventude, já muito velhinho, dançava e era o máximo. Mas não o sabia com um sentido de humor tão, tão apurado! Tinha mesmo muita graça e era tão fácil a pessoa relacionar-se com ele…

Além disso, toda a história de vida dele é impressionante. Ter ficado sozinho tão cedo, a mãe morre cedo, o irmão e o pai também. E num contexto completamente hostil e adverso. Era algo que eu também não conhecia a fundo e que com o processo de estudo para o musical aprendi e fez-me pensar.

 

Esta nova apresentação do musical ‘Wojtyla’ tem fins beneméritos, em favor da ATT (Associação para Tratamento das Toxicodependências).

Nós fomos contactados pela ATT que, por estar a passar um momento mais difícil financeiramente, nos lançou o desafio de voltarmos a repor o musical, com os fundos a reverterem para a associação. Nós dissemos logo que sim! E já me perguntaram ‘Porquê a ATT?’ E eu respondo sempre: ‘Porque não? Foram eles que nos pediram…’.

 

É importante deixar nos jovens esta marca da solidariedade?

Temos de estar ao serviço da Igreja apenas por estar ao serviço da Igreja, sem qualquer outro interesse. Os jovens deste projecto sabem que o musical tem também um objectivo de evangelização. Temos o objectivo de levar uma mensagem que é maior do que eles. Além disso, temos de estar para os outros, para dar gratuitamente. Ou seja, o que conseguimos gerar, é para oferecer!

 

Fala-se muito que os jovens estão afastados da Igreja, mas a verdade é que o musical ‘Wojtyla’ é um projecto cultural ligado à juventude e à Igreja.

A Igreja não é de velhinhos. E os jovens que estão, estão a sério! Quem quiser aceitar o desafio de ver o musical vai perceber isso mesmo. Porque, os jovens que estão não Igreja não estão ‘porque sim’ ou porque está na moda. Há muitas coisas na sociedade que puxam para o contrário, por isso, os jovens quando estão na Igreja são capazes de uma entrega e de um empenho… No musical ‘Wojtyla’ dizemos que os jovens têm uma energia, uma vontade em mudar o mundo, de fazer a diferença. Isso é algo que às vezes perdemos quando somos mais crescidos. Apelamos a que as pessoas venham ver o que um grupo de jovens entre os 15 e os 24 anos é capaz de fazer e de desempenhar, quando acredita e quando tem um objectivo definido.

 

Como é que um pequeno grupo de jovens de uma paróquia consegue chegar ao Tivoli e ao Sá da Bandeira? Quando iniciou o projecto, se lhe dissessem que iria estar no palco destes dois teatros, se calhar não acreditaria…

Pois, se calhar não acreditava. Até porque nós não fomos tão ambiciosos. Quando comecei a escrever o musical ‘Wojtyla’ pensei logo que não estava à altura de fazer nada sobre este homem. Nada. Tenho é de estar quieta! Mas depois, passado um tempo, pensei: ‘Não, temos é de fazer algo simples, despretensioso, mais testemunhal e não doutrinal ou teológica’. Começámos por fazer uma coisa simples, mas afinal…


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Perfil

Matilde Trocado Castro, de 30 anos, é a autora e encenadora do musical ‘Wojtyla’. Casada há quatro anos e com uma filha de seis meses, a Marta, esta jovem encenadora pertence à paróquia de Cascais e diz que sempre gostou da área do teatro. Quando tinha 15 anos passou o Verão numa escola de artes performativas em Nova Iorque, nos EUA. “Nessa altura, desenvolvi um gosto muito específico pelo teatro musical e pelo estilo americano, a Broadway”, conta.

Em 2002, Matilde escreve e encena o seu primeiro um musical. “Apesar de não estar ligado à paróquia, era um projecto em que os fundos revertiam também para IPSS”. Até que, em Outubro de 2009, Matilde regressa com o marido de Timor, onde esteve um ano a fazer voluntariado com os Leigos para o Desenvolvimento, e surge o desafio do musical ‘Wojtyla’, lançado pelo pároco de Cascais, padre Nuno Coelho.

 

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Sinopse

Trata-se de um musical multimédia sobre João Paulo II. A peça não é um relato histórico nem uma biografia. São testemunhos. Testemunhos de quem se cruzou com ele. Testemunhos de vidas que mudaram. Testemunhos acerca do lado mais divertido do Papa. Momentos decisivos e momentos divertidos.

O espectáculo não é um musical clássico, mas sim um review, construído a partir de testemunhos de vidas que mudaram ou foram tocadas por João Paulo II. Incide também na relação de João Paulo II com os jovens.

O objectivo central e fundamental é lembrar João Paulo II, o homem, o Papa, o Santo, que poucos deixou indiferentes.

 

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Em palco

 

5 sessões no Teatro Tivoli, em Lisboa

Dias 17, 18 e 19: às 21h15

Dias 19 e 20: às 16h00

(Telefone: 213572025)

 

3 sessões no Teatro Sá da Bandeira, no Porto

Dias 24 e 25: às 21h15

Dia 26: às 16h00

(Telefone: 222003595)

 

Informações:

- Bilhetes à venda em www.ticketline.pt, lojas Fnac, Worten e nos locais do espectáculo

- Linha para doação à ATT - 760101920 (custo da chamada 0,60¤ + IVA)

- E-mail: wojtyla.musical@gmail.com

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