Igreja em movimento |
Movimentos deverão integrar novo organismo do Vaticano
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O que irá acontecer com o organismo criado por Bento XVI e presidido agora por Rino Fisichella? Que tipo de estrutura deverá ter? Como funcionará? O que se está a perfilar? Pouco ou nada ainda está dito, mas seguramente o Papa deverá chamar os diferentes movimentos da Igreja Católica. Daqui sairão linhas importantes para a renovação pastoral pretendida pela Conferência Episcopal Portuguesa.

 

A primeira pergunta a que hoje devemos responder é simples: o que pretende, de facto, Bento XVI com este novo organismo chamado Conselho Pontifício para a Nova Evangelização? Não há dúvida: abrir o armário onde Nietzsche enterrou Deus, isto é, trazer Deus à vida de todos os homens.

A esta resposta surge-nos, então, uma segunda pergunta: como trazer de novo Deus a este mundo e à vida dos homens? Parece-me que o Papa deixou bem claro no discurso aos bispos portugueses: “confesso-vos a agradável surpresa que tive ao contactar com os movimentos e novas comunidades eclesiais. Observando-os, tive a alegria e a graça de ver como, num momento de fadiga da Igreja, num momento em que se falava de «inverno da Igreja», o Espírito Santo criava uma nova primavera, fazendo despertar nos jovens e adultos a alegria de serem cristãos, de viverem na Igreja que é o Corpo vivo de Cristo. Graças aos carismas, a radicalidade do Evangelho, o conteúdo objectivo da fé, o fluxo vivo da sua tradição comunicam-se persuasivamente e são acolhidos como experiência pessoal, como adesão da liberdade ao evento presente de Cristo”.

Sei que esta posição de Bento XVI é discutível, mas fundada teologicamente num artigo escrito, enquanto cardeal perfeito para a Congregação da Doutrina da Fé, para a revista Communio, sob o título: “O lugar teológico dos movimentos eclesiais”. Curiosamente também nesse mesmo texto faz a mesma confissão: “para mim pessoalmente foi um acontecimento maravilhoso quando eu tomei um contacto mais directo com movimentos como as Comunidades Neocatecumenais, Comunhão e Libertação, e os Focolares e experimentei a energia e o entusiasmo com que eles vivem a fé e são impelidos pela sua alegria em espalhar com os outros o dom que eles receberam” (Communio 1998:481).

Na realidade o cardeal Ratzinger já deixava aí o que pensava estar nestes movimentos e que não encontrava fora deles: Deus – “o mundo sem Deus não pode ser bom”, refere.

 

Mas onde se encontra o problema entre as Igreja locais e os movimentos? “Uma empobrecedora ideia da Igreja que absolutiza a estrutura eclesial local e que não pode tolerar uma nova classe de pregadores” (Communio 1998:297).

Mas a resposta ainda não está dada. Sabemos que Ratzinger gosta dos movimentos, mas não chegámos, ainda, ao seu pensamento mais profundo: “em ordem a não deixar mal entendidos, devo dizer claramente aqui que os movimentos apostólicos aparecem de formas sempre variadas através da história – necessariamente, porque eles são a resposta do Espírito Santo às mudanças que ocorrem nos locais onde a Igreja vive”.

 

Movimentos

São as associações de fiéis, fortemente estruturadas e de grande dinamismo, tendo como fim a defesa e a promoção dos valores prosseguidos pela Igreja. Surgiram no séc. XIX, merecendo referência: o Movimento Ecuménico; Movimento Litúrgico; os Movimentos Católicos do tempo da Pio IX (1848), inicialmente para defesa dos direitos da Igreja ameaçados pelas ideias do tempo; depois, com a progressiva sensibilização aos graves problemas causados pelo liberalismo económico, deram origem aos movimentos sociais, de que foi paradigmático o Movimento Social Católico animado por Monsenhor Ketler, Arcebispo de Mogúncia. Frutos deste movimento foram a Encíclica Rerum novarum (1891), os círculos católicos operários e os Movimentos de Democracia Cristã, de que a expressão portuguesa foi o CADC de Coimbra (Centro Académico de Democracia Cristã). Tais movimentos, juntamente com outros de feição mais apostólica surgidos no tempo de S. Pio X, resultaram nos Movimentos de Acção Católica, de grande dinamismo evangelizador, que tiveram o seu desenvolvimento maior no tempo de Pio XI e Pio XII. Com a abertura do Concílio Vaticano II a formas menos estruturadas, têm surgido, ao lado da Acção Católica múltiplas associações de fiéis, em geral dando mais atenção à vida espiritual dos seus membros do que ao seu ardor apostólico. São muitos os movimentos laicais existentes na Igreja em Portugal, de que se podem ter notícias no Anuário Católico de Portugal.

 

In Enciclopédia Católica Popular

 

Dar voz aos movimentos

Respondendo ao apelo do Papa Bento XVI, a VOZ DA VERDADE inicia na próxima edição uma rubrica que pretende dar a conhecer os diversos movimentos laicais presentes na Diocese de Lisboa.

Ao ritmo de um movimento por semana, é intenção do jornal dar voz aos movimentos, muitas vezes apelidados como o "futuro da Igreja", e, por outro lado, dar a conhecer o seu trabalho e missão.

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