Cáritas de Lisboa |
Balanço
A Cáritas Diocesana de Lisboa e as Migrações
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“Que a Igreja não seja uma alfândega 
para selecionar quem entra e quem não entra.”

Papa Francisco


O final do ano é, inevitavelmente, um tempo de balanços. E no que diz respeito às Migrações, a atuação da Cáritas Diocesana de Lisboa manifestou-se em diversas frentes, na medida em que a integração é um processo complexo.

Inspirada pela "cultura do encontro" proposta pelo Papa Francisco, a Cáritas Diocesana de Lisboa busca ser uma força transformadora, acolhendo, escutando e respondendo às necessidades das pessoas migrantes em situação de maior fragilidade.

Além do cuidado tecnicamente adequado, as pessoas precisam de relação, pertença e inclusão. Este olhar único sobre a pessoa, é um passo indispensável no caminho da integração. Este encontro exige proximidade, encaminhamento e construção de uma rede de apoio.

É necessário acolher a pessoa na sua totalidade, nas suas necessidades, aspirações e medos. É essencial compreender, reconhecer a identidade, os valores, a condição, a cultura e o contexto. É fulcral que a pessoa se sinta integrada e valorizada na sua individualidade, de forma fortalecer a sua autonomia, para a construção de um futuro mais promissor.

Através do CLAIM Cascais, da Cáritas Diocesana de Lisboa, o passado ano foi marcado por um apoio direto a 403 pessoas migrantes, representando 34 nacionalidades distintas. Esse suporte desdobra-se em atendimentos, aconselhamento e acompanhamento e estende-se ainda a questões como educação, saúde, trabalho e apoios sociais, procurando resolver, em parceria com outras entidades, diversos desafios enfrentados pelas pessoas migrantes.

Neste caminho de amor e de serviço, conhecemos histórias de vida muito diferentes, como a de um utente do CLAIM Cascais, nascido na Guiné-Bissau, que para além de ter encontrado no CLAIM o apoio necessário no processo de regularização, encontrou ainda outro encaminhamento: “Ajudou muito também na escola, para aprender português e no banco alimentar.”, acrescentando ainda sobre a Técnica que o acompanha: “Ela preocupa-se sempre com a minha situação (...) marcou o meu coração.”

Além desta intervenção direta, a Cáritas Diocesana de Lisboa possui um programa de disseminação de conhecimento dirigido aos agentes sociais que contactam diariamente com pessoas migrantes, com vista a potencializar o acolhimento e apoio à integração de forma mais eficaz.

Através do Programa LIGAR, a CDL tem capacitado e sensibilizado voluntários e profissionais de instituições sociais que apoiam aqueles que migraram para Portugal. No ano transato, multiplicaram-se as ações de formação e ainda as reuniões de boas práticas com parceiros nacionais e internacionais. Foram mais de 40 sessões de capacitação, uma ampla gama de recursos especializados, nomeadamente, guias, folhetos e boletins informativos e mais de uma dezena de entidades parceiras envolvidas.

O LIGAR, cujas metodologias participativas e abordagem personalizada têm sido muito valorizadas pelos participantes, destaca-se enquanto Programa transformador. Os participantes salientam ainda o empenho da Cáritas Diocesana de Lisboa em fornecer as ferramentas necessárias para lidar com as complexidades e desafios que as migrações apresentam.

Os participantes valorizam igualmente o facto de o Programa LIGAR promover a criação de redes de apoio e parcerias com outras instituições e organizações, ampliando e fortalecendo a capacidade de atuação no contexto das migrações e permitindo ainda uma troca de experiências e boas práticas.

Destacamos as palavras de um dos participantes: “Numa resposta que se pretende que seja diferenciadora e com real impacto na vida de tantas pessoas forçadas a sair do seu país, o LIGAR trouxe-nos a oportunidade de parar, refletir e melhorar competências, através de um processo verdadeiramente colaborativo e participativo.”

Neste novo ano que se aproxima, a Cáritas Diocesana de Lisboa mantem o seu compromisso em contribuir de forma efetiva para que todos sejam acompanhados no seu percurso de vida, não apenas para suprimir as necessidades básicas, mas para que possam dar o melhor de si mesmos, implementando respostas que não perpetuam dependências e promovendo a inclusão e valorização de cada pessoa. 

Este compromisso é não só um ato de justiça, mas também uma expressão de amor, seguindo o mandato de Jesus Cristo: “Fui estrangeiro e vocês acolheram-me”.

 

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Cáritas de Lisboa celebrou o Dia Mundial dos Pobres com a Cáritas Paroquial da Damaia

“Cheguei a usar o óleo da lata do atum para poder cozinhar”

 

O Dia Mundial do Pobres foi estabelecido pelo Papa Francisco em 2016. Este ano, a Cáritas Diocesana de Lisboa (CDL) desafiou a nossa Cáritas Paroquial da Damaia a celebrá-lo de forma diferente. A ideia era convidar todas as famílias que apoiamos, para virem almoçar connosco nesse dia.

Nós não fazemos distinção entre credos, raça, sexo, nacionalidade, nada! Apoiamos cerca de 150 famílias, nomeadamente com alimentos, roupa, material escolar, medicamentos, etc. Ao acolhermos estas famílias, temos sempre a preocupação de pensar em como faria Jesus se estivesse ali no nosso lugar. Sabemos que não somos como ele. Nunca faremos como só ele saberia fazer, mas tentamos dar o nosso melhor. Temos sempre a preocupação de ouvir as famílias, sem pressa, sem julgar, com empatia. O acolhimento é muito importante para todos, mas é-o principalmente para quem está mais fragilizado.

Na preparação deste dia, começámos por nos colocarmos no lugar de cada uma daquelas famílias e de como gostaríamos de ser convidados para esta celebração. Bastaria fazer um anúncio nas redes sociais? Enviar-lhes uma mensagem? Sim, porque muitos não vão à missa. Chegámos rapidamente à conclusão de que todos gostamos de nos sentir especiais para os outros. Decidimos personalizar os convites e contactar cada uma das famílias diretamente. Telefonámos a cada uma delas e dissemos-lhes que estávamos a pensar fazer um almoço aberto a toda a comunidade, oferecido pelos voluntários, e que tínhamos muito gosto na presença daquela família concreta. A adesão ultrapassou as nossas expectativas. As pessoas ficaram agradavelmente surpreendidas com o convite. Sentiram, de facto, que as consideramos.

Não tínhamos muitos voluntários e o desafio ficou maior. Era muita gente, mas, ao mesmo tempo, havia uma alegria contagiante no que estávamos a fazer e o número de voluntários para ajudar começou a aumentar. O entusiasmo de todos era enorme. Alguns paroquianos desmarcaram compromissos importantes para ajudarem. Cada um começou a oferecer-se para fazer e trazer coisas para o almoço. Fizemos uma lista de tudo o que precisávamos e organizámo-nos. A entreajuda foi fantástica.

No dia começámos cedo. Havia muitas mesas para montar. A comida estava sempre a chegar. Tudo tinha sido preparado com muito empenho. As pessoas estavam felizes. Começámos com a missa dominical. Naquele dia acho que ainda participámos com mais devoção. No almoço, de repente, tínhamos aquelas famílias, que vemos tantas vezes, ali sentadas connosco à mesa. Estavam felizes! Era inegável o que os seus rostos espelhavam. 

Terminámos com uma breve apresentação daquilo que faz a Cáritas Paroquial, com o testemunho de voluntários, de famílias anónimas, de famílias apoiadas e lançámos o desafio a novos voluntários. Daquele evento fantástico nasceram novos voluntários que nos permitem pensar em novos projetos. Não podia ter sido melhor!

texto por Cáritas Paroquial da Damaia

 

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Testemunho de duas famílias apoiadas e de uma voluntária

«Sou mãe solteira, com 3 filhos menores de 5, 8 e 12 anos O momento em que pedi ajuda pela primeira vez foi na altura da pandemia. Estava muito necessitada. Atualmente, ainda necessito de ajuda. Os meus filhos não têm qualquer ajuda por parte do pai. O assunto está em tribunal, mas ele não cumpre.

O meu filho mais pequeno entra às 9h na escola e tenho um filho que sai às 15h e outro às 17.30h. Não tenho com quem deixá-los e isso não me permite trabalhar a tempo inteiro. Mas como preciso muito, faço limpezas das 6.30h da manhã até cerca das 8h para vir para casa e levar o meu filho à escola. Ao sábado de manhã, trabalho para compensar. Recebo 290 euros. Soube do apoio da Cáritas Paroquial da Damaia através de uma pessoa conhecida. Este apoio ajuda-me muito. Cheguei a não ter dinheiro nem comida em casa. Desde que comecei a receber ajuda na igreja, através da Cáritas Paroquial, nunca mais tive falta de comida em casa. É muito bom quando me chamam ao sábado para receber os excedentes alimentares do supermercado. Há bens que são muito caros, como o azeite e o óleo, e que nunca poderia comprar. Cheguei a usar o óleo da lata do atum para poder cozinhar. Depois de receber a vossa ajuda, nunca mais precisei. Os voluntários preocupam-se comigo. Perguntam sempre se há alguma coisa que me esteja a fazer mais falta em casa naquele momento. É muito bom saber que se preocupam comigo.»

 

«É com o coração cheio de gratidão que quero agradecer à Cáritas Paroquial da Damaia por me terem dado do vosso tempo, para me apoiarem e me possibilitarem suportar as adversidades de um recomeço. Vocês são peças fundamentais e me encorajam, para aos poucos voltar a ter forças e esperança para continuar. Eu descobri que não estou sozinha, pois nos momentos de dificuldade tive o vosso apoio. Obrigada por nos terem estendido a mão.»

 

«Doar o nosso tempo (que é igual para todos: 24h/dia!) além de um ato de cidadania, é a verdadeira essência do "ser cristão": partilha e dedicação ao outro gratuitamente.

E garanto que se dou, também recebo muito: um sorriso, um agradecimento, uma bênção. O ouvir, muitas vezes, é o que falta, além da distribuição dos bens alimentares. O ouvir e uma palavra de conforto fazem milagres.» (Voluntária Cristina Vinagre)

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