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Isilda Pegado
A UNIÃO EUROPEIA e a CULTURA CRISTÃ

1. É impossível ignorar a nossa pertença à União Europeia. Todos os dias, em muitas circunstâncias, somos confrontados com regras, orientações, procedimentos, políticas etc., que são ditadas pela UE e que entram diretamente na nossa vida.

2. Não ignoramos as vantagens que a adesão à UE trouxe para o País, e continua a trazer (vg. PRR que, dizem-nos, tanto dinheiro trará ao País), a nível económico, da liberdade de circulação, das sinergias científicas, na questão de segurança ou ainda, dos apoios aos Países mais carenciados (África). Entre outras.

3. Também reconhecemos que perante a dimensão das grandes Economias do Mundo (EUA, China, India, etc.) os países Europeus, em parte, têm ganhos por não estarem isolados nessa competição.

4. Contudo, a UE não pode “eliminar” ou homologar os Países que a compõem. Tanto assim, que está claramente expresso no Tratado de Lisboa (o mais recente e mais completo Tratado da UE) o Princípio de subsidiariedade, do qual resulta que deverá sempre existir a primazia dos Valores e Leis dos Estados Membros em matérias como a Educação, a Saúde, o Urbanismo, a Organização Económica, a cultura, etc. Isto é, há que salvaguardar a identidade de cada Povo que compõe a UE.

5. Contudo… nas últimas 2 décadas, temos assistido a tomadas de posição, quer do Parlamento Europeu, quer de outras entidades (por exemplo a Presidente da Comissão), que invocando os Direitos Fundamentais de união, são claramente uma intromissão ideológica dentro da soberania e “modus Vivendi” de cada Estado.

Falo, como é bom de ver, das “questões fraturantes” ou melhor, estruturantes, que tanto identificam a Política do nosso tempo.

6. Essas intromissões, ou invasões ideológicas da soberania dos Estados são sempre feitas com muita “habilidade”. Conscientes de que são ofensivas dos Tratados da UE, aparecem-nos “Resoluções”, “Declarações” (por vezes até de simples Comissões) que pretendem definir aquilo que chamam “a saúde reprodutiva da mulher”, ou o acesso e “apoios à reprodução”, “Igualdade de género”. Que não é mais do que uma forma de criar esta “Nova Era” ou uma nova mentalidade a favor do aborto, da manipulação genética, do uso de embriões humanos, da ideologia de género, etc., etc. Não são Leis…, mas vão-se mudando as mentalidades…

7. O caso de Malta é paradigmático. Antes de entrar na UE, era um País profundamente católico, que sancionava todo o tipo de aborto, com leis protetoras do casamento e da Família. Volvidos estes 18 anos, esse edifício jurídico está profundamente contestado (o aborto continua proibido) com as chamadas questões de ideologia de género a entrar nas Leis do País. Entre outros atentados à Família.

8. É que, tenhamos consciência, aquela endoutrinação da UE aos cidadãos dos Estados membros chega mesmo a ser condição imperativa para aprovação de Financiamentos e Projetos por parte dos Órgãos da UE.

9. Aqui chegados, e embora se pudesse desenvolver muito mais este perigo/atentado ideológico que vem da UE (e que claramente atenta contra os valores cristãos – direito à Vida, primado de família, princípio da subsidiariedade, liberdade de expressão, etc.) há que tomar consciência do peso que têm as decisões políticas Europeias.

10. Conhecendo bem, alguns (bravos e valentes) Deputados Europeus que se têm batido contra este “abuso” da UE, contra esta agenda ideológica que nos retira a liberdade, contra o Poder que tenta destruir esta Civilização Ocidental de raízes Cristãs, concluímos que é necessário alterar o equilíbrio de forças no Parlamento Europeu. Este depende diretamente do nosso voto.

11. Vêm aí eleições para os próximos 5 anos. É preciso ter consciência deste Poder (quase oculto) a que somos chamados a definir. Não o deixemos por mãos alheias. Ao cristão pede-se que “esteja no mundo” com todas as suas circunstâncias.

 

Bom Ano de trabalhos!

 

Isilda Pegado
Presidente da Federação Portuguesa pela Vida