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Boletim médico #29
Doenças da tiróide na gravidez
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No dia 9 de setembro, assinala-se o Dia Mundial da Grávida. A gravidez é um processo natural que, na maioria dos casos, decorre sem problemas. Contudo, há por vezes situações que exigem um acompanhamento regular e atento pelo endocrinologista, antes, durante e após a gravidez. A disfunção tiroideia – hipo e hipertiroidismo – e a tiroidite auto-imune são algumas das condições mais frequentes, nas grávidas.

Avaliar a função tiroideia da grávida pode ser importante, principalmente nos casos em que há risco ou histórico de doença da tiróide. O desenvolvimento do feto, sobretudo a nível neurológico, até por volta das 16 semanas de gestação, depende dos níveis das hormonas tiroideias da mãe, uma vez que a sua tiróide ainda não está totalmente desenvolvida. Embora, atualmente, não existam recomendações a defender um rastreio de disfunção tiroideia universal, trata-se de uma análise de sangue bastante simples, que pode ser incluída facilmente no meio dos exames que todas as grávidas acabam por fazer.

Nos casos de disfunção tiroideia, podem chegar a ser necessárias consultas de endocrinologia mensais, ou de dois em dois meses, sobretudo na primeira metade da gravidez, em que são avaliadas principalmente as concentrações de hormonas tiroideias e TSH no sangue, para as quais temos alvos particulares nas grávidas. Na segunda metade da gravidez, em geral, a vigilância é aligeirada, uma vez que o feto passa a ter uma tiróide funcionante. Em todo o caso, no pós-parto, a disfunção deve ser reavaliada.

A patologia tiroideia, nomeadamente, o hipotiroidismo e o hipertiroidismo, podem reduzir a fertilidade. Além disso, o hipotiroidismo associa-se a desfechos obstétricos nefastos, como o parto pré-termo, e pode induzir alterações profundas no desenvolvimento neurológico fetal, ao passo que a tiroidite auto-imune está associada a uma taxa maior de abortos, no primeiro trimestre. Por estas razões, é essencial diagnosticar, idealmente na fase de pré-conceção e até ao fim do primeiro trimestre, e tratar atempadamente a disfunção tiroideia materna. Isto é mais importante ainda em mulheres com fatores de risco para estas doenças (por exemplo, mulheres com doenças auto-imunes ou história familiar de hipotiroidismo) e, obviamente, naquelas com doença tiroideia já conhecida. Esta abordagem permitirá ao endocrinologista corrigir alguma disfunção tiroideia pré-existente e evitar complicações fetais. Umas simples análises com doseamento de TSH e T4 livre, na fase de pré-concepção ou logo que se tenha conhecimento de uma gravidez, permitem identificar estas situações atempadamente.

É também importante ter em conta que nem toda a medicação para o tratamento das disfunções da tiroide pode ser tomada por grávidas, podendo mesmo ser necessário adiar os planos de engravidar, no caso de ter sido feita terapêutica com iodo radioativo há menos de 4 meses. Este facto reforça a importância do planeamento familiar, para identificar riscos e doenças pré-existentes, e, no caso das doentes com doença endócrina, de consultarem o médico endocrinologista antes da conceção.

Apesar das suas consequências graves, alguns tipos de disfunção tiroideia identificados na gravidez podem ser transitórios. Assim, uma reavaliação no pós-parto é fundamental, para verificar se os sinais da doença se mantêm.

 

Hélder Simões
Endocrinologista no Hospital CUF Tejo - Unidade da Grávida, no Hospital CUF Descobertas e na Clínica CUF Belém

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