Lisboa |
Scholas Occurrentes em Cascais vai receber o Papa Francisco
“Papa quer ouvir os jovens”
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Criado pelo Papa Francisco quando ainda estava na Argentina, o Scholas Occurrentes está presente em 190 países e também em Portugal, mais concretamente em Cascais. Este movimento educativo internacional, que o Papa vai visitar no dia 3 de agosto, procura “ouvir os jovens” e criar a “cultura do encontro”.

 

Do programa oficial da visita do Papa Francisco a Portugal, no próximo mês de agosto, além da visita ao Bairro da Serafina – e de todos os momentos e celebrações na JMJ Lisboa 2023 e encontros protocolares – saltava à vista a visita à sede do Scholas Occurrentes, em Cascais, um movimento educativo internacional que nasceu em Buenos Aires, em 2001, por iniciativa do então arcebispo local, cardeal Jorge Mario Bergoglio, hoje Papa Francisco. “A visita do Papa aqui a Cascais, à sede do Scholas Occurrentes, é uma surpresa grata”, refere, ao Jornal VOZ DA VERDADE, o jovem argentino Francisco Martín, que coordena o movimento em Portugal. “Sabemos que o Papa criou o movimento e que há sempre a possibilidade de haver um espaço para ele ouvir os jovens através de um encontro de Scholas. Por isso, era uma possibilidade; mas, quando percebemos que isto é real, é uma alegria imensa, é uma surpresa e uma responsabilidade, também”, acrescenta este jovem. A comunidade “está agora a criar um espaço para ouvir o Papa, para conseguir estar com ele, para partilhar as suas criações”. “E isso é uma alegria imensa”, sublinha.

Francisco Martín, de 31 anos, refere que participou uma vez na Missa com o cardeal Bergoglio, mas não teve “um contacto próximo”. “Só conheci o Papa Francisco a partir das Scholas. Tive a sorte de o poder cumprimentar no encontro que fizemos em Roma, em 2016. Depois disso, tive outro encontro quando o Papa esteve no Peru, em janeiro de 2018, e depois outra vez em Roma. É uma pessoa incrível, um líder espiritual e social. É alguém que consegue criar um espaço na cultura para criar algo novo”, considera este argentino, assumindo que “está a ser muito trabalhoso” preparar a visita do compatriota, prevista para acontecer na manhã de dia 3 de agosto. Quando questionado sobre o que quer dizer ao Papa, é taxativo: “Não, não. Eu vou ouvir o Papa! Nós procuramos sempre que sejam os jovens a terem a possibilidade de falar com o Papa. Queremos que os jovens da comunidade deem testemunho da experiência. E espero que todo o mundo tenha mais possibilidade de ouvir o Papa Francisco”, deseja o coordenador do Scholas Occurrentes.

 

“Cultura do encontro”

Scholas Occurrentes é, atualmente, um movimento educativo internacional, presente em 190 países de todos os cinco continentes. “Em 2001, a Argentina vivia uma crise social, económica e política. Toda a gente gritava, na rua, o tempo todo. Também na escola, em particular o ensino secundário, a educação falava de outras coisas… Então, nessa altura, o cardeal Bergoglio chamou diretores de diferentes escolas, quer públicas, quer privadas, quer de diferentes religiões. Ele queria chamar os jovens para escutar o que estava a acontecer com as suas vidas. A intuição dele, do cardeal Bergoglio, era que a educação e a vida se começaram a separar uma da outra. O movimento quis então juntar jovens, para os ouvir, para saber o que estava a acontecer nas suas vidas, e conseguir, com eles, dar uma resposta que fosse criativa, única, singular, como cada pessoa é. No fundo, um espaço de liberdade, mas que faça sentido na vida das pessoas”, resume o responsável do projeto em Portugal.

A palavra de ordem é, por isso, a “cultura do encontro”. “Todos os nossos diferentes projetos são isso: ouvir os jovens, procurar que as pessoas se encontrem umas com as outras e criar uma cultura do encontro. Esta é uma proposta que procura criar uma cultura diferente, a partir do encontro entre pessoas diferentes. O Papa acredita – e nós, que fazemos parte disto, também – que uma educação que não escuta, não educa; uma educação que não cria cultura, não educa; e uma educação que não ensina a celebrar a vida, não educa. Por isso, nós procuramos escutar, criar e celebrar”, explica Francisco Martín.

 

Três linguagens

Para criar a tal “cultura diferente”, a tal “resposta nova”, este projeto educativo socorre-se de “três linguagens onde permanece o ser humano, onde bate a vida, como diz o Papa Francisco”. Desde logo, a arte. “Seja pintura, música, dança, onde pessoas diferentes conseguem encontrar-se e expressar-se, sem perder a sua própria singularidade”, explica. Depois, o jogo. “Jogar, brincar. O desporto é uma expressão do jogo, mas também o teatro. O mundo de hoje esqueceu a importância de brincar”, lembra. Finalmente, o “pensamento contemplativo. “O Papa fala disto na encíclica Laudato si’. Ter um pensamento aberto, que se consiga espantar com a vida, que consiga refletir sobre o que está a acontecer”, resume.

Francisco Martín conversa, descontraidamente, com o Jornal VOZ DA VERDADE numa grande sala na sede do movimento, em Cascais. “Eu ainda nem acredito que o Papa vai estar aqui!”, diz, com os olhos a brilhar e as mãos na cabeça. “Espero, sinceramente, que seja uma oportunidade para perceber como continuar a criar uma nova cultura. Os jovens têm a possibilidade, e nós temos a responsabilidade, de criar uma coisa nova”, ambiciona este responsável, destacando também o “muito carinho” que tem sentido por parte de toda a população de Cascais. “As pessoas que antes já gostavam do Scholas Occurrentes ficaram muito entusiasmadas. E as pessoas e associações com quem ainda não tínhamos falado, também. Esta visita é uma oportunidade para nós, enquanto Scholas, mas também para a vila de Cascais, de criarmos uma coisa juntos. O facto de o Papa vir cá faz com que tenhamos uma comunidade, toda junta, a trabalhar para a mesma coisa. E isso é bom”, frisa o coordenador do movimento Scholas Occurrentes em Portugal.

 

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O jovem argentino que coordena o Scholas Occurrentes em Portugal

Argentino, natural de Buenos Aires, o jovem Francisco Martín, de 31 anos, é o coordenador do movimento Scholas Occurrentes no nosso país. “Cheguei a Portugal em março do ano passado e estou cá em definitivo desde agosto. Vim por convite do José María del Corral, presidente do movimento que é sempre muito próximo das pessoas da comunidade, para tentar acrescentar ao trabalho que o Scholas já tem feito. Tentar fazer crescer mais um bocado. Além disso, era também uma necessidade da comunidade”, explica este jovem, que integra o Scholas Occurrentes há oito anos, sempre na Argentina: “Tinha interesse em fazer uma experiência noutro lugar, como Portugal, e aprender um idioma novo. Quando fazemos parte do Scholas, fazemos parte do mundo! Já visitei muitos países na América Latina, na Europa e até na Ásia. Com o Scholas, tive a oportunidade de conhecer o mundo todo, praticamente”.

Francisco namora “há quatro, cinco anos”, com “uma argentina”, que também integra o projeto no nosso país. “Estamos a gostar muito! Portugal é um país incrível. Nunca cá tinha estado e as pessoas são muito educadas, abertas a acolher pessoas, a sociedade sempre acolheu bem os imigrantes e comigo foi a mesma coisa”, garante Francisco Martín, salientando que de Portugal “conhecia o futebol, em especial o Cristiano Ronaldo e o Figo”. “Não conhecia muito mais, mesmo a música, o fado, foi uma coisa nova para mim, tal como a cozinha, que é incrível, a única, simples e original”, considera o argentino, que é coordenador do movimento Scholas Occurrentes no nosso país.

 

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JMJ: um mural que será “uma única obra”

Na preparação para a Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023, o Scholas Occurrentes tem estado a criar um mural singular. “Estamos a trabalhar no projeto ‘Vida entre mundos’, que procura que toda a comunidade de Cascais fique envolvida. Através da arte, que cada associação, cada comunidade, cada grupo de jovens, de idosos e de crianças consiga ter um espaço onde possa partilhar a sua própria vida, a sua realidade e consiga expressar isso através de uma pintura”, explica Francisco Martín. Todas as pinturas vão depois ficar “numa única obra”. “Será um mural, longo, para que todos consigam fazer parte de uma única obra, mas sem perder a sua própria singularidade. Para nós, Scholas, o projeto ‘Vida entre mundos’ é uma síntese da nossa pedagogia. Porque o importante acontece entre as pessoas, entre mundos”, resume.

 

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O Scholas Occurrentes em Portugal

O movimento educativo internacional Scholas Occurrentes chegou a Portugal em 2018, mais concretamente a Cascais. “A partir daí, o movimento começou a crescer e a Câmara Municipal de Cascais, em 2019, deu a oportunidade de ter este espaço, a antiga Escola Conde de Ferreira. Foi nesse ano que tivemos a inauguração da sede em Portugal”, conta o coordenador, Francisco Martín. Nestes quase cinco anos, já trabalharam “com 17 escolas, das 20 que existem”. “É um número bom”, considera o responsável. “Além disso, estamos também a trabalhar com seniores, pessoas idosas. A notícia da visita do Papa fez com que mais pessoas estejam resolvidas no projeto e temos praticamente toda a comunidade envolvida, inclusive com associações que trabalham com pessoas com deficiência. Este é um projeto que quer envolver a maior quantidade de pessoas, de diferentes realidades económicas, sendo inclusivos nesse sentido”, salienta Francisco.

Na sede, no número 11 da Rua Gomes Freire, em Cascais, trabalham cerca de 30 voluntários, “de diferentes partes do mundo”. “Temos tido muito apoio da Câmara Municipal de Cascais, não só com este espaço, da sede, mas com muito apoio para as atividades. Eles ficaram muito envolvidos com o projeto”, refere, satisfeito, o coordenador do Scholas Occurrentes em Portugal.

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