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Roma
“Nunca se deve matar em nome de Deus”
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O Papa Francisco destacou como “o testemunho do sangue pode aproximar pessoas de diferentes religiões”. Na semana em que elogiou o papel da vida consagrada na resposta aos “mais frágeis e marginalizados”, o Papa defendeu São João Paulo II, valorizou o trabalho de uma fundação espanhola com pessoas com deficiência e escolheu o tema para o Dia Mundial dos Avós e dos Idosos 2023.

 

1. O Papa sublinhou, na audiência-geral de quarta-feira, 19 de abril, o valor do testemunho da multidão dos mártires, “homens e mulheres das mais diversas idades, línguas e nações, que deram a vida por Cristo”. Na catequese dedicada ao zelo apostólico, Francisco afirmou que depois da geração dos apóstolos, os mártires foram as “testemunhas” por excelência do Evangelho. Porém, “não devem ser vistos como ‘heróis' que agiram individualmente, como flores despontadas num deserto, mas como frutos maduros e excelentes da vinha do Senhor, que é a Igreja”, sublinhou, na Praça de São Pedro, recordando, de modo especial, a situação que se vive no Iémen, “uma terra há muitos anos ferida por uma guerra terrível, esquecida, que causou tantos mortos e ainda hoje faz sofrer tantas pessoas, especialmente crianças”. Sem esquecer as dificuldades que têm sofrido as irmãs Missionárias da Caridade (fundadas por Madre Teresa de Calcutá), algumas delas assassinadas por serem cristãs, o Santo Padre elogiou o “testemunho resplandecente de fé” destas religiosas que ainda hoje estão presentes naquele país, onde oferecem assistência a idosos enfermos e a pessoas portadoras de deficiência.

No Iémen, além das religiosas, também foram assassinados alguns leigos cristãos e muçulmanos que trabalhavam com as religiosas. “É comovedor ver como o testemunho do sangue pode aproximar pessoas de diferentes religiões”, disse Francisco. “Nunca se deve matar em nome de Deus, pois para Ele somos todos irmãos e irmãs. Mas juntos podemos dar a vida pelos outros”, concluiu.

Antes da bênção final, o Papa pediu a todos para preservar na oração e proximidade para com a “querida e martirizada Ucrânia que continua a suportar terríveis sofrimentos”.

 

2.  Ao receber os membros da ‘Comunidade das Bem-Aventuranças’, família eclesial nascida em França há 50 anos, o Papa elogiou o papel da vida consagrada na resposta aos “mais frágeis e marginalizados”. “É bonito saber que, na maioria das casas localizadas no Ocidente, organizaram centros de escuta para quem se encontra em dificuldades e que este serviço foi alargado às prisões. É importante que todos os que sofrem e se sentem sós possam encontrar lugares para ser ouvidos e acolhidos”, referiu Francisco, no dia 17 de abril, num discurso divulgado pela Sala de Imprensa da Santa Sé e que alertou para “uma sociedade poluída pela cultura do descarte”.

O Papa não proferiu o discurso previsto, mas entregou-o aos membros da comunidade, agradecendo-lhes a visita e o “testemunho”. “Sigam em frente, com coragem! Ver uma família assim, com uma esperança, é muito importante. Vão em frente, com coragem e com um sorriso! Obrigado”, disse.

 

3. Francisco saiu em defesa de São João Paulo II, na sequência de insinuações no caso do desaparecimento da jovem Emanuela Orlandi, em 1983. “Estou certo de interpretar o sentimento dos fiéis de todo o mundo. Dirijo um pensamento grato à memória de São João Paulo II nestes dias objeto de ilações ofensivas e infundadas”, afirmou Francisco, durante o Regina Caeli, no passado Domingo, 16 de abril. A declaração do Papa responde, indiretamente, a declarações de Pietro Orlandi, irmão de Emanuela Orlandi, filha de um funcionário do Vaticano que desapareceu no centro de Roma, no dia 22 de junho de 1983.

Na janela do apartamento pontifício, Francisco mostrou-se ainda preocupado com os combates no Sudão, entre o exército e um grupo paramilitar, que fizeram dezenas de mortos e centenas de feridos. “Rezemos pelas vítimas pedindo a Deus que o mundo não viva mais o desânimo da morte violenta pela mão do homem, mas o espanto da vida que ele dá e renova com a sua graça. Sigo com preocupação o que se está a passar no Sudão. Estou próximo do povo sudanês tão marcado por provações. Convido a rezar para que se deponham as armas e prevaleça o diálogo para que se retome a paz e a concórdia”, declarou.

 

4. O Papa Francisco valorizou o trabalho que a Fundação «Madre de la Esperanza de Talavera de la Reina», originária de Toledo, em Espanha, desenvolve com as pessoas com deficiência e com as suas famílias. “Vocês são as mãos de Jesus, quando trabalham juntos. Sois também os seus pés, a sua voz, o seu coração, quando sais para partilhar com os outros a alegria de O ter encontrado”, referiu, numa audiência, no dia 15 de abril, aos membros da fundação que celebra 50 anos de trabalho e “crescimento conjunto”.

Francisco quis valorizar o trabalho que as pessoas desenvolvem na fundação, indicando que “uma coisa tão pequena” é resultado da capacidade de cada um, sendo que “o resultado final pertence a todos”. “Como seria importante se no trabalho de cada pessoa pudéssemos ver toda a ilusão de aprendizagem, a paciência dos seus professores para os ensinar, o trabalho de equipa que é capaz de fazer convergir as diferentes capacidades de cada um num resultado final que pertence a todos. E todo este amor, numa coisa tão pequena… Parece incrível”, reconheceu.

 

5. ‘A sua misericórdia se estende de geração em geração’, lembrando a visita de Maria a sua prima Isabel, é o tema do 3.º Dia Mundial dos Avós e dos Idosos, escolhido pelo Papa Francisco, que “expressa a ligação” com a próxima Jornada Mundial da Juventude. “O tema da JMJ [Lisboa 2023] ‘Maria levantou-se e partiu apressadamente’ (Lc 1, 39) mostra a jovem Maria que se propôs a visitar sua prima idosa Isabel e proclamar alto, no Magnificat, a força da aliança entre jovens e idosos”, refere o Dicastério para os Leigos, Família e Vida do Vaticano.

O 3.º Dia Mundial dos Avós e dos Idosos vai ser comemorado no dia 23 de julho, Domingo.

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