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Boletim médico #21
Mais qualidade de vida para portadores de pacemakers e desfibrilhadores
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Os pacemakers e desfibrilhadores implantáveis não escapam à inovação tecnológica e os modelos mais avançados, já disponíveis em Portugal, permitem melhorar a qualidade de vida dos doentes e prevenir complicações.

A evolução tecnológica tem sido contínua nos dispositivos eletrónicos cardíacos implantáveis – como é o caso do pacemaker e do cardioversor-desfibrilhador. Nos últimos tempos surgiram alterações que podem ter um impacto muito grande, não só na melhoria da qualidade de vida de quem os usa, mas também nas disfunções dos próprios aparelhos. A principal razão prende-se com os elétrodos, isto é, com os fios, que são o elemento mais frágil dos sistemas eletrónicos que se implantam no coração. Com efeito, os fios (eletrocateteres) que ligam o pequeno aparelho ao coração sofrem uma atividade mecânica de milhões de batimentos ao longo do tempo, o que faz com que alguns (entre 5% a 8%) possam avariar ao fim de 10 a 12 anos. Como consequência, podem surgir falhas e os dispositivos deixam de cumprir a sua função, levando a eventuais complicações de saúde para o doente.

De forma a contornar o problema, há novos pacemakers que não têm fios e os mais recentes cardioversores desfibrilhadores são totalmente subcutâneos, ou seja, são implantados por baixo da pele sem que os fios entrem no coração ou nos vasos. Neste último caso, as vantagens também são muitas, já que os fios são poupados à tensão constante provocada pelos batimentos cardíacos e não são responsáveis por eventuais problemas vasculares, como a oclusão de uma veia.

Tendo em conta a inovação que representam, estes equipamentos são usados em situações muito específicas. Entre os potenciais candidatos, destaca-se quem faz hemodiálise, pois de cada vez que estas pessoas fazem uma sessão há facilidade de entrada de bactérias em circulação e, se houver fios dentro dos vasos do coração, a possibilidade de haver infeção aumenta. Embora rara, esta situação é possível e as consequências são muito graves, levando à necessidade de extração dos elétrodos. Mas se não houver fios o problema não se coloca.

Quem também poderá beneficiar são as pessoas com doenças geneticamente transmissíveis que podem causar arritmias e, consequentemente, morte súbita. Ou ainda as crianças a quem muito cedo é diagnosticada uma doença cardíaca, após reanimação. O pacemaker sem fios constitui também uma hipótese para doentes cujo acesso ao coração está comprometido, devido a problemas vasculares ou a várias cirurgias prévias ao coração. Mas para todos há necessidade de ponderar bem o risco que correm e os benefícios que resultam da utilização destes dispositivos, que são necessariamente mais caros que os outros.

Além dos pacemakers sem fios e dos desfibrilhadores subcutâneos, a evolução trouxe também os registadores de eventos. Estes pequeníssimos aparelhos são colocados por baixo da pele, como um chip, e têm como função monitorizar o ritmo cardíaco de forma contínua. Trata-se de uma ferramenta de diagnóstico que beneficia dos avanços em nanotecnologia e a sua implantação é recomendada pelas guidelines internacionais em casos concretos. Por exemplo, quando não se consegue perceber as razões pelas quais alguém desmaia frequentemente ou em doentes que tiveram um acidente vascular cerebral sem causa definida.

Portugal foi um dos primeiros a implantar pacemakers sem fios. Tal acontece porque temos uma eletrofisiologia cardíaca altamente diferenciada, com pessoas muito atentas à inovação tecnológica, aos novos estudos e a fazer investigação muito relevante.

 

Mário Oliveira
Cardiologista no Hospital CUF Tejo e no Hospital CUF Porto

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