Nestes últimos anos, tem sido estratégia da Cáritas Diocesana de Lisboa (CDL) a constituição de uma Cáritas Paroquial em cada paróquia do Patriarcado. A CDL continua ainda muito longe de estar presente nas 285 paróquias que compõem a Diocese de Lisboa, mas o número de Cáritas Paroquiais continua a aumentar de ano para ano, sendo a Semana Nacional Cáritas uma ótima oportunidade anual para se dar a conhecer com maior profundidade e para fundamentalmente falar da sua importância na resposta imediata a situações locais de crise humanitária e ambiental.

Este ano, a Semana Nacional celebrada pela CDL (5-12 março) teve por centro a Vigararia Lisboa V. A mobilização de todos para a sua celebração faz-se sempre a nível de toda a diocese, mas há uns anos que a CDL tem vindo a desafiar uma particular Vigararia do Patriarcado para uma vivência mais organizada, abrangente e festiva da Semana Nacional. O tempo de preparação não foi muito, mas, mesmo assim, as dez paróquias que constituem a Vigararia Lisboa V conseguiram pôr de pé um programa muito variado, onde as crianças da catequese, os jovens em idade escolar foram um dos seus principais alvos, a par de uma cooperação mais concreta entre diversos poderes locais, a partir de um diagnóstico e intervenção conseguidos e trabalhados também em rede.

A semana esteve em diversas escolas e externatos, refletiu a sua resposta à atual inflação e perda do poder de compra, recolheu-se em oração, partilhou diagnósticos e práticas, angariou bens de primeira necessidades e roupa de cama, e também organizou um peditório de rua a favor das 55 famílias, que foram, neste território, vítimas das cheias de dezembro, devidamente sinalizadas pela Junta de Freguesia de Benfica, e que pediram ajuda à Câmara de Lisboa – um apoio trabalhado e veiculado em parceria com a CDL e a Cruz Vermelha.

Mas nada melhor, para falarmos da Semana Nacional deste ano, do que através do testemunho dos párocos que estiveram mais ativamente envolvidos na realização do programa da Semana nesta Vigararia.

«A Semana Cáritas vivida na Vigararia Lisboa V trouxe uma dinâmica diferente a esta semana, muitas vezes resumida aos peditórios de rua e a uma homília sobre a caridade e a partilha. Este ano, esta experiência vivida na primeira pessoa trouxe à nossa Vigararia uma experiência diferente. A partilha e divulgação dos dados oficiais da Vigaria teve o seu auge no encontro com a Direção da Cáritas, das Direções dos Centros Sociais Paroquiais e com os Presidentes de Junta de Freguesia de Benfica, Campolide e da União de Freguesias de Pontinha e Famões. Deste encontro, o poder local ficou mais rico, porque ficou a conhecer o trabalho realizado nas paróquias, e as paróquias ficaram com a certeza de que podem contar com as Juntas de Freguesia para combater a pobreza, identificar e apoiar quem está a viver com maiores dificuldades. Deste trabalho social ficámos a saber que nesta Vigararia atendemos 6630 beneficiários, desde crianças, idosos, deficientes, pessoas carenciadas e doentes. Empregamos 1028 colaboradores e somos apoiados por 439 voluntários.» (Cónego Francisco Crespo, pároco de Campolide e de São Vicente de Paulo)

«No final desta semana fica um sentimento de alguma desilusão, pois não se verificou grande adesão às várias iniciativas. Parece que quando se fala da dimensão da caridade, isso se limita a dar alguma oferta monetária, ou a intervir em alguma emergência. Ainda nos falta compreender que a Caridade tem de ser o rosto visível da manifestação da nossa fé. E sabemos que a caridade deve estar no centro da fé cristã, mas isto exige esforço, pois como escreveu Luciano Manicardi “A caridade dá que fazer”.

Mas, apesar de tudo, convém realçar a importância desta semana, em que a Cáritas promove ações de sensibilização e campanhas de angariação de fundos para apoiar as iniciativas a favor dos mais desfavorecidos. E são tantos. Que a caminhada quaresmal seja um tempo para aprender a praticar a Caridade.» (Padre Álvaro Cunha, CM, pároco de São Tomás de Aquino)

«É comum dizermos que a Cáritas é o rosto da caridade da Igreja, porque em tantos momentos ou situações, a Igreja faz-se presente junto dos mais necessitados através da Cáritas. Seja em plano internacional, nacional ou local, a Cáritas, ao realizar a sua missão, cumpre também o sonho missionário do Papa Francisco de “chegar a todos”. E fá-lo rompendo, tantas vezes, barreiras e ultrapassando dificuldades para chegar onde é preciso.

Foi isto que se procurou, de alguma forma, promover e viver ao longo de uma semana na Vigararia Lisboa V, com a celebração da Semana Nacional Cáritas.

Nestes dias levou-se o testemunho da Cáritas aos mais novos em diversos estabelecimentos de ensino da vigararia; promoveu-se o encontro de partilha de experiências entre grupos e organismos, que tem a missão da ação social, e com os autarcas desta área geográfica; colocou-se nas mãos de Deus a missão da caridade, que é resposta ao chamamento que Ele próprio faz, pela oração; e estimulou-se para a ajuda concreta com bens materiais e no peditório de rua, que tinha por objetivo apoiar 55 famílias vítimas das cheias na freguesia de Benfica.

Assim, desta semana, percebemos que a resposta ao chamamento para ser Cáritas aconteceu, as partilhas fizeram perceber que é preciso ser mais Cáritas em rede, e a vida de quem recebe pode ser transformada, mas enriquece mais a de quem se dá.» (Padre Nuno Rosário Fernandes, pároco de Benfica e vigário da Vigararia Lisboa V)