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“Cultivo a esperança ou avanço choramingando?”
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Para o Papa Francisco, o maior erro da vida é perder de vista aquilo que vale a pena. Na semana em que convidou a “desarmar o coração”, o Papa lembrou que “uma criança abandonada é culpa nossa”, lembrou as vítimas de atentado em Mogadíscio e a tragédia em Seul. Vaticano publicou o ‘Documento de trabalho para a etapa continental’ da caminhada sinodal.

 

1. O Papa alertou para os riscos de se confundir os desejos com as necessidades e dar prioridade às expectativas do mundo em vez da espera de Deus. “O maior erro da vida é perder de vista aquilo que vale a pena para seguir o vento”, disse Francisco, durante a Missa pelos cardeais e bispos falecidos no último ano. “Qual é a minha expectativa? Vou ao essencial ou distraio-me com tantas coisas supérfluas? Cultivo a esperança ou avanço choramingando porque dou demasiado valor a tantas coisas que não importam?”, perguntou, esta quarta-feira, 2 de novembro. O Papa lamentou que se perca demasiado tempo para alcançar a melhor carreira, a acumular riquezas, os maiores sucessos e títulos quando, na verdade, “tudo desaparecerá num instante”.

Na homilia da Missa de fiéis defuntos, que substituiu a habitual audiência-geral das quartas-feiras, o Papa recordou que “o Altíssimo está nos pequeninos e quem habita os Céus permanece entre os mais insignificantes do mundo”, porque a medida de Deus é gratuita e “ultrapassa as nossas medidas”. O desafio é “amar gratuitamente e a fundo perdido, sem esperar contrapartidas” e sem ceder a esquemas, sem “mas” nem “porém”, face ao que o Evangelho propõe.

 

2. Para se construir a paz “é necessário desarmar o coração”, disse esta terça-feira, 1 de novembro, o Papa, durante o Angelus, na Praça de São Pedro. Francisco recordou que “todos nós estamos equipados com pensamentos agressivos e palavras afiadas e pensamos em nos defender com os arames farpados da lamentação e com os muros de cimento da indiferença”. Por isso, “a semente da paz pede para desmilitarizar o campo do coração”.

A propósito do Dia de Todos os Santos, que se assinalava naquele dia, o Papa convidou a “olhar para dentro de nós e nos perguntarmos: somos construtores de paz? Ali onde vivemos, estudamos e trabalhamos, levamos tensão, palavras que ferem, conversas que envenenam, polémicas? Ou abrimos o caminho para a paz: perdoamos aqueles que nos ofenderam, cuidamos daqueles que estão à margem, curamos alguma injustiça ajudando aqueles que têm menos? Isto é construir a paz”.

Ainda a propósito desta festa, Francisco sublinhou que os santos e santas foram pessoas, “cuja vida nem sempre foi perfeita ou linear, nem tinham uma imagem engomada”, mas foram fiéis ao “bilhete de identidade dos santos”, ou seja, às bem-aventuranças de Jesus que “falam de uma vida contracorrente e revolucionária!”

No final, voltou a pedir orações pela “martirizada Ucrânia” e pela viagem ao Bahrein, de quinta-feira a Domingo, 3 a 6 de novembro, para participar no Fórum para o diálogo entre o Oriente e o Ocidente a favor da convivência humana. “Que este diálogo e cada encontro possam ajudar à construção da fraternidade e da paz de que este mundo tem urgente necessidade”, afirmou.

 

3. Rezar pelas crianças que sofrem é a proposta de oração do Papa Francisco para o mês de novembro. “Há ainda milhões de crianças que sofrem e vivem em condições muito semelhantes à escravidão”, diz o Santo Padre, numa mensagem vídeo divulgada pela Rede Mundial de Oração do Papa. Francisco sublinha que estas crianças “não são números, são seres humanos com um nome, com um rosto, com uma identidade dada por Deus”.

Neste ‘O Vídeo do Papa’, Francisco afirma que “cada criança marginalizada, abandonada por sua família, sem escolaridade, sem cuidados médicos, é um grito! Um grito que se eleva a Deus e acusa o sistema que nós, adultos, construímos”. E vai mais longe: “Uma criança abandonada é culpa nossa. Não podemos continuar a permitir que se sintam sozinhas e abandonadas; elas precisam receber uma educação e sentir o amor de uma família para saberem que Deus não as esquece”.


 

4. O Papa recordou as vítimas do atentado em Mogadíscio, capital da Somália. “Enquanto celebramos a vitória de Cristo sobre o mal e sobre a morte, rezemos pelas vítimas do atentado terrorista que matou mais de 100 pessoas, em Mogadíscio, entre eles muitas crianças”, disse Francisco, no final do Angelus, no passado Domingo, 30 de outubro. Perante milhares de pessoas, reunidas na Praça de São Pedro, o Papa rezou para que “Deus converta os corações dos violentos”. Dois carros armadilhados explodiram, quase em simultâneo, perto do Ministério da Educação, num ataque atribuído ao grupo al-Shabab, um braço da Al-Qaeda no país africano.

Francisco deixou ainda uma mensagem de condolências pela tragédia ocorrida em festejos do Halloween, na capital da Coreia do Sul, que fez mais de 150 mortos. “Rezemos ao Senhor ressuscitado por todos os que, sobretudo jovens, morreram esta noite, em Seul, pelas trágicas consequências de um inesperado esmagamento da multidão”, declarou.

O Papa voltou ainda a pedir orações pela paz na Ucrânia: “Não esqueçamos, por favor, na nossa oração, na nossa dor no coração, da martirizada Ucrânia. Rezemos pela paz, não nos cansemos de o fazer”.

 

5. Tendo como horizonte a assembleia do Sínodo dos Bispos sobre a Sinodalidade, em outubro de 2023, o Vaticano publicou o ‘Documento de trabalho para a etapa continental’, com o título ‘Alarga o espaço da tua tenda!’ (Is 54,2). Após a etapa diocesana, este documento revela, em alguns núcleos, “as esperanças e preocupações do Povo de Deus disperso por toda a terra”, dando agora, às Igrejas locais, “a oportunidade de escutar a voz de umas e de outras, com vista às Assembleias Continentais de 2023, às quais compete elaborar uma lista de prioridades, sobre as quais discernirá a primeira sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, que decorrerá de 4 a 29 de outubro de 2023”.

A Santa Sé explica que este documento de 45 páginas, apresentado dia 27 de outubro, em conferência de imprensa, não é conclusivo, não é um documento do Magistério da Igreja, nem o relatório de um inquérito sociológico, mas propõe-se ajudar “ao serviço da missão da Igreja: anunciar Cristo morto e ressuscitado para a salvação do mundo”.

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