Editorial |
Filipe Teixeira
O sol nascerá!
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“Depois de ver as imagens do massacre de Bucha, sinto-me muito mal. Na verdade, nem sei como viver”. As palavras chegam-me por uma amiga, através de mensagem, no Instagram. Yana faz-me chegar esta partilha a partir da Polónia, onde se encontra refugiada, com a mãe, após fugirem da Ucrânia, no início da guerra, e de terem deixado o pai para trás. A estas palavras juntam-se outras, como “solidão”, “incerteza”, como que num disparo certeiro no que tinha eu como seguro e definitivo. Ao ler e reler as suas mensagens, surge-me então a pergunta: como posso ver o despontar da luz da Páscoa nesta Sexta-feira Santa tão longa?

Sempre me impressionaram os testemunhos de amigos que viviam o seu dia a dia com atitudes que deixavam, nos outros, a certeza da Páscoa, a certeza de que o melhor ainda está para vir! Assim, de forma simples e desprendida, sem fezadas ou discursos superficiais, mas com provas de que os seus limites físicos e até cognitivos não seriam, nunca, motivo para experiências curtas. Em todos eles, foram acontecimentos concretos, isto é, experiências de Jesus nas suas vidas que lhes ofereceram uma visão larga. Porque se colocaram a jeito, ao jeito de Jesus.

Penso, por isso, que o desafio para poder ver a Luz desta Páscoa, neste tempo tão escuro que atravessamos, passa, necessariamente, por nos colocarmos a jeito, sem medo de reconhecer os acontecimentos que nos foram apresentando – e continuam a apresentar – a Páscoa como meta. Afinal, não é a nossa alegria própria de quem espera O que já nos foi anunciado como certo?

As imagens da guerra, que nos bombardeiam o coração, atrasam-nos o passo, mas apontam-nos, proporcionalmente, a necessidade de vivermos esta Páscoa de 2022 como se fosse a única! Não pelo medo de termos mais presente a finitude desta vida – que chegará –, mas pela certeza de que a nossa alegria corresponde a uma vida sem fim!

Voltando ao Instagram... Yana continua a sentir o peso de uma mudança drástica de vida, com a incerteza de ter ou não uma casa para morar no próximo mês, a adaptação brusca a um país estrangeiro onde não se imaginou a viver e com a dúvida nas cores que vai encontrar na rua onde morava, na capital da Ucrânia, Kyiv – algo que deseja fazer muito em breve. No entanto, partilha, de coração agradecido, que “é o contacto com aqueles que acreditam no mesmo Deus” que lhe mostra que “não está só”. Apesar de toda a experiência de trevas, Yana tem uma certeza pascal: “Depois de uma noite muito dura, o sol nascerá!”. Feliz Páscoa!

 

Filipe Teixeira

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