O Diretório para a Catequese apresenta um conceito alargado de catequese, considerando a natureza catequética de todos os momentos do processo de evangelização. Esta visão não descura, todavia, os aspetos que dizem respeito à especificidade deste serviço eclesial no conjunto do ministério da Palavra.

Assim, a catequese está tanto ao serviço da iniciação cristã, unindo ação missionária a ação pastoral, como visa garantir uma formação permanente dos batizados para a vida cristã adulta, favorecendo a relação fecunda entre catequese e demais dimensões da vida cristã (Sagrada Escritura, Liturgia e Sacramentos, Caridade e testemunho). A este nível, existe, também, um movimento de reciprocidade: assim como a catequese promove o conhecimento e a vivência das diversas dimensões da vida cristã, assim a sua prática ilumina a catequese e fornece-lhe os elementos com que ela trabalha, permitindo-lhe a aplicação daquele princípio querigmático-mistagógico de releitura da experiência humana e de fé centrada na obra realizada por Deus, celebrada na Liturgia e atualizada na biografia de cada cristão.

Assim se compreende que a finalidade última e definitiva da catequese seja a comunhão e a intimidade com a pessoa de Jesus Cristo (cf. CT5). O centro da ação catequética coincide, portanto, com o coração de toda a vida cristã, isto é, o encontro com Jesus Cristo. De facto, «a catequese está orientada para formar pessoas que conheçam cada vez melhor Jesus Cristo e o seu Evangelho de salvação libertadora, que vivam um encontro profundo com Ele e que escolham o seu estilo de vida e os seus próprios sentimentos, comprometendo-se a realizar a missão de Cristo, ou seja, o anúncio do Reino de Deus, nas situações históricas que vivem» (DC 75). Como fica patente neste trecho do Diretório, a catequese é chamada a educar em todas as dimensões da vida cristã, pois o encontro com Jesus Cristo não pode deixar nada de fora: ele envolve a pessoa toda, a sua afetividade (coração), a sua capacidade compreensiva (mente) e dimensão sensorial (sentidos). Por isso, ela é chamada a quebrar dois ciclos viciosos nos quais tantas vezes cai. O primeiro é o de considerar a catequese como dirigida apenas às dimensões cognitiva e moral da vida cristã. O perigo de uma moral sem experiência e interiorização da fé não desapareceu ainda, mesmo se as suas consequências negativas se manifestem no modo como tantos adultos se relacionam com a fé cristã. O segundo, reside no perigo de se isolar a catequese das outras experiências cristãs que também estão ao serviço do encontro com Jesus Cristo, nomeadamente, a Liturgia e os Sacramentos, as relações afetivas, a vida comunitária e o serviço generoso. A comunidade cristã cresce e desenvolve-se tanto quanto proporcionar um ambiente generativo de experiências que permitam aos batizados alcançar uma mentalidade de fé que englobe a totalidade do seu ser, do seu sentir, pensar e agir. À semelhança da dimensão trinitária do encontro com Jesus Cristo que conduz à profissão de fé no Deus uno e trino, a catequese participa no exercício pastoral da Igreja em proporcionar experiências totalizantes de sentido para a vida que digam respeito não só às diversas funções eclesiais, mas tenham em conta a particularidade da relação pessoal com cada Pessoa divina.

Para realizar a sua finalidade, a catequese desenvolve algumas tarefas que se inspiram no modo como Jesus viveu e conduziu os seus discípulos: «dava a conhecer os mistérios do Reino, ensinava a rezar, propunha as atitudes evangélicas, iniciava-os à vida de comunhão com Ele e entre si e à missão.» (DC 79). Esta pedagogia de Jesus, que inspira a Igreja desde sempre, torna-se presente na catequese por meio das tarefas que lhe são próprias: levar ao conhecimento da fé; iniciar à celebração do Mistério; formar para a vida em Cristo; ensinar a rezar e introduzir à vida comunitária.

Levar ao conhecimento da fé: «A catequese tem a missão de favorecer o conhecimento e o aprofundamento da mensagem cristã. Deste modo ajuda a conhecer as verdades da fé cristã, introduz ao conhecimento da Sagrada Escritura e da Tradição viva da Igreja, favorece o conhecimento do Credo (Símbolo da fé) e a criação de uma visão doutrinal coerente, que seja um ponto de referência na vida.» (DC 80)

Iniciar à celebração do Mistério: A catequese tem «a missão de ajudar à compreensão e à experiência das celebrações litúrgicas». Ela ajuda a «compreender a importância da liturgia na vida da Igreja, inicia ao conhecimento dos sacramentos e à vida sacramental, especialmente ao sacramento da Eucaristia, fonte e cume da vida e da missão da Igreja.» (DC 81) Também «educa para as atitudes que as celebrações da Igreja exigem: alegria para o caráter festivo das celebrações, sentido de comunidade, escuta atenta da Palavra de Deus, oração confiante, louvor e ação de graças, sensibilidade aos símbolos e aos sinais. Através da participação consciente e ativa nas celebrações litúrgicas, a catequese educa para a compreensão do ano litúrgico, verdadeiro mestre da fé, e do significado do domingo, dia do Senhor e da comunidade cristã. A catequese ajuda também a valorizar as expressões de fé da piedade popular.» (DC 82)

Formar para a vida em Cristo: «A catequese tem a missão de fazer ressoar no coração de cada cristão o chamamento a viver uma vida nova, que corresponda à dignidade de filhos de Deus, recebida no Batismo, e à vida do Ressuscitado, que se comunica mediante os sacramentos. Esta missão consiste em mostrar que à altíssima vocação à santidade corresponde a resposta de um estilo de vida filial, capaz de reconduzir todas as situações à via da verdade e da felicidade que é Cristo. Neste sentido, a catequese educa para o seguimento do Senhor, de acordo com as disposições descritas nas Bem-aventuranças (Mt 5,1-12), que manifestam a sua própria vida. (DC 83)

Ensinar a rezar: «A catequese tem a missão de educar para a oração e na oração, desenvolvendo a dimensão contemplativa da experiência cristã. É necessário educar para rezar com Jesus Cristo e como Ele. (DC 86) «Esta missão implica a educação tanto para a oração pessoal como para a oração litúrgica e comunitária, iniciando às formas permanentes de oração: bênção e adoração, súplica, intercessão, ação de graças e louvor.» (DC 87)

Introduzir à vida comunitária: «A catequese tem, por isso, a missão de: desenvolver o sentido de pertença à Igreja; educar para o sentido de comunhão eclesial, promovendo o acolhimento do Magistério, a comunhão com os pastores, o diálogo fraterno; formar para o sentido de corresponsabilidade eclesial, contribuindo como sujeitos ativos para a edificação da comunidade e como discípulos missionários para o seu crescimento.» (DC 98)

Para desenvolver esta missão e realizar as suas tarefas, a catequese serve-se de diversas vias ou fontes que a ajudam a correlacionar a mensagem cristã com a realidade contemporânea. São elas: a Palavra de Deus na Sagrada Escritura e na Sagrada Tradição, o Magistério, a liturgia, o testemunho dos santos e dos mártires, a teologia, a cultura cristã e a beleza (cf. DC 90-109). Estas fontes testemunham as diversas linguagens próprias da fé da Igreja que a catequese é chamada, com criatividade, a expressar e a recriar: linguagem bíblica (Palavra de Deus), linguagem simbólico-litúrgica (símbolos e ritos litúrgicos), linguagem doutrinal (escritos dos Padres, Símbolos da fé, formulações do Magistério) e a linguagem performativa (testemunho dos Santos e dos Mártires). (cf. DC 205).