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Roma
“Sem oração, não há mudanças de Igreja, há apenas interesses de grupo”
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O Papa Francisco criticou “certos grupos” que querem “reformas eclesiais”, mas que “não rezam”. Na semana em que assinalou o 50.º aniversário da proclamação de Santa Teresa de Ávila como doutora da Igreja, o Papa celebrou o Domingo da Divina Misericórdia numa igreja de Roma, enviou um telegrama pela morte de Duque de Edimburgo e dirigiu-se ao Banco Mundial e ao FMI.

 

1. “Tudo na Igreja nasce na oração, e tudo cresce graças à oração”, disse o Papa, na catequese da audiência-geral de quarta-feira, 14 de abril. “Quando o Inimigo, o Maligno, quer combater a Igreja, fá-lo, desde logo, procurando secar as suas fontes, impedindo-as de rezar. Por exemplo, vemo-lo em certos grupos que se organizam para desencadear reformas eclesiais e mudanças na vida da Igreja… estão lá todas as organizações e os media informam tudo… Mas não se vê oração, não se reza”, frisou. Francisco acrescentou estas reflexões ao texto previamente preparado para o encontro, comentando recentes iniciativas de grupos, em destaque sobretudo na Alemanha, que reivindicam mudanças radicais na doutrina da Igreja, amplamente divulgadas nos meios de comunicação social. Sem nunca referir casos concretos, o Papa não deixou de ser veemente. “Temos de mudar isto, temos de tomar esta decisão, que é bocado forte…”, acrescentou, referindo-se a essas pressões. “A proposta pode ser interessante, mas é interessante só com discussão? Só com os media? Onde está a oração?”, questionou. “A oração é o que abre a porta ao Espírito Santo, que nos ajuda a avançar. As mudanças na Igreja sem oração, não são mudanças de Igreja, são mudanças de grupo!”, considerou.

Francisco também desafiou cada um a interrogar-se: “Como rezo? Rezo como um papagaio ou com o coração? Rezo na Igreja e com a Igreja, ou só de acordo com as minhas ideias?… Isso é uma oração pagã. Sem a oração, a fé apaga-se”. E acrescentou, citando o Evangelho: “Quando vier o Filho do Homem, encontrará acaso fé sobre a terra? (Lc 18, 8), ou encontrará apenas organização, ou só grupos de empresários da fé, com tudo muito bem organizado, com obras de beneficência e outras coisas?… Ou encontrará fé?”.

 

2. O Papa assinalou o 50.º aniversário da proclamação de Santa Teresa de Ávila como doutora da Igreja, destacando, numa mensagem, o papel da religiosa (1515-1582), mística e reformadora da Ordem Carmelita. Francisco apresenta a religiosa espanhola como “exemplo único do papel extraordinário que a mulher desempenhou ao longo da história, na Igreja e na sociedade”. A mensagem, divulgada dia 13 de abril, é dirigida ao Congresso Internacional ‘Mulher Excecional’, que decorreu em Ávila, de 12 a 15 de abril. “É bonito lembrar que todas as graças místicas que recebia a levavam para o céu; mas ela sabia como trazer o céu para a terra, fazendo da sua vida uma morada de Deus, na qual todos tinham um lugar”, escreveu o Papa.

Santa Teresa de Ávila foi declarada doutora da Igreja pelo Papa São Paulo VI, a 27 de setembro de 1970, sendo a primeira mulher a receber esse título. Para Francisco, esta decisão reconheceu o valor dos escritos e o testemunho de vida da religiosa. “Apesar dos cinco séculos que nos separam da sua existência terrena, a chama que Jesus acendeu em Teresa continua a brilhar neste mundo sempre necessitado de testemunhas corajosas, capazes de derrubar qualquer muro, seja ele físico, existencial ou cultural”, apontou, sublinhando ainda a atualidade dos escritos de Santa Teresa de Ávila: “O seu exemplo não é apenas para os nossos irmãos e irmãs que sentem o chamamento à vida religiosa, mas para todos os que desejam progredir no caminho da purificação de toda a mundanização”.

 

3. O Papa celebrou Missa na Igreja Santo Spirito in Sassia, santuário dedicado à Divina Misericórdia, proclamada por São João Paulo II. “Para Deus, ninguém é falhado, ninguém é inútil, ninguém é excluído. E Jesus continua hoje a repetir: «A paz esteja contigo, que és precioso aos meus olhos. A paz esteja contigo, que és importante para Mim»”, disse Francisco, no passado Domingo, 11 de abril, perante um reduzido número de fiéis, escolhidos entre prisioneiros, refugiados, migrantes, profissionais de saúde e pessoas portadoras de deficiência que vivem na cidade de Roma.

No Domingo II da Páscoa, o Santo Padre sublinhou que, tendo obtido misericórdia, os discípulos tornaram-se misericordiosos. Por isso, Francisco destacou a passagem dos Atos dos Apóstolos em que «ninguém chamava seu ao que lhe pertencia, mas entre eles tudo era comum» (4, 32) e conclui: “Não é comunismo, mas cristianismo no seu estado puro. E o facto é ainda mais surpreendente, se pensarmos que aqueles mesmos discípulos, pouco tempo antes, litigavam entre si sobre prémios e honras, sobre qual deles era o maior. Agora partilham tudo, têm um só coração e uma só alma”.

Por fim, Francisco convidou cada um a seguir o exemplo dos apóstolos: “Não permaneçamos indiferentes. Não vivamos uma fé a meias, que recebe, mas não dá, que acolhe o dom, mas não se faz dom. Obtivemos misericórdia, tornemo-nos misericordiosos”.

 

4. O secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, em nome do Papa Francisco, enviou um telegrama de condolências pela morte do príncipe Filipe, marido da rainha Isabel II, que morreu dia 9 de abril, aos 99 anos. “Papa Francisco oferece condolências a Sua Majestade e aos membros da família real, recordando a devoção do príncipe Filipe ao seu casamento e família, distinguindo o serviço público e compromisso com as gerações futuras”, divulgou a Santa Sé. O último encontro entre o Papa e o Duque de Edimburgo aconteceu em abril de 2014, na Casa de Santa Marta.

 

5. O Papa escreveu uma carta aos participantes no ‘Spring Meeting’ 2021 (Encontros da Primavera), do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional, apelando a soluções novas, mais inclusivas e sustentáveis para apoiar a economia real e o bem comum universal. “A noção de recuperação não pode contentar-se com um retorno a um modelo desigual e insustentável de vida económica e social, em que uma pequena minoria da população mundial possui metade de sua riqueza”, escreveu Francisco.

Após um ano de pandemia, “muitos países começam agora a consolidar planos individuais de recuperação, mas permanece urgente a necessidade de um plano global que possa criar novas instituições ou regenerar as existentes, sobretudo as que têm vocação global, para construir uma nova rede relações internacionais e promover o desenvolvimento integral de todos os povos”, defendeu.

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