Lisboa |
Sector da Catequese de Lisboa aposta na formação ‘Ferramentas Digitais’
Perceber a catequese em ambiente digital
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Dinamizar as catequeses, ajudando os catequistas a perceberem como é que uma ferramenta que foi pensada para uma reunião online pode servir para transmitir a Palavra de Deus. É este o objetivo da formação ‘Ferramentas Digitais’, que surgiu na sequência do confinamento, e que o Sector da Catequese de Lisboa está a promover no início deste ano pastoral.

 

“A formação ‘Ferramentas Digitais’ não visa explicar como é que as ferramentas funcionam; o objetivo principal é dar a perceber aos catequistas que, para a experiência humana, pode ser usado este tipo de ferramentas para chegar às crianças da catequese”. Fátima Vieira integra o Sector da Catequese de Lisboa, para a área da formação, e explica ao Jornal VOZ DA VERDADE como este curso quer “tornar mais sustentável a presença dos ambientes digitais na catequese”, e sublinha que a catequese online “exige algum trabalho de preparação”. “Para estarmos 45 minutos a captar a atenção de uma criança, através do computador, tem que estar tudo muito estruturado, para que depois nada falhe”, frisa esta formadora.

A nova formação surgiu na reflexão que este serviço diocesano fez sobre como tinha decorrido a catequese no tempo do confinamento. “Começámos a perceber que havia muitas dificuldades entre os catequistas. Houve paróquias que continuaram perfeitamente a dar catequese, com uma semana ou duas de interrupção para verem como iam fazer, mas retomaram a catequese com os miúdos logo a seguir ao confinamento, procurando os meios digitais, como o WebEx, o Zoom, o Microsoft Teams e outras ferramentas de reunião e de conversação; mas houve outras paróquias que ficaram completamente paradas – não só ficaram paradas, como ficaram inertes sobre o que fazer e até o contacto com as crianças demorou um pouco a iniciar. Com esta reflexão, pensámos que seria interessante criarmos uma formação como esta, das ‘Ferramentas Digitais’, para que os catequistas percebessem que a catequese pode continuar a ser dada, mesmo com as limitações que temos, com as distâncias, e até inovar alguma coisa para a tornar mais atrativa para os miúdos”, conta Fátima. “As crianças de hoje são muito digitais, parece que todas nascem quase a mexer no computador; já os catequistas, há uma grande percentagem que são de uma faixa etária elevada e têm alguma dificuldade para esta adaptação. Por isso é que pensámos em fazer alguma coisa”, acrescenta, a propósito da criação desta formação.

 

“Grande satisfação dos catequistas”

Cada turno desta nova formação para os catequistas é composto por quatro encontros, de duas horas cada. Todos online. O primeiro grupo cumpriu o curso em dois fins-de-semana, nos dias 19 e 20, e 26 e 27 de setembro. “O balanço deste primeiro turno, com oito horas, é muito, muito positivo em vários aspetos. Desde logo, a ideia inicial era ser uma formação para os catequistas da Diocese de Lisboa, mas tivemos inscrições de Braga, de Bragança, de Coimbra, do Porto, do Funchal, de uma irmã que está nos Açores e tivemos até algumas pessoas do Brasil. Foi uma coisa interessantíssima”, salienta esta formadora.

Para esta primeira formação, o Sector da Catequese aceitou 96 inscrições, uma vez que as sessões do Zoom têm como limitação 100 participantes. “Tivemos, em média, 60 pessoas nos encontros. Nos dois primeiros, fizemos uma apresentação para motivar e para dizer que só com a experimentação é que iam conseguir. Por isso, pusemo-los a experimentar algumas ferramentas, com jogos, com brincadeiras, com animação de PowerPoint, e depois fomos enviando os materiais conforme terminávamos e enviávamos também os tutoriais para saberem como podiam realizar algo na ferramenta que tinham experimentado”, partilha Fátima.

Foram também organizados grupos de trabalho, para “trabalhar em conjunto” e para os catequistas “conhecerem realidades diferentes”. “Depois do segundo encontro, com o mesmo grupo, os formandos tiveram de pensar numa catequese, com um tema à escolha, e como podiam, de alguma maneira, introduzir aquelas ferramentas com que tinham aprendido a trabalhar. No terceiro e quarto encontros, tivemos a apresentação dos trabalhos, com o esclarecimento de dúvidas”, refere.

Esta formadora do Sector da Catequese de Lisboa assegura a “grande satisfação por parte dos formandos”, com esta nova formação. “Eles dizem que nunca tinham percebido como é que podiam continuar a dar catequese mesmo em ambiente digital. E perceberam que isso é possível, que é funcional. Claro que temos de ter todos aqueles alertas de ter uma criança em frente ao computador, que se pode distrair com outra coisa, mas se aquilo que nós prepararmos para a catequese for sucinto e conciso, eles conseguem-se agarrar e nem vão dar pelo tempo da catequese. Por isso, mais do que aprender a mexer nas ferramentas, esta formação visa os catequistas perceberem como é que uma ferramenta que foi pensada para uma reunião pode estar ao serviço da mensagem de Cristo e servir para transmitir a Palavra de Deus”, manifesta Fátima Vieira.

 

“Uma formação muito útil”

A irmã Célia Faria, das Religiosas de Maria Imaculada, está nos Açores, mais concretamente em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, e foi uma das catequistas que participou no 1.º turno da formação ‘Ferramentas Digitais’. “Embora tenha algum conhecimento destas ferramentas, sentia que era insuficiente para a necessidade atual dos encontros de catequese que, com certeza, vão ser mais vezes online”, explica ao Jornal VOZ DA VERDADE esta religiosa, que neste novo ano pastoral vai dar catequese ao 9.º ano da Paróquia de São José, uma das paróquias de Ponta Delgada. “Tive conhecimento desta formação através de uma irmã que reside numa comunidade nossa em Lisboa, e o balanço da formação é bastante positivo. Foi bastante útil, porque pudemos praticar, treinar, digamos assim, várias das ferramentas que nos foram ensinadas. Além disso, teve também o trabalho em equipa, com outros catequistas, o que foi bastante enriquecedor”, salienta.

Natural de Guimarães, a irmã Célia frisa que, neste ano, nesta paróquia açoriana, a catequese vai funcionar “com sistema misto”. “A catequese, aqui na ilha, dá a possibilidade de cada grupo ver o que é mais adequado. Se calhar, aos mais novos, será mais presencial e aos adolescentes será neste sistema misto, entre o presencial e o online. No meu grupo em concreto, dou catequese com outra catequista, já partilhei com ela esta formação, e temos a intenção de fazer mais vezes online, digital, e sempre que possível presencial”, refere. Neste sentido, esta formação do Patriarcado de Lisboa “foi muito útil”. “Deixou-nos mais conscientes das possibilidades destas ferramentas e os vários modos possíveis de serem usadas. Foi de uma riqueza enorme, sobretudo para chegar aos adolescentes e à sua própria linguagem, ao seu modo de estar. Acredito que nos vai aproximar mais. Após esta formação, os encontros de catequese online vão ser melhorados”, assegura esta religiosa catequista.

 

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“Vontade de retomar a catequese presencial”

Fátima Vieira é catequista na Paróquia da Póvoa de Santo Adrião, na Vigararia de Loures-Odivelas, e dá catequese há 33 anos. Começou a ajudar quando tinha 14 anos, mesmo antes de fazer o Crisma, e durante o confinamento nunca deixou de dar catequese. Neste novo ano pastoral, vai dar catequese ao 4.º volume, ao 9.º e ao 10.º. “A catequese na paróquia teve início no passado Domingo, 27 de setembro, com uma grande adesão. A nível de inscrições, fizemos tudo online, através do Google Forms, e neste momento, em 350 do ano passado, faltam-nos só 60 inscrições – ou porque as pessoas têm mais dificuldade ou porque não têm email”, revela esta catequista, que é também a responsável paroquial e vicarial. “As últimas inscrições estão a ser feitas em colaboração com os catequistas, através do telefone, e eles depois vão preenchendo, para ultrapassar essa dificuldade, mas neste momento as inscrições passam das 300”, acrescenta.

O primeiro dia de catequese na Paróquia da Póvoa de Santo Adrião ficou marcado pela “grande vontade” de retomar a catequese presencial. “Em quatro Eucaristias no fim-de-semana, só para a catequese, tivemos sempre a igreja completa e os pais estiveram presentes com os filhos, com vontade para retomar. Há dúvidas, há inquietações, como é óbvio, mas vamos tentar que a catequese seja sempre presencial, ocupando vários espaços da paróquia, incluindo nas duas igrejas, sendo que os mais velhos terão catequese presencial fim-de-semana sim, fim-de-semana não. Quando for mais expositivo ou com apresentação de um PowerPoint ou de um filme, escusamos de estar na sala e podemos fazer online; quando for uma catequese mais de oração ou para fazer algum trabalho, então será presencial”, explica Fátima, assegurando que a Paróquia da Póvoa de Santo Adrião está preparada para um sistema misto em caso de necessidade: “Uma criança que esteja em isolamento profilático, ou até mesmo doente, desde que tenha condições de participar, pode estar na catequese via online. Ou seja, podemos ter cinco crianças na sala e três em casa, online. Vai ser um misto de tudo”.

 

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Inscrições na formação ‘Ferramentas Digitais’

O Sector da Catequese de Lisboa propõe a formação ‘Ferramentas Digitais’, com o objetivo de “capacitar os catequistas para o uso do digital na catequese”. “Ao longo da formação iremos dar a conhecer as novas ferramentas que estão hoje ao nosso alcance e mostrar como estas podem ser úteis para a evangelização e dinamização da catequese. Não pretendemos dar soluções ‘milagrosas’, nem dar receitas de como se deve usar o digital na catequese, pretendemos sim desafiar cada formando a sair da sua zona de conforto, a procurar novas formas e novas linguagens para chegar ao seu grupo”, salienta este serviço diocesano, em comunicado.

Depois do 1.º turno (nos dias 19, 20, 26 e 27 de setembro) e do 2.º turno (que está agora a decorrer, nos dias 28 de setembro e 1 e 3 de outubro – neste caso, em duas sessões), ambas esgotadas ao nível de inscrições, o Sector da Catequese anunciou agora a abertura de um 3.º turno, ainda com vagas disponíveis, que vai decorrer nos dias 28 e 30 de outubro e 6 e 7 de novembro, sempre das 21h00 às 23h00.

 

Informações:

Site: www.catequese.net

Email: catequese@patriarcado-lisboa.pt

Telefone: 218810533

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