Quase ao terminar o filme “O advogado do diabo”, de Taylor Hackford, o personagem diabólico, magnificamente interpretado por Al Pacino, diz, de frente para a câmara: “A vaidade é o meu pecado preferido!” E frequentemente me lembro destas palavras e do olhar do actor quando leio o relato das tentações de Jesus no deserto, tão nossas e tão minhas! Nelas se podem resumir as tentações essenciais da nossa relação com Deus, mas também com os outros e com o mundo, na medida em que posso colocar-me no centro de tudo. Vencê-las, imitando Jesus, pode, ainda assim, produzir a tentação duma “pontinha de vaidade” capaz de recolocar o “herói” de tais batalhas no próprio centro que tinha recusado!
A tentação de “sermos deuses” por nós próprios percorre a história humana. Do paraíso aos homens e imperadores que quiseram ser adorados, encontramos sempre as mesmas consequências: afastamento da humanidade, prepotência e violência sobre os outros, solidão absoluta. Pelo poder das armas, do dinheiro, da fama, não aceitam a vida dos homens seus irmãos. Tentam fazer de Deus um instrumento ao seu serviço, para alterar a condição humana em proveito próprio, recusando a tarefa comum do homem na construção do mundo.
Jesus fez-se semelhante a nós também nas tentações. E enfrentou-as verdadeiramente identificado com a nossa condição humana. Como Filho de Deus nada eliminou da sua humanidade. As suas respostas estão ao nosso alcance, pela confiança em Deus e atenção constante à sua palavra. É com as Escrituras que Jesus rejeita o projecto aliciante mas escravizador do Diabo. Do deserto, após um longo jejum, onde a fragilidade mais se manifesta, a um monte alto, onde os olhos se inebriam com o domínio do horizonte, Jesus recusa quebrar a relação amorosa com o Pai. É no amor a Deus que podemos encontrar a mesma força das respostas de Jesus. Mais essencial que os bens e a volúpia do ter, amá-l’O com todo o coração; maior do que usar Deus em proveito próprio, amá-l’O com toda alma; melhor do que o poder de muitos reinos, amá-l’O com todas as forças. E só assim podemos derrotar o Diabo: recusando ser centro, e ter no centro de nós, Aquele que nos ama e nunca escraviza.
De muitas formas se manifestam estas tentações no decorrer da vida humana. Pequenas e grandes, novas e conhecidas, exigem vigilância e fidelidade, esperança e misericórdia. Relembram-nos que ser filho de Deus não é “seguro contra todos os riscos”. Que estamos mais próximos de todos e mais humanos. Que a responsabilidade do amor de Deus vale mais do que todas as “prisões doiradas” ou “altares etéreos”, vendidos por quem os parece oferecer!
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