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Roma
“Caminhar pela estrada da fraternidade”
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O Papa Francisco recordou a viagem de três dias às Bulgária e à Macedónia. Na semana em que revelou que a comissão sobre diaconado feminino foi inconclusiva, o Papa lembrou o testemunho de Madre Teresa de Calcutá, assinalou o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa e pediu aos católicos para olharem com esperança para o continente africano.

 

1. O Papa Francisco visitou a Bulgária e a Macedónia, entre os dias 5 e 7 de maio, e, na audiência-geral de quarta-feira, recordou os momentos principais da sua 29.ª viagem apostólica. “Ontem concluí a minha Viagem Apostólica de três dias à Bulgária e à Macedónia do Norte. Na Bulgária, tendo diante dos olhos a memória de São João XXIII, que lá residira como Visitador e Delegado Apostólico, convidei todos a caminhar pela estrada da fraternidade. O exemplo dos Santos Cirilo e Metódio, evangelizadores dos povos eslavos e padroeiros da Europa, procurando com grande criatividade, inclusive criando um alfabeto, transmitir o Evangelho, serve de modelo para os novos evangelizadores fim de levar a Palavra de Deus àqueles que não a conhecem e irrigar as terras onde as raízes cristãs parecem estar a secar. Já na Macedónia do Norte, terra natal de Santa Madre Teresa de Calcutá, mostrei como ela – uma mulher pequena em estatura, mas cheia da força do Espírito Santo – é imagem da comunidade cristã naquele país: pequena mas que pela graça se converte numa casa onde muitos são acolhidos e encontram restauração. Este país jovem do ponto de vista político, tem demonstrado tradicionalmente uma grande capacidade de hospedar pessoas pertencentes a vários grupos étnicos e religiosos e, recentemente, mostrou-se muito generoso ao acolher e socorrer um grande número de migrantes. Que Deus possa proteger essas nações com a sua infinita providência, iluminando as comunidades católicas a serem sempre fermento e perfume de suave odor nessas terras”, lembrou o Papa, no encontro público semanal, no Vaticano.

Na saudação em francês, Francisco homenageou Jean Vanier, que morreu no dia 7, e ressaltou a obra do fundador de A Arca pelos mais pobres e indefesos, inclusive pelos nascituros condenados à morte no ventre das suas mães. “Que Jean Vanier permaneça um exemplo para todos nós. Que ele nos ajude do céu”, referiu.

 

2. O Papa revelou que a comissão de estudo sobre o diaconado feminino, que criou em 2016, foi inconclusiva, descartando mudanças no futuro imediato. “Não há certeza de que a sua [das mulheres] fosse uma ordenação com a mesma forma e com o mesmo propósito que a ordenação masculina. Alguns dizem: há dúvidas. Vamos continuar a estudar. Mas, até agora, não se avança”, referiu, em declarações aos jornalistas, durante o voo de regresso ao Vaticano, desde a Macedónia do Norte.

 

3. A 29.ª viagem apostólica do Papa Francisco teve início na Bulgária, no passado Domingo, 5 de maio, com o pedido aos búlgaros para não fecharem o coração aos migrantes que lhes batem à porta, invocando para isso a própria experiência do país como terra de emigrantes. “Sinto-me feliz por me encontrar na Bulgária, lugar de encontro entre múltiplas culturas e civilizações, ponte entre o leste e o sul da Europa, porta aberta para o Médio Oriente; uma terra onde se embrenham antigas raízes cristãs, que alimentam a vocação de favorecer o encontro tanto na região como na comunidade internacional. Aqui a diversidade, no respeito pelas peculiaridades específicas, é vista como uma oportunidade, uma riqueza e não como motivo de contraste”, referiu, no seu primeiro discurso, ao ser recebido pelo presidente búlgaro, elogiando ainda a diversidade de culturas, etnias, civilizações e religiões diferentes do país. Neste dia, o Papa apelou ao Patriarca da Igreja Ortodoxa da Bulgária para que católicos e ortodoxos descubram juntos a “alegria do perdão”, para poder ultrapassar as feridas abertas ao longo dos séculos entre as diferentes confissões cristãs. “As feridas que se abriram entre nós, cristãos, ao longo da história são dolorosos golpes infligidos no Corpo de Cristo que é a Igreja. Ainda hoje, tocamos com a mão as suas consequências”, lembrou.

Na homilia da Missa que celebrou em Sófia, capital da Bulgária, Francisco falou no “Deus de surpresas”. “O Senhor não espera situações ou estados de ânimo ideais, cria-os. Não espera encontrar-se com pessoas sem problemas, sem deceções, pecados ou limitações. Ele mesmo enfrentou o pecado e a deceção, para ir ao encontro de cada vivente e convidá-lo a caminhar”, referiu. No segundo dia de visita, o Papa visitou o campo de refugiados de Vrazhdebna, durante cerca de 25 minutos, e sublinhou que “o mundo dos migrantes é a cruz da Humanidade”. Por último, num encontro com diferentes religiões, Francisco convidou-as a trabalharem juntas para “derreter o gelo da guerra” com o amor.

No dia 7 de maio, na Macedónia, o Papa elogiou, na Missa que celebrou na capital, Escópia, a força de Madre Teresa de Calcutá, que dedicou a vida aos pobres. “Fome de pão, de fraternidade, de Deus. Como conhecia tudo isto Madre Teresa, que quis fundar a sua vida sobre dois pilares: Jesus encarnado na Eucaristia e Jesus encarnado nos pobres”, começou por recordar. “Amor que recebemos, amor que damos - dois pilares inseparáveis que marcaram o seu caminho e a colocaram em movimento, desejosa também ela de mitigar a sua fome e a sua sede”, prosseguiu. Antes, Francisco encontrou-se com as autoridades da Macedónia do Norte, onde manifestou o seu apoio à entrada do país na União Europeia.

 

4. Por ocasião do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, assinalado no dia 3 de maio, o Papa apelou a um jornalismo livre. “Precisamos de um jornalismo que seja livre, ao serviço da verdade, da justiça e da bondade; um jornalismo que ajude a construir uma cultura de encontro”, escreveu Francisco, na rede social Twitter.

O Dia Mundial da Liberdade de Imprensa foi instituído pela UNESCO, em 1993, com o objetivo de alertar para as limitações e perseguições de que os jornalistas são alvo em muitos pontos do mundo. No último ano, refira-se, foram assassinados pelo menos 94 jornalistas.

 

5. O Papa pediu a todos os católicos para olharem com esperança para o continente africano e agradeceu às religiosas, sacerdotes, leigos e missionários o seu trabalho a favor do diálogo e da reconciliação entre os diversos setores da sociedade africana. Na edição de maio de ‘O Vídeo do Papa’, Francisco destacou o profundo trabalho da Igreja que consegue chegar aos lugares mais distantes, onde nem os Estados, nem as organizações não governamentais conseguem chegar.

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