Lisboa |
‘Dia Aberto’ no Seminário dos Olivais, na Semana de Oração pelas Vocações
“Seminário pertence ao cuidado de todos”
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Testemunhos, visita à casa, jogo de futebol, workshops e tempos de oração marcaram o ‘Dia Aberto’ do Seminário dos Olivais. No início da 56.ª Semana de Oração pelas Vocações, a 5 de maio, foram cerca de 250 pessoas que visitaram esta casa de formação sacerdotal. “Que o seminário possa ser conhecido e amado pela nossa diocese”, foi o desejo da organização.

 

“Tivemos pessoas das mais diversas faixas etárias e um programa pensado para crianças e até aos mais idosos. As pessoas desfrutaram das diferentes propostas que lhes oferecemos, em clima de alegria e boa disposição”, conta, ao Jornal VOZ DA VERDADE, o padre Bernardo Trocado, diretor do Setor de Animação Vocacional. No final da iniciativa que assinalou, no Patriarcado de Lisboa, o início da 56.ª Semana de Oração pelas Vocações (5 a 12 de maio), o “balanço é positivo”, refere o sacerdote. “Pareceu-nos que esta seria uma forma concreta de estimular, na diocese, uma maior sensibilidade vocacional, uma maior preocupação pela oração pelas vocações, mas também de proporcionar um maior conhecimento de um dos nossos seminários diocesanos”, explica. Para este formador do Seminário dos Olivais, e responsável pelo ‘Dia Aberto’, estas iniciativas pretendem comunicar que “o seminário pertence ao cuidado de todos e que a responsabilidade pelo caminho dos seminaristas é de toda a diocese”. “Queremos que o seminário seja uma referência na nossa diocese e sabemos que abrir as portas pode ser uma forma de reduzir distâncias que possam existir entre a vida do seminário e o dia-a-dia dos nossos diocesanos. Que o seminário possa ser conhecido e amado pela nossa diocese, tal como, aqui, vamos procurando conhecer e amar a nossa diocese”, desejou o sacerdote, de 30 anos.

 

Sentido para a vida

Eram 10h30 quando os portões do Seminário dos Olivais se abriram para receber todos aqueles que o quisessem visitar e conhecer de perto. Depois de realizado o ‘check in’, os visitantes eram convidados a participar nas diversas iniciativas. Na parte da manhã, os seminaristas e pré-seminaristas dividiram-se para, por faixas etárias, apresentarem os seus testemunhos. Na sessão do ‘9º ao 12º ano’, o seminarista Pedro Sousa, da Paróquia de Tires, partilhava como começou a ideia de ir para o seminário. Teve início com um convite do seu pároco para um encontro vocacional. “Cheguei a casa, disse aos meus pais, e fui”, lembra. Depois, no Carnaval de 2012, depois de alguns encontros, o padre que o acompanhava pediu-lhe que rezasse a possibilidade de ir para o seminário. O ‘sim’ estava decidido, mas os pais fizeram-no aguardar uns meses. Em junho desse ano, fez o Crisma. Foi o dia em que “os pais disseram que sim”, partilhou o seminarista Pedro Sousa, atualmente no 3.º ano do Seminário dos Olivais.

Na sala ao lado, destinada a ‘Universitários até aos 30 anos’, o seminarista Pedro Figueiredo, da Paróquia de São Nicolau, recordou uma pergunta que, durante a adolescência e juventude, sempre esteve presente: “O que me vai acontecer depois desta vida?”. A vivência de uma vida sem resposta a esta pergunta fê-lo decidir-se. “Isto não pode ser assim. Eu queria ser feliz para sempre”. Agora, no 4º ano do seminário, Pedro reconhece que “vivia como ateu” e foi “procurando Deus em tudo”; mas Ele, foi surpreendendo-o e foi ao seu encontro, durante a universidade, numa Missão País, no Fundão. “Comecei a ver que aqueles que estavam comigo tinham sentido para a vida. Isso começou a mudar-me”, revelou. Depois de uma “longa” confissão, pela noite dentro, com o sacerdote que acompanhava aquela Missão, e depois de ter rezado a penitência, Pedro ainda se recorda de ver o sol a nascer. Esses sinais fizeram-no mudar de vida e encarar a entrada no seminário.

 

“Saudade doce”

A família Carvalho foi uma das muitas que participou neste ‘Dia Aberto’. O Seminário dos Olivais não é, de todo, desconhecido para estes visitantes. “Podemos estar perto do nosso filho, que é seminarista”, observam, em declarações ao Jornal VOZ DA VERDADE. “As oportunidades para estarmos juntos não são assim muitas”, acrescentam. “Outro motivo desta presença é encontrarmos outras famílias que estão exatamente como nós. É sempre interessante partilharmos as nossas dificuldades, sobretudo pelo facto de não termos o nosso filho presente”, refere Vítor, o pai do seminarista Diogo Pinto Carvalho, há 3 anos no seminário. Face ao tempo que o filho, de 22 anos, passa longe da família, Vítor chama-lhe de “saudade doce”. No entanto, assegura que “ele está num sítio bom” e garante que este é “um presente” que todos tiveram. “Portanto, entendemos isto como uma saudade doce, com tudo o que está associado”, sublinha.

 

Não foi fácil aceitar

Apesar de agora estar “muito feliz por ter um irmão seminarista”, Marta, uma das irmãs de Diogo, nem sempre sentiu que a chamada do seu irmão ao seminário fosse algo fácil de aceitar. “Inicialmente, até nos afastámos” revela. “Sempre fomos muito próximos um do outro, ao ponto de sairmos juntos. Quando ele veio para o seminário, houve um afastamento. Houve até uma altura em que eu já não gostava de ir à Missa porque achei que me tinham ‘roubado’ o meu irmão. Mas isso foi passando”, conta esta jovem, de 26 anos. “O meu irmão e eu voltámo-nos a aproximar imenso e agora já não sinto qualquer ‘pena’ de ele ter vindo para o seminário. Fico bastante feliz de ele estar cá e gosto imenso de ter um irmão seminarista. Foi uma grande dádiva que Deus me deu”, revela a filha mais velha da família, referindo que a vocação do seu irmão a ajudou a “consolidar” a sua vocação a ter uma família.

 

Família e movimentos

Apesar de residir na Moita, na Diocese de Setúbal, a família Carvalho partilha com a Diocese de Lisboa o local de trabalho de alguns dos seus membros, mas também a vida em Igreja, através da pertença às Equipas de Nossa Senhora. Ao Jornal VOZ DA VERDADE, sublinham duas “ajudas essenciais” que ajudaram no discernimento vocacional do filho Diogo: o movimento e a família. “A família ajuda a crescer e a discernir, mas os movimentos também ajudam muito. É daí que, muitas vezes, as vocações aparecem”, salienta Vítor. Marta partilha da mesma opinião: “Foi a partir das Equipas de Jovens de Nossa Senhora que o chamamento para o seminário veio com mais força e o meu irmão aceitou o desafio que Deus lhe propunha”.

Para a mãe da família, Maria de Jesus, “ter um filho no seminário é uma grande graça de Deus”. “Aprendemos a ser pais de outra forma”, aponta.

 

“Ver a vida” com o Senhor

Na Missa que decorreu no final da manhã, na igreja do Seminário dos Olivais, o reitor, cónego José Miguel Pereira, apontou o “encontro com o Senhor” como o “sentido para a vida”. “Deixa-O encontrar-se contigo. Se não, andamos entretidos com a vida, a gastarmo-nos, a consumirmo-nos, a esforçarmo-nos. Ou o sentido da nossa vida é encontrarmo-nos com o Senhor, que nos visita, que nos chama, ou então enganamo-nos”, alertou, dirigindo-se sobretudo aos jovens.

A partir da leitura do Evangelho, em que os discípulos reconhecem Jesus enquanto estavam a pescar, o cónego José Miguel desafiou os seminaristas e todos os visitantes a “gastarem” tempo para “verem a sua vida com o Senhor”, para “reconhecerem, aí, as marcas de Deus, a presença de Jesus”. “Quando Jesus aparece deixa esta marca: fecundidade, mudança, superação, transformação”, acrescentou.

 

“Aprender a procurar aquilo que Deus quer”

A vivência do sentido comunitário foi “outro sinal para reconhecer Jesus”, apontado pelo reitor. “Se andas a viver a tua vida por tua conta e risco, sem atenção à comunidade, não encontras o Senhor. Mas se és capaz de reconciliar a tua vida com o teu irmão, vizinho e és capaz de fazer com ele um caminho comum, podes encontrar o Senhor”, apontou, na homilia da celebração, reforçando que é essencial ultrapassar o “fechamento” e “sair ao encontro dos outros”, para “reconhecer os desafios” que Jesus faz.

Dirigindo-se a todos aqueles que buscam a sua vocação, o cónego José Miguel Pereira convidou a, nessa busca, “unir o amor ao serviço”. “É preciso aprender a procurar aquilo que Deus quer. A Deus nunca se diz não! Quando dizes não a Deus, és escravo dos teus medos, caprichos, das tuas incompreensões. Queridos pais, avós, tios, que nenhum familiar vosso tenha que sentir no coração esta luta: para ser fiel a Deus, tenho que ir contra os meus pais. E jovens, não deixeis que o vosso coração vos engane, dizendo que para ser feliz tenho que ir contra a vontade de Deus. Só na obediência a Deus está o sentido profundo, o cumprimento verdadeiro”, apelou o sacerdote.

 

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56.ª Semana de Oração pelas Vocações

Oração

 

Deus, nosso Pai,

ao enviares o Teu Filho Jesus,

quiseste vir ao nosso encontro.

Queremos agradecer-Te, hoje,

por continuares a chamar,

no barco da Igreja,

pescadores para o alto mar,

para a missão de chegar a todos.

 

Concede-nos,

pela graça do Batismo,

o dom da escuta da Tua voz

e da resposta generosa.

Desejamos abrir-nos ao “sonho maior”:

discernir a vocação

que nos torna servidores

da alegria do Evangelho.

Dá-nos a coragem de arriscar,

como a jovem Maria,

para sermos portadores da Tua promessa.

Ámen.

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