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Roma
“Precisamos do perdão todos os dias”
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O Papa Francisco considerou o orgulho a “atitude mais perigosa” do cristão. Na semana em que visitou uma paróquia de Roma, o Papa pediu aos cristãos para evitarem as “pedras” de condenação sobre os outros e lembrou que educar exige amor, paciência e persuasão. ‘O Vídeo do Papa’ destaca os profissionais de saúde em territórios de guerra.

 

1. O Papa Francisco considerou que “a posição mais perigosa da vida é a do orgulho”. “Depois de pedir «o pão nosso de cada dia», a oração do Pai-Nosso entra no campo das nossas relações com os outros: «Perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido». Assim como temos necessidade de pão, também precisamos do perdão todos os dias. A posição mais perigosa da vida é a do orgulho: a atitude de quem se coloca diante de Deus, pensando que as suas contas com Ele estão em ordem. Como aquele fariseu da parábola que, no templo, pensava estar a rezar, quando na verdade estava apenas a louvar-se a si mesmo diante de Deus. Pelo contrário, o publicano – um pecador desprezado por todos – não se sente digno sequer de entrar no templo, fica ao fundo e confia-se à misericórdia de Deus. E Jesus comenta: «Este, o publicano, voltou para casa justificado (isto é, perdoado, salvo); e o outro, não». Há pecados que se veem e outros que passam despercebidos aos olhos dos demais e, por vezes, nem nós próprios nos damos conta. O pior destes é a soberba, o orgulho: o pecado que rompe a fraternidade, levando-nos a presumir que somos melhores do que os outros, que nos faz crer iguais a Deus. Mas, diante de Deus, somos todos pecadores; e não faltam motivos para batermos no peito, como aquele publicano no templo. Escreve São João: «se dizemos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos e a verdade não está em nós». A verdade é que ninguém ama tanto a Deus como Ele nos amou a nós. Basta fixar Jesus crucificado, para vermos a desproporção: amou-nos primeiro e não deixará jamais de nos amar”, assegurou o Papa, na audiência-geral de quarta-feira, 10 de abril.

 

2. O Papa visitou, no passado Domingo, 7 de abril, a paróquia de São Júlio, em Roma, onde sublinhou que as dúvidas são parte da vida da fé e que é preciso “rezar” nesses momentos. “Tive muitas dúvidas, muitas, diante de calamidades, também diante de coisas que aconteceram na minha vida. Muitas. Como é que as superei? Penso que não o fiz sozinho, nunca se pode superar a dúvida sozinho, é preciso a companhia de alguém que nos faça seguir em frente”, afirmou Francisco, que se encontrou com vários membros da comunidade católica para momentos de reflexão e oração. “Todos, a certa altura, temos dúvidas, faz parte da vida duvidar. Nesses momentos, temos de apostar na fidelidade de Jesus. É uma fidelidade que nunca desilude, mais tarde ou mais cedo o Senhor faz-se sentir”, assinalou.

O Papa sustentou que ninguém pode superar esta situação “sozinho” e admitiu que há momentos de “raiva” que podem ser “um modo de rezar”, mesmo quando as pessoas se afastam da oração. “Zangar-se com Jesus é um modo de rezar, é dizer a Jesus: ‘Olha para isto, irrita-me’. Jesus gosta de ver a verdade do nosso coração, não finjamos diante de Jesus, é preciso dizer sempre o que sentimos. ‘Tenho esta dúvida, não acredito, tenho isto, aquilo’, falar assim. É uma bela oração. Ele é muito paciente, espera por nós, sempre, mesmo quando caímos”, garantiu.

Francisco, que se reuniu com os vários grupos numa tenda devido ao desmoronamento de parte do centro paroquial, em resposta a uma catequista deixou votos de que o Crisma não seja um momento de “adeus”. “Isso acontece porque os jovens não sabem como administrar as dúvidas. Mas o Crisma deve ser o sacramento da fortaleza que o Espírito Santo nos dá”, precisou, naquela que foi a 19ª visita a uma paróquia de Roma.

 

3. O Papa considera que os católicos devem rejeitar o “legalismo” e evitar as “pedras” de condenação sobre os outros, como ensinou Jesus Cristo. “Os interlocutores de Jesus estão fechados na estreiteza do legalismo e querem trancar o Filho de Deus na sua perspetiva de julgamento e condenação. Mas Ele não veio ao mundo para julgar e condenar, mas para salvar e oferecer às pessoas uma nova vida”, salientou Francisco, perante milhares de peregrinos reunidos para a recitação do Angelus, na Praça de São Pedro, no passado Domingo, 7 de abril. “Quando falamos mal dos outros, atiramos pedras”, advertiu ainda.

 

4. O Papa Francisco recebeu, no sábado, dia 6 de abril, cerca de 2600 estudantes e docentes do Colégio de São Carlos de Milão, escola que comemora 150 anos. Adriano, um dos alunos, foi o primeiro a questionar o Papa. ‘O que nós e a escola podemos fazer concretamente pelas pessoas mais desfavorecidas que nós? Por que parece que Deus tem preferências?’. Francisco respondeu que “há perguntas que não têm nem terão respostas”. “Somos nós que fazemos distinções. Nós somos artífices das diferenças e inclusive diferenças de dor, de pobreza. Por que hoje no mundo existem tantas crianças famintas? Por que Deus faz esta distinção? Não! Quem o faz é o sistema económico injusto”, referiu.

Uma professora perguntou ao Papa: ‘Como nós, educadores e estudantes, podemos dar exemplo e testemunho da nossa nobre, mas difícil tarefa?’. Para Francisco, as palavras-chave são testemunho e sustento. O educador deve-se confrontar continuamente com a realidade, “sujar as mãos”, “arregaçar as mangas”. “O testemunho é não ter medo da realidade. Não se pode educar sem amor. Não é possível ensinar palavras sem gestos e o primeiro gesto é o carinho: acariciar os corações, acariciar as almas. E a linguagem da carícia qual é? A persuasão. Educa-se não com escribas, não com segurança, mas com a paciência da persuasão”, apontou.

Por fim, a mãe de um aluno, pediu conselhos ao Papa sobre como acompanhar e orientar os filhos nas suas escolhas futuras. Francisco aconselhou os pais a não sofrerem do síndrome do “ninho vazio”. “Vocês pais não devem ter medo da solidão, não tenham medo! É uma solidão fecunda. E pensem nos muitos filhos que estão a crescer e a fazer outros ninhos, culturais, científicos, de comunhão política e social. É preciso proximidade com os filhos para ajudá-los a caminhar”, respondeu.

 

5. A presença de médicos, enfermeiros e demais profissionais de saúde em territórios de guerra é um sinal de esperança para as populações e uma afirmação do lado misericordioso dos conflitos. Quem o diz é o Santo Padre, na edição de abril de ‘O Vídeo do Papa’, pedindo a todos os católicos que rezem por estes profissionais de saúde.

Francisco assinala que estes médicos e seus colaboradores “arriscam a sua vida para salvar a vida de outros”, dando sinais de esperança e mostrando “o lado mais humano e misericordioso da guerra”.

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