Lisboa |
Paróquia de São Vicente de Paulo celebra 60 anos
A caridade continua a evangelizar a Serafina
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A presença da Igreja, enquanto paróquia, no Bairro da Serafina, em Lisboa, faz-se desde 1959 e sempre com o mesmo lema: a caridade é evangelizadora. A Paróquia de São Vicente de Paulo está a celebrar 60 anos e o Cardeal-Patriarca destacou a missão dos paroquianos, que se “oferecem aos outros, em gestos e em palavras de paz e de bem”.

 

“Temos muito que agradecer a Deus desde que há 60 anos os padres da Consolata começaram aqui a trabalhar. Tudo isto continua. No princípio era uma instalação muito provisória, depois fizeram-se outras instalações com um sentido educativo e social muito forte e, finalmente, fez-se esta linda igreja”, começou por observar D. Manuel Clemente, na Missa comemorativa dos 60 anos da paróquia da Serafina. A celebração, que contou com a participação de muitos utentes do centro social, teve lugar no dia 25 de março, Solenidade da Anunciação do Senhor, precisamente nove meses antes do Natal. “Essa é a razão mais profunda de nós estarmos aqui. Nós estamos aqui por causa daquilo que aconteceu no Evangelho, há mais de 2000 anos. Deus propôs a Maria que aceitasse ser Mãe do Filho de Deus neste mundo. Ela aceitou. Só assim é que esta paróquia acontece e todas as comunidades cristãs acontecem no mundo. Quando encontram corações como os de Maria, que estejam dispostos e disponíveis para que Deus continue a acontecer neste mundo e continue a chegar à vida de toda a gente”, acrescentou o Cardeal-Patriarca, na sua homilia.

 

Uma “maravilha” a acontecer

Neste bairro da cidade de Lisboa, D. Manuel Clemente destacou depois a missão da paróquia. “Quando nós, Igreja, neste caso a paróquia da Serafina, aceita, como Maria, que Jesus nasça nas nossas vidas para chegar aos outros, esta maravilha continua a acontecer. A razão mais profunda de nós estarmos aqui, comemorando os 60 anos da paróquia da Serafina, é esta razão de Deus querer continuar a nascer no mundo – e quando encontra corações como o de Maria, que dizem ‘sim’, nasce mesmo e a vida acontece”, reforçou, agradecendo “a Deus tudo quanto aconteceu aqui nestes 60 anos”. “Peçamos a Deus um coração assim, que aceite que Cristo continue a aparecer neste mundo, agora no coração de nós todos, concretamente nos paroquianos da Serafina, para que sejam como Maria: aceitem que Jesus nasce nas suas vidas para se oferecer aos outros, em gestos, em palavras de paz e de bem”, terminou o Cardeal-Patriarca de Lisboa.

 

Deus sempre presente

Criada em 1959, a Paróquia de São Vicente de Paulo tem como pároco, desde 23 de fevereiro de 1979, o cónego Francisco Pereira Crespo. “Estes 60 anos são celebrados em ação de graças pelos dons que esta paróquia recebeu ao longo destas décadas. E foram muitos. Deus esteve sempre presente nesta comunidade, embora passando por muitas tribulações, muitas dificuldades, ao longo das quais muita gente teve de abandonar forçosamente a paróquia, porque a construção do Eixo Norte-Sul desalojou muita gente e reduziu a população praticamente a um terço daquilo que era inicialmente”, começa por salientar o sacerdote, ao Jornal VOZ DA VERDADE.

Apesar dos problemas habitacionais, que têm vários anos, o pároco considera que esta é uma zona “apetecível” da cidade de Lisboa. “Continuamos com os mesmos problemas e dificuldades a nível habitacional, com muitas habitações degradadas. A situação no Bairro da Liberdade é diferente de todas as outras onde houve demolição de barracas para construção de novos prédios. Aqui, os terrenos não são camarários, foram todos adquiridos pelos próprios senhorios e, a partir daí, a câmara não pôde intervir. O que não quer dizer que, em qualquer buraco que vagueie, não venha logo a caminho outra família, vinda de outro lado. Porque o sítio é bom, maravilhoso para viver, não só porque estamos perto do Aqueduto das Águas Livres, mas porque temos o Monsanto do outro lado e isto torna-se um lugar apetecível”, considera, reforçando que “quando a paróquia nasceu tinha cerca de 30 mil habitantes e hoje deve ter 10 mil, se tanto”.

 

Pela caridade

A missão da paróquia da Serafina é a mesma desde 1959. “A paróquia continua a ter como lema a caridade é evangelizadora. A evangelização, aqui, é feita fundamentalmente pela caridade. É assim praticamente desde que nasceu, e é assim que continua hoje. Daí a instauração de todos estes serviços sociais que, ao longo destes anos, fomos criando para poder dar resposta a milhares de pessoas, desde bebés, crianças, até a idosos e dependentes”, refere o cónego Crespo, sublinhando que a paróquia atende “pessoas que moram no bairro, mas também se abre a outras que vêm de fora”. “Hoje em dia, a situação do isolamento é um problema dramático para muitos idosos que estão no centro da cidade de Lisboa ou nas zonas periféricas, onde não têm ninguém. Graças a Deus, nós aqui temos a possibilidade, com o nosso serviço social, de corresponder a todas estas situações”, acrescenta.

A resposta da Igreja, segundo o pároco, chega a muitos: “Temos 170 funcionários – entre médicos, fisiatras, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, técnicos de serviço social, psicólogos, direção, técnicos de recursos humanos, educadores de infância, professores, enfermeiros, ajudantes de ação educativa, ajudantes de ação direta, cozinheiros, limpeza, etc. –, 100 utentes na creche, 140 no jardim-de-infância, 120 no CATL com alimentação, 110 no CATL sem alimentação, 60 no CATL das ‘pontas’, 30 deficientes adultos no CAO, 80 no centro de dia, 60 no apoio domiciliário e 120 em lar”, descreve o cónego Crespo, salientando ainda “a parceria com a Misericórdia de Lisboa para o centro de saúde”, “a clínica de fisioterapia” da paróquia e as “mais de 80 famílias que são ajudadas pelo Banco Alimentar”. “Se pudéssemos crescer, crescíamos ainda mais, mas não podemos, por dois motivos: primeiro, porque não temos espaço e não temos hipótese de construir mais; em segundo lugar, porque temos uma sobrecarga muito grande com tantos funcionários e com despesas que, nos tempos que correm, não são fáceis de manter”, esclarece o pároco.

 

Comunidade viva

Além do acolhimento às crianças e aos idosos, a Paróquia de São Vicente de Paulo tem também como preocupação as famílias. “Temos grupos e movimentos, temos os jovens e casais, a parte litúrgica, a parte lúdica, mas a nossa preocupação é o acompanhamento às famílias. Há um trabalho pastoral a fazer, que está intrinsecamente ligado com a pastoral social: enquanto acompanhamos os filhos, vamos ao mesmo tempo acompanhando os pais e os familiares”, frisa o sacerdote, destacando igualmente a presença do Agrupamento 53 Serafina, do CNE – Corpo Nacional de Escutas: “É um agrupamento muito antigo, que nasceu ainda antes da paróquia – celebraram os 70 anos há dois anos – e que tem atualmente cerca de 120 elementos”.

Sobre a presença do Cardeal-Patriarca na festa dos 60 anos da paróquia da Serafina, o pároco realça a “grande alegria que foi para a comunidade cristã receber o seu Pastor”. “Foi com muita alegria que o senhor Patriarca aceitou o convite, não somente pelos 60 anos, mas também porque já há muito tempo que não vinha celebrar à Serafina. Durante o jantar convívio, ele referiu ter visto uma comunidade viva, que não faz o serviço social pelo serviço social, mas é uma comunidade que celebra liturgicamente e proclama a Palavra e tem a preocupação da formação. Este tripé funciona aqui, não digo de uma maneira exemplar, mas de uma forma clara e evidente”, termina o cónego Francisco Crespo, pároco da Serafina há 40 anos.

 

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“Distribuir o pão e viver o mandamento da caridade”

O pároco de São Vicente de Paulo, cónego Francisco Crespo, agradeceu a “amabilidade, simpatia e amizade” do Cardeal-Patriarca para com esta paróquia da cidade e o “querer estar aqui nesta celebração”. Foi “com todo o gosto” que a comunidade cristã do Bairro da Serafina ofereceu a D. Manuel Clemente, no final da celebração comemorativa dos 60 anos da paróquia, uma casula e uma almofada decorativa, feita pelas crianças. “A casula tem um duplo significado. À frente, tem cinco pães e dois peixes e, do outro lado, o lava-pés. Significa que a nossa missão, nesta comunidade, é distribuir o pão, dar de comer a quem tem fome e procurar viver, cada vez mais, o mandamento da caridade do amor a Deus”, referiu o sacerdote.

O Cardeal-Patriarca agradeceu o gesto desta paróquia da cidade de Lisboa. “Obrigado aos bebés que me trouxeram esta almofada e também a todos por esta casula tão significativa, que certamente usarei com todo gosto por aquilo que ela significa e pela lembrança destes 60 anos de tanta vida repartida, nesta paróquia da Serafina, repetindo e prolongando aquilo que aconteceu há 2000 anos com Nossa Senhora. Ela disse ‘Sim’, Jesus nasceu e vocês aqui, na Serafina, dizem que ‘sim’ à Palavra de Deus, que é Jesus Cristo e que continua a aparecer na vida de muita gente”, enalteceu D. Manuel Clemente, lembrando que “houve aqui muito sonho realizado, em 60 anos, e muitos mais haverá, porque os sonhos de Deus nunca mais acabam”. “Corações como os do vosso pároco, e o dos sacerdotes que o precederam, e de todos os seus colaboradores, fazem com que esta obra de Deus continue a ser uma realidade”, reforçou o Cardeal-Patriarca, no final da celebração que assinalou as seis décadas da presença da paróquia no Bairro da Serafina.

 

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Ato de consagração da paróquia a Nossa Senhora

Antes da Missa celebrada pelo Cardeal-Patriarca, o pároco da Serafina, cónego Francisco Crespo, presidiu ao ato de consagração da Paróquia de São Vicente de Paulo a Nossa Senhora. Um momento em que participou também D. Manuel Clemente.

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