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Epifania em família
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Andamos todos à procura de ver aquilo que os nossos olhos não vêem e ouvir aquilo que esperamos, mas ainda não se fez anunciar. É assim na família, como é também na sociedade, quer no meio escolar, quer nas relações profissionais.

Ora a manifestação de grandes coisas e de grandes decisões muitas vezes tomam-nos de surpresa e se eventualmente não estamos psicologicamente preparados para aceitar esse grande acontecimento, outras vezes o acontecimento é esperado e desejado desde há muito.

A manifestação de fé de jovens que leva à vida consagrada é, sabemo-lo bem, uma decisão que já tem “caído como uma bomba” em algumas famílias, mas outras há em que todos os seus membros se regozijam com a decisão e intensificam a oração de ação de graças e de súplica pelo novo caminho que o jovem vai seguir.

Será uma “epifania em família” em que o Senhor se revela como a autor de todas as coisas e toca o jovem, mas tal como outrora o povo perguntava a João Baptista “o que devemos fazer?”, também hoje a mesma interrogação se nos coloca.

Cada um tem, no entanto, de ser fiel aos dons de Deus. Não basta respeitá-los, é fundamental desenvolvê-los, para ser possível realizar mais e melhor o projeto de Deus que em cada um se realiza.

A proposta então é de vigilância: há que estar preparado porque “na hora em que menos se pensa chega o filho do Homem” (Mt 24, 44). Estar vigilante consiste em ter um coração lavado, preparado para o grande encontro com o Senhor, sabendo que nos espera sentarmo-nos à mesa com Ele para o banquete que nos preparou. Até porque o que dá sentido à nossa morte, é o sentido que ao longo dos dias fomos dando à nossa vida.

Regressando à origem da palavra “epifania” – que em grego significa manifestação, no sentido de que Deus se revela e se manifesta – a Igreja celebra a festa dos Reis Magos, aqueles que com o seu saber e riquezas se juntaram aos mais simples e humildes pastores para adorarem o Deus Menino.

Hoje aprendemos em família e pela fé da Igreja que é a Pessoa de Jesus que procuramos encontrar em cada um de nós e como tal, damos profunda relevância a três manifestações fundamentais da vida de Jesus: a Epifania diante dos Magos do Oriente (manifestação aos pagãos), a Epifania do Batismo do Senhor (manifestação aos judeus) e a Epifania das bodas de Caná (manifestação aos seus discípulos).

Será então como discípulos que, pela proximidade à Igreja e sempre na busca da plena epifania, criaremos o ambiente familiar para fazer nascer mais vocações à vida consagrada, para que o Homem, o Rei e Deus, seja vivido e celebrado a partir da família, para se projetar para o mundo.

texto pelo Diác. JPauloRomero

 

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Não sei de onde vinha…

Não sei de onde vinha, nem tinha ‘ferramentas’ para O entender, mas sei que tinha uma força que me impelia à dedicação aos outros. Lembro-me como se fosse hoje. À pergunta da professora primária: o que queres fazer quando fores grande, respondi, sem noção do que estava a dizer: ‘quero ser consagrada’. Resposta ainda hoje relembrada, pelas colegas da escola. Ser consagrada, um desejo que foi amadurecendo durante toda a adolescência e juventude.

Na comunidade cristã a que pertencia e em outros ambientes cristãos, fui conhecendo melhor Jesus Cristo e a Sua Igreja, assim como as diversas formas de viver e realizar a vocação cristã. Conheci também muito de perto a vida e a vocação das Cooperadoras da Família. Encantava-me, a sua dedicação aos outros, a sua alegria, a sua generosa arte de ensinar tantas jovens e de acolher tão diligentemente as famílias.

Por entre experiências de namoro, de orientação espiritual e discernimento vocacional, fui percebendo com alguma clareza, que ‘a vocação matrimonial’, não era o sonho de Deus para mim. O desejo de consagrar a minha vida a Deus, a bem das Famílias, conduziu-me à opção pela consagração a Deus no Instituto Secular das Cooperadoras da Família, cujo carisma é “o cuidado santificação das Família”. Apoiar os esposos na redescoberta da grandeza da sua vocação e missão, quer humanamente, quer à luz da Fé, fazia todo o sentido. Cresci e foi educada numa família cristã, humilde, mas harmoniosa, na qual a vivência do evangelho pautava as relações e permeava ação.

Ser Cooperadora da Família, um projeto que valeu e vale a pena abraçar, no coração do mundo, para aí continuar a narrativa da beleza e da dignidade da vocação matrimonial, como a narra o Papa na Exortação Amoris Laetitia, nº 11: “O casal que ama e gera vida é a verdadeira «escultura»… Por isso o Amor fecundo chega a ser símbolo das realidades íntimas de Deus… de facto a capacidade que o casal tem de gerar é o caminho por onde de desenrola a história da salvação. Sob esta luz, a relação fecunda do casal torna-se imagem para descobrir e descrever o mistério de Deus… O Deus Trindade é comunhão de Amor; e a família, o seu reflexo vivente”.

41 anos de consagração… um caminho cheio de tudo, sobretudo da graça de Deus que me vai concedendo o dom da fidelidade e alegria de O servir com simplicidade e dedicação. A Ele devo tudo: a vida, a vocação, o que tenho, o que sou e o que virei a ser…

Sem pretender substituir-me à família, prossigo, dia a dia, animada pelo sentir do nosso Fundador (Venerável Pe Brás), um apóstolo incansável da Família, que afirmava: “Tudo o que se fizer a bem da Família, por pouco que seja, é grande”. A Família é indispensável para o equilíbrio dos indivíduos e da sociedade. Sem ela, a relação entre povos e indivíduos fica ameaçada, como defende o Pe Brás: «A grandeza ou a decadência da família acompanham sempre a grandeza ou a decadência dos povos».

texto por Mª da Conceição Gomes Vieira – Cooperadora da Família

 

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50 anos da Humane vitae: uma boa notícia

 

(Conclusão do texto publicado no Familiarmente de Novembro e Dezembro de 2018)

O génio de João Paulo II, na sequência da Humane vitae, foi explorar o significado da dimensão unitiva do ato sexual de uma forma inovadora – com o foco no seu significado interior tornando claro que as duas dimensões não podem ser separadas sem ferir gravemente o significado de cada uma delas:

- “no caso de haver uma separação artificial destes dois significados (unitivo e procriativos), no ato conjugal, realiza-se uma união corpórea, mas ela não corresponde à verdade interior nem à dignidade da comunhão pessoal: communio personarum. (…) Tal violação da ordem interior da comunhão conjugal, que aprofunda as suas raízes na ordem mesma da pessoa, constitui o mal essencial do ato contracetivo” . (TdC, 119-7)

- E também: “A paternidade responsável e a regulação moralmente reta da fertilidade não é outro senão a releitura da «linguagem do corpo» na verdade. (…) O corpo «fala» não só com toda a externa expressão da masculinidade e da feminilidade, mas também com as estruturas internas do organismo, da reatividade somática e psicossomática. Tudo isto deve encontrar o lugar que lhe cabe naquela linguagem com que dialogam os cônjuges como pessoas chamadas à comunhão na «união dos corpos»”  (TdC 121-1)

Quando as pessoas entendem a verdade da dimensão unitiva das relações conjugais, rapidamente abraçam o ensinamento da Igreja sobre o planeamento familiar porque percebem que a contraceção fere o amor que eles tanto desejam. Como diz Karol Wojtyła em Amor e Responsabilidade, o verdadeiro amor implica a consciência da possibilidade da paternidade. Se esta possibilidade for deliberadamente retirada do ato conjugal a natureza da relação automaticamente é alterada e a mudança é no sentido da instrumentalização e não da união.

Não deixa de ser comovente a forma como o Papa Paulo VI chama a atenção para as dificuldades que prevê na aceitação da Humane vitae, mas também a forma como assegura que a Igreja está a cumprir a sua missão com esta encíclica: “A Igreja não foi a autora dessa lei e não pode, portanto, ser árbitra da mesma; mas, somente depositária e intérprete, sem nunca poder declarar lícito aquilo que o não é, pela sua íntima e imutável oposição ao verdadeiro bem comum do homem.” (HV, 18) e “A Igreja, de fato, não pode adotar para com os homens uma atitude diferente da do Redentor: conhece as suas fraquezas, tem compaixão das multidões, acolhe os pecadores, mas não pode renunciar a ensinar a lei que na realidade é própria de uma vida humana, restituída à sua verdade originária e conduzida pelo Espírito de Deus.” (HV, 19)

Com consciência destas dificuldades, o Papa Paulo VI dirige-se em particular à sociedade no sentido de criar um ambiente favorável à castidade (HV, 22); aos governantes no sentido de propor politicas de apoio à família e à educação que respeitem a liberdade dos cidadãos (HV, 23); aos homens da ciência no sentido de se esforçarem por esclarecer mais profundamente, as diversas condições favoráveis a uma honesta regulação da procriação humana (HV, 24), aos sacerdotes no sentido de, em unidade e com confiança, ensinar a doutrina da Igreja sobre o matrimónio sem ambiguidades e como Cristo serem intransigentes com o mal e misericordiosos com o homem. (HV, 28) e finalmente aos Bispos, diz “trabalhai com afinco e sem tréguas na salvaguarda e na santificação do matrimónio, para que ele seja sempre e cada vez mais, vivido em toda a sua plenitude humana e cristã. Considerai esta missão como uma das vossas responsabilidades mais urgentes, na hora atual.” (HV, 30)

Estão a passar 50 anos da publicação da Humane vitae. O que temos nós feito e o que podemos fazer para que a boa nova nela contida seja verdadeiramente acolhida? Como podemos viver de modo a que a doutrina da Igreja seja visivelmente uma boa noticia para o mundo? Como podemos cuidar da família e do amor humano de modo a que revelem na terra o amor das pessoas divinas, a própria essência do Deus que é amor?

texto de Maria José Vilaça

  

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Oração em família

 

Celebrar com Nossa Senhora

Começamos o ano a celebrar a Solenidade de Santa Maria, mãe de Deus. Celebrar a santidade maternal de Maria é afirmar Cristo verdadeiro Homem e verdadeiro Deus, que na cruz nos ofereceu Sua mãe (Jo 19, 27).

 

Proposta de oração:

Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

Ámen.


Oração

Senhor nosso Deus, que, pela virgindade fecunda de Maria Santíssima, destes aos homens a salvação eterna, fazei-nos sentir a intercessão daquela que nos trouxe o Autor da vida, Jesus Cristo, vosso Filho. Ele que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

 

Evangelho (Lc 2, 16-21)

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas

Foram apressadamente e encontraram Maria, José e o menino deitado na manjedoura. Depois de terem visto, começaram a divulgar o que lhes tinham dito a respeito daquele menino. Todos os que ouviram se admiravam do que lhes diziam os pastores. Quanto a Maria, conservava todas estas coisas, ponderando-as no seu coração. E os pastores voltaram, glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham visto e ouvido, conforme lhes fora anunciado.

Quando se completaram os oito dias, para a circuncisão do menino, deram-lhe o nome de Jesus indicado pelo anjo antes de ter sido concebido no seio materno.

Palavra da salvação.

 

Acção de Graças

Cada elemento da família pode agradecer por uma graça recebida neste novo ano

 

Preces

Tomai-nos pela mão, Maria. Agarrados a Vós, superaremos as curvas mais fechadas da história. Levai-nos pela mão a descobrir os laços que nos unem. Reuni-nos, todos juntos, sob o vosso manto, na ternura do amor verdadeiro, onde se reconstitui a família humana.

Todos: «À vossa proteção, recorremos, Santa Mãe de Deus».

Após esta oração, poderão fazer preces espontâneas, pedindo a intercessão a nossa Senhora por um ano de 2019 na Graça de Deus. Após cada prece, repetimos: «À vossa proteção, recorremos, Santa Mãe de Deus».

 

Ave Maria

 

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