Juventude |
Entrevista ao presidente da Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios, D. António Augusto Azevedo
Valorizar os jovens, para o Sínodo não ser “oportunidade perdida”
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O presidente da Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios fala das principais marcas deixadas pelo Sínodo dos Bispos que o Papa dedicou às novas gerações. D. António Augusto Azevedo destaca o impacto desejado para uma nova cultura vocacional nas comunidades católicas.

 

Foi um Sínodo mais preocupado em falar de realidades fora da Europa?

Para nós, ou para mim pessoalmente, esta experiência faz-nos muito bem, porque sentimos e percebemos que vivemos muito absorvidos por uma atitude e uma visão muito eurocêntrica, e de facto a realidade da Igreja hoje é uma realidade cada vez menos centrada na Europa. A vida, a experiência e a força da Igreja noutras partes do mundo impressiona-nos. As lamentações que temos, o realismo com que vamos vendo aquilo que se passa à nossa volta contrasta muito com outras realidades.

A realidade da Ásia é uma realidade que nos impressiona, África em muitas regiões, a América Latina sobretudo. Faz-nos muito bem ouvir o que é a vida da Igreja nestes lugares, no caso concreto a vida da Igreja no que diz respeito à participação dos jovens.

São sociedades com mais jovens, maior presença de jovens na sociedade e na Igreja, e ouvir esses testemunhos faz-nos muito bem até para percebermos qual é a realidade da Igreja hoje.

 

A assembleia contou com uma participação inédita dos próprios jovens.

O diálogo com jovens de tantas partes do mundo permitiu-me a mim, e aos meus irmãos bispos, conhecer não só a realidade dos jovens em muitos contextos. Dou só dois ou três exemplos que foram muito destacados. A questão das migrações. Podemos falar do fenómeno dos migrantes de um modo geral, mas esse fenómeno, se virmos com atenção, diz respeito sobretudo a jovens. Os jovens, seja dentro dos países, seja esta migração que vem de África para a Europa, é feita sobretudo por jovens. Outros aspetos têm a ver com a pobreza, outros fenómenos que causam sofrimento noutras sociedades, como a violência, etc., e que afetam basicamente jovens. Portanto, quer esses aspetos mais preocupantes, quer, sobretudo, e deixe-me sublinhar isto, as experiências mais positivas, de movimentos, grupos, iniciativas e projetos de vária ordem, sociais, eclesiais, mas também no que diz respeito à escola e a universidade, tantas iniciativas interessantes que se vão fazendo pelo mundo fora, iniciativas muito lideradas e propostas pelos jovens, onde eles estão muito empenhados.

 

De que forma é que este contacto com diferentes realidades e iniciativas vai transformar a sua visão enquanto bispo?

O Documento final é um documento inspirador para que cada país e cada diocese o trabalhar no terreno com os jovens, para pôr em prática, no seu contexto próprio, muitas daquelas inspirações.

A primeira preocupação é como aplicar, como reunir as pessoas, que passos dar para aplicar este Sínodo; um segundo aspeto é que um Sínodo, pelo menos no que já foi realizado, é sempre um desafio a uma renovação. No caso concreto dos jovens, e na questão fundamental que é a questão da fé e com a sua consequência que é o despertar para a dimensão vocacional, digamos que tudo isso deve significar uma conversão. É importante e fundamental, e seria uma oportunidade perdida se assim não fosse, a Igreja em Portugal voltar a olhar para os jovens, nesta nova perspetiva que é, em primeiro lugar, valorizar o papel dos jovens como uma parte importante da Igreja, como sujeitos da ação pastoral. Muitas vezes só os vemos como alguém que recebe, mas não, há felizmente muitos jovens na vida da Igreja, nos movimentos, nos grupos, nas atividades, muitos jovens que fazem o percurso de iniciação à fé até ao crisma, e é importante contar com eles.

Este Sínodo procurou reforçar a confiança nos jovens e dizer-lhes que podem confiar na Igreja. A Igreja reafirmou que confia nos jovens, este trabalho é com eles. Por outro lado, deixar mais claro que a dimensão missionária também conta muito com eles. É importante que, com os jovens, a Igreja tenha um rosto mais belo e mais jovem, como disse o Papa em Fátima. Nós estamos habituados a um rosto mais idoso, mas este é um rosto fundamental da Igreja. A presença dos jovens nos vários meios é uma presença da Igreja. Também aqui há que afinar, atualizar, algumas perspetivas e algumas práticas.

Os jovens cristãos são a grande presença da Igreja em vários âmbitos, na escola, na universidade, em vários grupos e associações, e também no ambiente digital, em que hoje os jovens vivem. O Evangelho e a presença da Igreja passam basicamente por eles, e no Sínodo verificámos que muitas das melhores coisas que se têm feito partem muito dos jovens que, junto dos seus amigos, são um grande sinal da presença de Deus, e há coisas muito bonitas nesse capítulo. Há muitas coisas a mudar, e o Sínodo deu e continuará a dar um grande impulso.

 

Entrevista realizada em parceria para a Agência Ecclesia, Família Cristã, Flor de Lis, Rádio Renascença e Voz da Verdade, com o apoio da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre

 

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Conselho Diocesano de Pastoral Juvenil

No dia 3 de novembro, realizou-se mais um Conselho Diocesano de Pastoral Juvenil. Estiveram presentes cerca de 30 representantes de Equipas Vicariais, Movimentos e Serviços do Patriarcado ligados à Pastoral Juvenil.

Um dos momentos principais deste encontro foi a partilha de D. Joaquim Mendes, Bispo Auxiliar de Lisboa que esteve presente no Sínodo do Bispos em Roma, de 3 a 28 de Outubro, sobre a ‘Juventude, a fé e do discernimento vocacional’. Os conselheiros ficaram a conhecer melhor todo o processo de consulta e de funcionamento do Sínodo, assim como as principais conclusões que foram, entretanto, publicadas no Documento Final. D. Joaquim destacou o ambiente de escuta e de familiaridade vivido durante o Sínodo e também a participação dos jovens na reunião, destacando a intervenção relativa à situação vivida pelos jovens do Médio Oriente.

Como ideias principais a reter as da importância de conhecer a realidade dos jovens com quem trabalhamos, a promoção de uma pastoral juvenil de processos e não de eventos e a exigência da participação dos jovens nas estruturas de decisão das paróquias, para que a sua voz seja de facto ouvida na vida quotidiana das comunidades.


texto e foto pelo Serviço da Juventude de Lisboa

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