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Visita Pastoral à paróquia de São Mamede da Ventosa
Descobrir um Deus que está presente
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A paróquia de São Mamede da Ventosa, na Vigararia de Torres Vedras, recebeu, na passada semana, a Visita Pastoral de D. Nuno Brás. Numa paróquia onde as vinhas dominam a paisagem, ficou o desafio a descobrir “um Deus que está presente e que faz caminho connosco”.

Há 14 anos, quando chegou a São Mamede da Ventosa, o Padre Paulo Antunes encontrou uma paróquia “dinâmica, com grupos, com movimentos, com atividade e dispersa por muitos lugares”. No passado recente, garante que a construção de capelas e a reconstrução de igrejas em todos os lugares da paróquia foi um “fator de congregação”. E frisa que quando avança com uma ideia, há uma resposta positiva por parte da comunidade. O Padre Paulo sucedeu, em 2004, ao Padre José Querido, que esteve na paróquia durante 41 anos e que também tinha “uma preocupação muito centrada na formação e na catequese”.

Esta é uma população de 6000 habitantes que se divide pelas áreas da agricultura, indústria e serviços. “Aqui, toda a gente tem um bocadinho de terra”, explica o pároco ao Jornal VOZ DA VERDADE. Não fazem disso sustento de vida, mas, ao fim-de-semana, cultivam esse “amor à terra”, uma herança que receberam de gerações passadas. Há ainda uma ou outra indústria com alguma dimensão na área da transformação. E os serviços garantem postos de trabalho em Torres Vedras, ali perto.

 

A Eucaristia dominical como referência

“Hoje em dia vou sentindo uma comunidade eclesial mais envelhecida, com dificuldade de renovação e de evangelização das novas gerações que vão ficando”. Mantém-se ainda como referência a Eucaristia dominical – o grande momento por excelência da vida cristã. Mas “sente-se uma menor prática” por culpa do envelhecimento, explica o pároco. Há menos casamentos, menos crianças, menos baptismos. E muitos dos que casam, vão morar mais longe. “Há pouca fixação”, lamenta o Padre Paulo.

A paróquia não tem centro social ou paroquial. As associações civis – “com muita gente ligada à Igreja” - vão dando as respostas sociais necessárias. São iniciativas de “pessoas que foram para a frente quando notaram que era preciso dar esta resposta”, especialmente no que toca a centros de dia e apoio domiciliário.

A paróquia divide-se por muitos lugares. Uns com maiores dimensões, como Pedras, Arneiro, Bordinheira, e outros com menor, como a Carregueira, Fernandinho, Monte Negrão, Bonabal. Mas todos têm Eucaristia dominical. “Há 10 anos eram capelas que se enchiam, mas os paroquianos foram morrendo. Outros foram adoecendo, ficando em casa”, conta o Padre Paulo.

Mas a paróquia mantém-se dinâmica graças aos diversos movimentos que lhe dão força e vida. O agrupamento de escuteiros conta com “uma boa equipa de chefias” e cerca de 100 elementos. O grupo de jovens vai, ao longo do ano, animando algumas atividades, “mais espirituais ou mais ligadas à ação social”.

Nesta região do Oeste, e em particular em Torres Vedras, os Cursilhos de Cristandade são também um meio forte de evangelização, bem como os cursos Alpha que têm sido “momentos importantes de primeiro anúncio”. O movimento Esperança e Vida também é importante no acompanhamento pastoral das mulheres viúvas e sós. E nesta paróquia, os movimentos da Acção Católica têm ainda alguma presença.

A catequese é onde se empenham mais forças. Se há uns anos, todas as comunidades tinham catequese, hoje já não é assim. Com a diminuição da natalidade, as crianças vão-se congregando no centro da paróquia. “Diante da realidade humana, temos de congregar e estas são terras que se juntam com relativa facilidade. Este sentido de comunidade e de paróquia já foi mais forte mas, mesmo assim, conseguimos com relativa facilidade congregar”, garante o padre Paulo. Também a catequese familiar que trabalha junto com os pais tem tido um papel importante nesta paróquia.

 

Uma Visita Pastoral que é uma festa

A Visita Pastoral passou nesta paróquia entre os dias 14 e 18 deste mês. O Padre Paulo faz “um balanço muito positivo” do acolhimento a D. Nuno Brás. “Tivemos essa preocupação de ir às escolas, ao centro de dia, à adega cooperativa, a uma ou outra empresa”, explica. “As pessoas gostam de receber o Bispo em sua casa, na sua capela. E foi muito bem acolhido”. Um acolhimento que começou ainda na preparação. “Senti nos paroquianos o gosto e vontade de acolher o Bispo que nos visitou para nos dar uma Palavra. Senti essa alegria e entusiasmo nas catequeses, nos movimentos”, conta o pároco. A Visita Pastoral foi “um programa de passar, estar e comunicar”. “Houve pessoas que se comoveram com a visita”, refere o sacerdote de 48 anos. De entre os vários momentos marcantes registados, o Padre Paulo recorda o momento em que as 120 crianças do 1º ciclo e jardim de infância, todas reunidas, cantaram um cântico a D. Nuno Brás e lhe fizeram perguntas, na presença de professores e educadoras. “Foi um momento muito bonito”, conta. Também no sábado, 17 de fevereiro, na catequese de infância e adolescência, as crianças apresentaram-lhe os seus trabalhos, as suas reflexões, as suas perguntas sobre ser Pastor, Bispo, e Igreja. “Foram momentos muito bonitos e muito emotivos”, conta o pároco, Padre Paulo Antunes.

 

Descobrir um Deus que faz caminho connosco

Nesta Visita Pastoral, segundo o Padre Paulo Antunes, D. Nuno Brás “sublinhou muito a questão de Deus que está presente, que diante das dificuldades não desiste de nós, que nos ama e que faz caminho connosco”. O sacerdote conta ainda que o Bispo Auxiliar de Lisboa deixou “palavras de coragem, de ânimo, garantindo que Deus não nos deixa sós nas dificuldades”.

Para o futuro, o pároco de São Mamede da Ventosa, traçou alguns desafios para esta paróquia da Vigararia de Torres Vedras. “O desafio da comunhão e da missão que nunca está completo e que temos de estar sempre a alimentar”. Também o “empenho na tarefa de evangelização, do testemunho, do anúncio” ganha uma nova força. “São os grandes desafios de toda a Igreja e desta comunidade em particular”, onde também deve existir a preocupação “pelos outros que não estão cá porque Jesus também tem uma palavra para eles”, explica o sacerdote.

 

 texto por Clara Nogueira; fotos por Jornal Badaladas e Samuel Gomes

 

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 Visita Pastoral às paróquias de Dois Portos e Runa

Uma palavra de ânimo e empenho na vida cristã

 

As paróquias de Dois Portos e Runa acolheram também a Visita Pastoral que passa pela Vigararia de Torres Vedras até ao dia 11 de março. Durante cincos dias, D. Joaquim Mendes, “muito afável e disponível”, teve a oportunidade de conhecer esta comunidade cristã numa visita com um balanço “muito positivo”, afirma o pároco destas duas paróquias, Padre Rui Gregório. O sacerdote destaca os encontros com as comunidades, onde os paroquianos “puderam falar e ouvir D. Joaquim” e ainda os momentos de oração e as visitas às instituições. Nestas paróquias com uma realidade pequena, D. Joaquim destacou o “envolvimento, o cuidado com os mais velhos e a gratidão”. Em Dois Portos, houve ainda oportunidade para celebrar as bodas de ouro sacerdotais de dois antigos párocos.

Estas são paróquias pequenas mas com mais de dez lugares de culto. Dois Portos conta com cerca de 2000 habitantes e Runa com 1000. “Nota-se o envelhecimento”, conta o Padre Rui. Mas D. Joaquim veio trazer “uma palavra de ânimo, de empenho na vida cristã”. Na Missa de encerramento, no Domingo, 18 de fevereiro, o Bispo Auxiliar de Lisboa agradeceu “o acolhimento, o testemunho de fé, de sentido de pertença à Igreja e de compromisso cristão”. Recordou as instituições que visitou, lembrando “o bem que realizam, pela solicitude pelos mais débeis nos Centros de Dia e no seu acompanhamento familiar”. Assinalou ainda o papel dos catequistas “que, em nome da comunidade, acompanham as crianças na iniciação à vida cristã, no conhecimento de Jesus e no crescimento da vida da fé, em comunidade” e de “todos aqueles que serviram e servem a comunidade, nos vários ministérios e serviços”.

Na sua homilia, D. Joaquim Mendes deixou ainda vários desafios: “Conservai e fazei crescer a fé que recebeste. Testemunhai-a e transmiti-a. Mostrai como é belo ser cristão, com uma vida fraterna de unidade e de comunhão entre vós. Valorizai a Palavra de Deus como bússola no vosso caminho. A fé nasce, cresce e amadurece na escuta e na obediência à Palavra de Deus. Crescei no seu conhecimento, na familiaridade com ela e no seu cumprimento, para que ela permaneça em vós e, de vós, irradie para todos como palavra que faz viver, ilumina a vida, dá-lhe sentido e é fonte de esperança e de alegria”.

 

texto por Clara Nogueira; fotos por Jornal Badaladas

 

texto por Clara Nogueira; fotos por Jornal Badaladas e Samuel Gomes
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