Na Tua Palavra |
D. Nuno Brás
A última heresia cristã
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A chamada “Revolução de Outubro” de há 100 anos atrás (comemorada por motivos de calendário a 7 de Novembro) iniciou a tentativa mais conhecida de dar vida a um regime marxista: a União Soviética. Longe de ser apenas uma ideologia, o marxismo passou ali a ser uma prática, uma forma de organização social, um modo de vida.

Henri de Lubac, um dos maiores teólogos do século passado, disse que o marxismo era “a última heresia cristã”: última porque a mais recente em relação ao tempo em que Lubac escrevia; cristã porque, de facto, usava muitas das categorias do Evangelho reduzindo-as a uma esperança terrena. Aliás, sem o cristianismo teria sido impossível a existência do marxismo. Mas o marxismo tudo reduzia à visão materialista da história e do homem. Assim, por exemplo, o povo eleito foi substituído pela classe operária; a luta contra o mal foi substituída pela luta de classes; o céu pelo aparecimento do comunismo – e muitas outras semelhanças poderíamos encontrar… Tudo se resumia a procurar retirar Deus (proclamado pelos marxistas como o “ópio do povo”) do horizonte humano; a reduzir a vida à matéria, procurando incutir aos militantes a mesma paixão, a mesma energia dos santos, mas sempre de um modo frio, maquinal e implacável.

O marxismo soviético marcou de um modo indelével todo o nosso século XX. Tornou-se o ideal da esmagadora maioria dos intelectuais que, no mundo ocidental, sofriam por não poderem viver num regime comunista. Contudo, ao mesmo tempo que nos países ocidentais se vivia esta “nostalgia comunista”, nos países onde o marxismo se tornou a ideologia do Estado, os mortos por ela causados eram aos milhões. Tudo se sacrificava à possibilidade de, um dia, ser possível viver o comunismo ideal. Até a “ditadura do proletariado” era olhada como mal necessário para lá chegar. Por fim, o regime comunista da União Soviética caiu de podre, qual baralho de cartas, em 1989. Era, simplesmente, desumano. Poucos, muito poucos, foram os que choraram o seu fim. E quase todos deixaram de se reivindicar marxistas.

No entanto, é inegável como a redução marxista do homem à dimensão económica; a sua afirmação de que a história é comandada apenas pelo domínio dos meios de produção; o esquecimento de Deus e a redução do homem à matéria continuam a dirigir ainda hoje os destinos do nosso mundo. E como, do mesmo modo, continuam a matar.

Alguém me dizia há dias: “muito pouco aprendemos com a história”!

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