Lisboa |
Segunda edição do Fórum Wahou, sobre a Teologia do Corpo
Um fim de semana para descobrir um “tesouro” da Igreja
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Depois da primeira edição, o Fórum Wahou está de volta a Lisboa para refletir sobre a Teologia do Corpo de João Paulo II. É uma oportunidade para “perceber o objectivo do amor” e receber “instrumentos para o viver”, garante Maria José Vilaça, uma das responsáveis pela iniciativa que é organizada pela Pastoral Familiar do Patriarcado de Lisboa.    

“Porque fomos criados homem e mulher? Qual o significado da diferença? Qual o significado do meu corpo? Qual o sentido da minha vida?”. Estas são algumas das perguntas que servem de mote a um fim de semana onde se pretende descobrir o significado do corpo e da sexualidade, no plano de Deus, através da imersão total na antropologia de João Paulo II. Dirigido a jovens adultos, pais, avós, solteiros, casais, religiosos, padres, animadores de preparação para o casamento, profissionais de saúde, professores, catequistas, educadores, chefes de escuteiros, entre outros, o encontro oferece propostas pedagógicas acessíveis a todos.

 

“Uau, é isto!”

Escreve-se ‘Fórum Wahou’ mas “poderia escrever-se ‘Fórum Uau’, conta, ao jornal VOZ DA VERDADE, Maria José Vilaça, psicóloga clínica e uma das responsáveis pela organização do Fórum. “É uma interpretação livre do que poderia ter sido a exclamação de Adão quando viu Eva pela primeira vez”, explica. “Uau, é isto! Esta sim, é verdadeiramente osso dos meus ossos, carne da minha carne”, imagina a sorrir. “E nós interpretamos isto de uma forma livre como quem diz, “uau, finalmente!”, continua. E a expressão parece aplicar-se na perfeição. “Foi engraçado verificar que durante o Fórum de fevereiro, as pessoas estavam muito espantadas e entusiasmadas e utilizaram esta expressão vezes sem conta”, recorda.

 

De França para Portugal

O Fórum Wahou nasceu em França, em 2011, a partir de uma proposta criada por um grupo de leigos. “Sentiam que as pessoas que liam um livro sobre a Teologia do Corpo ficavam a achar que já sabiam tudo e, portanto, o interesse ia morrendo porque não estudavam mais, não aprofundavam mais”, explica Maria José Vilaça. Sentiram, por isso, “a necessidade de criar qualquer coisa que revitalizasse o desejo de aprender mais sobre a Teologia do Corpo e de pô-la em prática na vida”. Para além disso, desejavam que partisse das dioceses e que estivessem envolvidos os próprios organismos oficiais da Igreja, como o bispo, os padres. Desenharam um esquema, em colaboração com o presidente do Instituto de Teologia do Corpo, em França, e com os professores do Instituto João Paulo II, em Roma, e começaram a aplicá-lo. “Tiveram um sucesso brutal, com encontros para 300, 400, 500 pessoas”, conta. Estima-se que, desde 2011, tenham passado pelos fóruns, em França, cerca de cinco mil pessoas. Hoje, os encontros acontecem um pouco por todo o país e já há modalidades unicamente destinadas a padres e seminaristas.

Entretanto, o projeto ultrapassou fronteiras e chegou a Itália e Portugal. “Um dia decidi fazer pesquisa sobre Teologia do Corpo, em francês, e deparei-me com isto. Estava tão bem organizado em termos de conteúdo que achei que tínhamos de explorar”, explica Maria José. “E foi um trabalho que valeu bem a pena”, garante. A primeira edição em Portugal realizou-se em fevereiro deste ano, no Seminário de Nossa Senhora de Fátima, em Alfragide, e contou com cerca de 50 participantes.

 

Um fórum de 2 dias, em 3 etapas

O Fórum consiste num fim de semana que se divide em três tempos. O primeiro – de aprendizagem – debruça-se sobre cinco lições da Teologia do Corpo: o plano de Deus para o Amor Humano; a redenção do corpo; a sacramentalidade do matrimónio; e a vida conjugal à luz da Humanae Vitae. “Há um outro tempo que se pode chamar de apropriação”, explica Maria José. Dele fazem parte os momentos de oração e adoração diante do Santíssimo, a Missa no sábado e no Domingo, e a possibilidade de confissão. O objetivo é que o participante faça o eco do que ali ouviu para a sua vida: “No que é que isto me toca? Sinto que vai tocar nalguma ferida do meu passado ou nalguma forma de ver o amor diferente?”, exemplifica. Este tempo prevê também momentos de partilha só entre homens e só entre mulheres; só para consagrados, só para casados. “Está tudo previsto”, garante.

Por fim, os Ateliers de Missão pretendem oferecer ‘chaves’ para se passar à prática na evangelização. “Já não é sobre como viver a Teologia do Corpo mas como falar disto às pessoas: ad gentes, a jovens, a crianças, a adolescentes, a casais, a noivos, a populações com características específicas”.

 

Um fórum para todos

O Fórum está pensado para oferecer propostas pedagógicas acessíveis a todos. A ideia é ser “muito simples”, de forma a que quem não tem bases nenhumas não se perca. “Mas também não se pode dizer que quem não tem noções não vai ganhar nada com isto”. Maria José recorda a exclamação marcante de um dos participantes do Fórum de fevereiro, durante um dos momentos de partilha: “Se isto é amar verdadeiramente então eu nunca na vida amei”. Mas também para “pessoas que estão dentro da doutrina da Igreja” foi “surpreendente”, garante Maria José. “Tivemos o caso de um diácono permanente que foi com a mulher e que só lamentava não terem descoberto isto há mais tempo”. Aliás, “é o que as pessoas dizem geralmente quando conhecem a Teologia do Corpo”, conta Maria José a sorrir.

“Os participantes, ao longo do fim de semana, vão percebendo que o ser humano é criado para amar e aqui encontra a resposta ao desejo que tem no coração, encontra aqui aquilo que o preenche”, explica. E sobram as exclamações de quem vê isso pela primeira vez: “Isto é lindíssimo, isto faz todo o sentido, isto é o que eu sempre senti mas não sabia dar um nome”. Ficam com este ‘uau a “ressoar”, diz Maria José. De tal maneira que o entusiasmo levou uma das participantes de fevereiro a levantar-se e pôr mãos à obra: “Eu sou de Torres Vedras e ofereço-me para ajudar a organizar o próximo”. E assim foi.

 

O amor como vocação

Em poucas palavras, Maria José descreve a Teologia do Corpo como a consciência do amor como vocação. “É a isso a que somos chamados. A nossa principal vocação – a primeira – é amar. Só mais tarde é que se decide de que forma é que fazemos isso”, conta Maria José Vilaça. E depois, surge a consciência de “que a nossa forma de amar é reveladora do amor de Deus e daquilo que Deus é: Ele próprio uma comunhão de pessoas. Nós amamos para construir uma comunhão exatamente à semelhança de Deus que é Ele próprio, uma comunhão de pessoas”. E “se aprendermos o significado da palavra comunhão, isso dá-nos uma liberdade imensa para amar com verdade. Porque não se pode amar sem liberdade nem verdade”, aponta a psicóloga clínica, revelando que “a Teologia do Corpo ajuda-nos a perceber o objectivo do amor e dá-nos os instrumentos para o viver”. De tal forma que “as pessoas possam olhar para um casal e dizer: o amor de Deus é assim”,  ou que “possam olhar para um consagrado e dizer: quando eu me encontrar face a face com Deus é assim que eu vou amar, eu vou amar a Igreja como Cristo a amou”, até porque “todos queremos um amor para sempre, onde nos sintamos acolhidos e protegidos”, aponta. Maria José garante que “cada vez mais”, as pessoas “cancelam em si essa busca pelo amor verdadeiro e começam a contentar-se com menos; e depois até parece que esse menos é o máximo que conseguem ter”, descreve. É por isso que “é preciso despertar no coração das pessoas o desejo”. O objectivo do Fórum é esse mesmo. Há um primeiro despertar do desejo no coração. “Mas depois é preciso deixar que Nosso Senhor faça o seu trabalho”.

 

Mais informações: http://teologiadocorpo.org , https://www.forumwahou.fr, https://www.facebook.com/forumwahoupt

 

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Ser imagem do amor de Deus

Casados há três anos e pais de Francisco, com um ano, Sara e Bernardo pouco ou nada sabiam sobre a Teologia do Corpo. Decidiram participar na primeira edição do Fórum Wahou, em Portugal, contagiados pela curiosidade de outros casais que lhes diziam que a Teologia do Corpo lhes tinha mudado a vida. E agora garantem, também eles, que mudou totalmente a visão que têm do casamento, da vida. “O nosso casamento é a imagem do amor de Deus por nós”, contam ainda com espanto. “Não sei se o entendíamos assim tão bem”, confessam. “Queríamos perceber por que fazemos as coisas como fazemos”. E explicam que o Fórum superou todas as expectativas. Tanto que no fim do dia só queriam ir a correr contar a toda a gente o tesouro que acabavam de descobrir. “Descobre-se um tesouro incrível que tem de se levar aos outros”. É por isso que recomendam o Fórum sem reservas. “É um tema tão difícil e ali é tudo explicado de forma tão clara e tão bonita”, contam agora que fazem parte da organização desta nova edição. “Nós voltámos um casal muito melhor, muito mais próximo de Deus. Para nós, foi a melhor maneira de entrar a sério na Teologia do Corpo”, garantem.

 

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Fórum Wahou – 2ª edição

Inscrições abertas

Marcado para os dias 7 e 8 de outubro no Centro de Espiritualidade do Turcifal, Torres Vedras, o Fórum Wahou tem um custo de 60¤ por pessoa (50¤ no caso de ser estudante ou estar sem emprego) e a inscrição deve ser realizada online (http://familia.patriarcado-lisboa.pt) até ao dia 30 de setembro. A organização salvaguarda, no entanto, que a dificuldade económica não é impedimento para frequentar o Fórum e quem tiver alguma necessidade deverá entrar em contacto e expor a situação.

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