Lisboa |
Visita Pastoral à Paróquia de Mafra
Viver em comunidade e acolher
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É necessária uma “dimensão comunitária” para a vivência da fé, alertou D. Nuno Brás aos agentes pastorais da Paróquia de Mafra. Por ocasião da Visita Pastoral, o Bispo Auxiliar de Lisboa visitou as diferentes comunidades da paróquia e pediu para se “continuar a procurar acolher” quem tem vindo a escolher Mafra para residir.

 

O Bispo Auxiliar de Lisboa D. Nuno Brás sublinhou, aos agentes pastorais da Paróquia de Mafra, a necessidade de se viver uma “dimensão comunitária da vida da fé”. “O grupo dos doze discípulos – humanamente falando – não foi um grupo exemplar mas foi com eles que Jesus quis começar a anunciar o Evangelho. Mostra-nos e ensina-nos que Deus é comunidade. Se a vida da fé é união com este Deus que é comunidade, o nosso caminho há de ser um caminho em comunidade”, afirmou D. Nuno Brás, no encontro que juntou as diversas ‘forças vivas’ da paróquia, no passado dia 24 de fevereiro.

Na sua intervenção, o Bispo Auxiliar de Lisboa convidou estes leigos a refletirem sobre a missão essencial da Igreja. “Jesus Cristo funda continuamente a Igreja. E ela não existe sem ser alimentada por Jesus Cristo. Muitas vezes reduz-se a Igreja a uma associação de bem fazer. Antes de ter lares, centros sociais – que aliás, são muito importantes –, antes disso, a Igreja é o corpo de Cristo”, lembrou D. Nuno Brás, alertando para os perigos de um “cristianismo individualista”. “Se um membro do corpo sofre, todos os outros sofrem com ele. Aí falhamos de duas formas: em primeiro, porque, muitas vezes, não fazemos referência à cabeça que é Cristo, sendo, muitas vezes, voluntaristas pensando que nós é que salvamos o mundo”; depois, na preocupação de quem está “ao nosso lado”. “Por vezes, vivemos um cristianismo demasiado individualista e não conhecemos as pessoas que estão ao nosso lado. Não tomamos a iniciativa de saber porque este ou aquele não foram hoje à Missa. Não somos capazes de ter esta sensibilidade para o outro”, declarou.

 

Testemunho no mundo

No encontro que decorreu no salão paroquial da Paróquia de Mafra, no contexto da Visita Pastoral, D. Nuno Brás deixou alguns desafios ao papel dos leigos e motivou os diferentes responsáveis paroquiais para a necessidade de darem testemunho do Evangelho “onde estão”. “Como é que Jesus Cristo está presente no mundo? Através do seu corpo que é a Igreja”, respondeu o próprio Bispo Auxiliar de Lisboa. É, por isso, “essencial” que os leigos “deem testemunho no mundo, onde estão. Essa é a principal característica de um leigo. As pessoas estão à espera de quem lhes fale de Jesus Cristo! E nós não temos o direito de não falar! Como é que chegamos a esta gente que não põe os filhos na catequese? Este é o grande desafio”, apontou D. Nuno Brás.

De entre os diversos ministérios eclesiais, representados neste encontro na Basílica de Mafra, o Bispo Auxiliar de Lisboa dirigiu-se também aos catequistas, garantindo-lhes que “a solução para a catequese” não se encontra nos manuais, no número de anos, mas sim “nos catequistas”. “O problema é fazer com que os miúdos queiram ser como o catequista, percebendo que aquele catequista não é um santo mas é alguém que vive de Jesus Cristo e que vive Jesus Cristo”, indicou.

 

Mudança demográfica

A cerca de 30 minutos de Lisboa, a Paróquia de Mafra registou, nos últimos anos, “um rápido crescimento demográfico” com a chegada de milhares de pessoas – sobretudo casais novos – que escolheram este concelho para habitar, explica ao Jornal VOZ DA VERDADE o pároco, padre Luís Barros. “Trata-se, claramente, de uma população maioritariamente urbana, que povoa sobretudo a Vila e os seus arredores, onde já encontramos inúmeros bairros residenciais. Esta população faz destes bairros um autêntico local de dormitório, trabalhando sobretudo em Lisboa”, afirma o sacerdote que destaca do facto de beneficiar da proximidade de dois locais de beleza natural: a Ericeira e a Tapada de Mafra, que fazem que este concelho seja “apetecível” para habitar. “Não é de estranhar, pois, que, ao contrário da tendência nacional, aqui a população jovem esteja em franco crescimento”, afirma. Porém, para além de alguns locais socialmente mais rurais, existe uma realidade “intermédia”, onde se encontra uma mistura de população local e muita gente vinda de fora. “A Achada, o Sobreiro e o Zambujal são exemplos disto mesmo”, aponta o pároco, de 47 anos.

 

Integrar

As rápidas alterações demográficas levaram também a alterações pastorais, sintetizadas, pelo pároco, numa expressão: “integrar, sem excluir”. “Procura-se manter os traços pastorais tradicionais, que tão bons resultados ainda produzem, mas dando-lhes um cunho mais adaptado às mudanças que se vão operando. Um exemplo prático disto são as quatro tradicionais procissões quaresmais existentes na Basílica de Mafra, que temos preservado e estimulado, mas adaptando-as a esta nova realidade”, destaca o padre Luís Barros.

Atualmente, estima-se que o concelho de Mafra tenha cerca de 81 mil habitantes, com pouco mais de 20 mil a habitarem na freguesia. A Paróquia de Mafra constitui-se por oito locais de culto, sendo que alguns deles são populacionalmente maiores que algumas das outras 15 paróquias da Vigararia de Mafra. “Algumas destas comunidades têm uma dimensão e uma identidade muito própria e acentuada, que fazem delas autênticas ‘quase-paróquias’. Acresce ainda a necessidade de ter sensibilidade para a tradicional rivalidade entre locais, algo muito comum em sociedades tradicionalmente rurais. É uma característica que é necessário ir ajudando a ultrapassar”, reconhece o padre Luís Barros, que observa alguns esforços para a criação de uma “pastoral de conjunto”. “Em alguns âmbitos vai-se observando já alguma capacidade de articulação de atividades pastorais comuns às diversas comunidades”, sublinha.

 

Acolher

Para o padre Luís Barros, pároco de Mafra desde 2005, a Visita Pastoral de D. Nuno Brás à paróquia, que decorre entre 21 de fevereiro e até este Domingo, 5 de março, está a ser “muito positiva”, apesar de ser “temporalmente muito curta, atendendo ao tamanho populacional e à diversidade da paróquia”. Em todo o caso, “nos ecos que vamos escutando, é referido sempre o grande apreço pela presença e simpatia do nosso Bispo Auxiliar e a importância das palavras e desafios que nos vai deixando”, aponta.

Nos diversos encontros que D. Nuno Brás teve com as diferentes comunidades da paróquia, o padre Luís destaca uma das mensagens deixadas pelo Bispo Auxiliar de Lisboa: “Continuarmos a procurar acolher aqueles que escolheram a nossa paróquia para residir. São pessoas social e culturalmente muito diferentes, mas que, muitas vezes, mostram uma profunda falta de sentido para a vida e uma grande sede de Deus”. Apesar de este ser “um assunto transversal à vida da Igreja”, ganha “particular importância” neste concelho de Mafra, fruto das alterações sociais, observadas nos últimos anos.

Sendo a Paróquia de Mafra a sede do concelho, a Visita Pastoral fez-se também a algumas das mais importantes instituições eclesiais e civis, tais como a visita à Escola das Armas, ao Palácio Nacional de Mafra – com quem a paróquia partilha o Real Edifício de Mafra, ao Destacamento da GNR de Mafra, à Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Mafra, à APERCIM (instituição de apoio a pessoas com deficiência), à Santa Casa da Misericórdia de Mafra, ao Centro Social Paroquial de Mafra (Lar do Sobreiro) ou ao Centro de Saúde.

Também as instituições de ensino do concelho, que somam mais de 4000 alunos, receberam a visita de D. Nuno Brás. “Em todas as instituições, o senhor Bispo foi francamente bem recebido, com grande cortesia e estima pelos seus dirigentes”, observou o padre Luís Barros.

 

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Datas comemorativas do tricentenário do Real Edifício de Mafra

É um ano intenso de iniciativas culturais, às quais a paróquia também se associa, visto ter o Real Edifício tido início num voto religioso do rei Dom João V, que rogava a Deus por um herdeiro. Cabe à paróquia, naturalmente, a organização das celebrações litúrgicas comemorativas, tendo-se já realizado diversas. Não posso deixar de sublinhar, muito proximamente, a realização das já referidas procissões quaresmais, para as quais a todos convido. O mesmo se diga das celebrações da Semana Santa. Na página da Paróquia de Mafra no Facebook (www.facebook.com/paroquiademafra) pode-se ir encontrando diversas informações alusivas às mesmas. Não deixem de nos visitar e conhecê-las!

De entre as variadas datas, sublinho o dia 22 de outubro deste ano, Domingo – data aniversária da sagração da Basílica, ocorrida no já longínquo ano de 1730. Teremos entre nós, o senhor Cardeal-Patriarca, D. Manuel Clemente, que virá celebrar a Missa desse dia.

Padre Luís Barros, pároco de Mafra

 

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Conheça o programa completo das comemorações do tricentenário do Real Edifício de Mafra, em www.palaciomafra.pt

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