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Gonçalo Costa, da Equipa d’África
Missão é aqui e agora
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Gonçalo Costa nasceu em Lisboa, a 10 de janeiro de 1991. É licenciado em Ilustração pela University of Hertfordshire, no Reino Unido. Em 2015, fez a formação da Equipa d’África e, nesse mesmo ano, fez missão no Alentejo. Em 2016, partiu para Moçambique por um mês e meio.

 

Os estudos: movido pela paixão

Considera que o momento em que os seus estudos se tornaram mais decisivos no seu caminho foi a entrada na Escola Artística António Arroio, em 2006, tal como nos conta: “Foi uma escolha minha, a primeira escolha com impacto. Encontrei muitas pessoas nesta escola que ainda hoje têm um lugar muito importante na minha vida e que moldaram muito do que sou hoje. Estudei desenho, história da arte, design... Tudo coisas pelas quais tenho uma grande paixão. Especializei-me em Design de Comunicação. Em 2009 entrei na Faculdade de Belas Artes no curso de Design de Comunicação, mas no ano seguinte fui para a University of Hertfordshire, no Reino Unido, onde terminei em 2012 a licenciatura em Ilustração.”

 

Ser aquilo que se sente chamado a fazer

Não consegue separar a sua vida pessoal da profissional e religiosa: “O que eu quero é que a minha atividade diária seja aquilo que eu sinta estar a ser chamado a fazer e tudo se mistura um pouco, trabalho, voluntariado, ajuda na comunidade, viagens...”. Em relação à sua vida espiritual, considera que sempre foi uma parte muito influente nas suas escolhas. “Desde 2009 que sou catequista na paróquia da Ameixoeira e, mesmo quando no ano seguinte fui viver para o Reino Unido, isso não mudou. Vivi e estudei dois anos em Hatfield, uma localidade a norte de Londres. Este foi um tempo muito importante na minha vida. Conheci e tornei-me amigo do Pe. Mark Vickers, da paróquia de St. Peter e, em 2011, fui viver para a residência paroquial a trabalhar como seu assistente. Lembro-me com muitas saudades desse ano. Tive a oportunidade de conhecer imensa gente fantástica por meio do Pe. Mark, sobretudo em Allen Hall, o seminário de Londres. No fim do verão de 2012 regressei a Portugal e comecei a trabalhar como ilustrador num estúdio, mas só durou até ao início de 2013. Até ao fim desse ano trabalhei como freelancer em várias áreas: turismo, ilustração, comunicação na Amnistia Internacional. Andei um pouco perdido e à procura (sobretudo de propósito), e numa altura um pouco conturbada pensei que era uma boa altura para viajar. Queria alguma coisa que me abanasse o mais possível, que fosse o maior contraste que conseguisse encontrar, já que não sabia bem que lugar tinha cá. Então, no verão de 2014, fui para a Tailândia e vivi em Bangkok por três meses. Foi uma viagem que de facto abanou muito, nada como eu estava à espera, e também não foi fácil. Regressei a Portugal no fim do ano de 2014, mais perdido do que quando tinha partido, e foi quando a minha irmã me convidou a assistir a uma reunião da Equipa d’África.”

 

“Viver a procura com a mesma luz que os missionários que lá encontrei”

Considera que o ano de 2015 foi claramente o “ano Equipa d’África” na sua vida e conta-nos, na primeira pessoa, o percurso que tem feito: “Foi o aspeto mais marcante. Fez perfeito sentido. Se ao início havia um grupo enorme de gente nova aos ‘tropeços’ e ‘apalpões’, a experimentar sem compromisso, a meio já se via quase uma família. Durante o ano de formação íamos aprendendo o sentido dos 4 pilares da Equipa d’África (EA): oração, serviço, entrega e vida em comunidade. Quatro expressões que ao início meio que “soavam bem”, mas que ganharam vida no projeto missionário desse ano: quatro semanas no Gavião, Alto Alentejo com outros três voluntários. Nós na Equipa d’África chamamos ‘manos’ aos voluntários com quem servimos em missão. É natural que se crie uma ligação especial com estas pessoas, mas não é forçoso que assim seja. Ora, no Gavião formou-se uma verdadeira irmandade entre nós, que ainda hoje é ‘sagrada’. Passámos as quatro semanas em serviço como a Equipa d’África ensina: entregues ao trabalho, em constante partilha e oração, em harmonia com a comunidade, focados e com propósito. E este sentido de propósito constante era uma coisa que já procurava há muito tempo. Propósito, propósito, propósito. Chamamento. Se calhar as minhas memórias são muito ‘românticas’, mas é verdade que sinto que mais do que o ‘trabalhar’, a EA ensina a fazê-lo de uma certa forma... uma forma que eu admiro e quero aprender cada vez melhor. O regresso de missão e início do ano Equipa d’África 2016 foi cheio de energia trazida do Gavião. Tinha tido um ano de 2015 incrível, e queria mostrar aos novos membros que agora entravam na Equipa tudo aquilo que podiam aprender. Tudo o que podiam dar e receber. Já não estava ali apenas para observar e absorver. Agora sentia que tinha de ser também um bocadinho de testemunho, como tinham sido para mim também. Neste ano de 2016 deram-me também a oportunidade de fazer missão em Meteoro, no norte de Moçambique. Vou guardar esta experiência sempre, num lugar da minha memória onde possa voltar muitas vezes para aprender mais e mais. Durante o mês e meio que vivemos em Meteoro voltei a sentir aquela onda constante de ‘propósito’. Parece-me que poderia retirar quase tudo da minha vida (sem querer ser injusto) mas se mantivesse o propósito, estaria bem. Moçambique é uma realidade completamente fora do nosso quotidiano. Poderia escrever mais mil páginas sobre isso. Mas para simplificar quero apenas dizer que tive de me sentir muito humilde ou ‘humilhado’ (muito entre aspas) pelas pessoas que lá conheci. Pela generosidade do povo daquela terra, pela sabedoria e luz dos missionários que lá vivem e se entregam... As Irmãs Filhas de Jesus e os Padres Passionistas vivem uma existência plena, como eu nunca tinha visto na vida. Têm a marca de uma vocação bem vivida: a alegria, a resiliência, a paciência, a coragem. Então que outra coisa podíamos nós fazer se não dar tudo àquela missão? Durante aquelas seis semanas demos explicações, pintámos uma escolinha, acompanhámos os padres nas visitas às comunidades, recuperámos uma biblioteca abandonada, demos apoio no centro de saúde da Missão. Sempre com a alegria de quem faz o que faz com propósito. E essa foi uma das principais coisas (de tantas!) que trouxe de Moçambique: não faz sentido que apenas sinta o ‘propósito’ durante as semanas do projeto. Missão é aqui e agora. Deus não me chama a viver a Oração, o Serviço, a Entrega e a Vida em Comunidade apenas durante mês e meio. Ainda não sei qual é a minha vocação, mas quero viver a procura com a mesma luz que os missionários que lá encontrei, e a mesma generosidade da comunidade que nos recebeu. Aqui na minha terra, ou seja onde for chamado a estar.”

texto por Catarina António, FEC – Fundação Fé e Cooperação
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