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Natal na Sé Patriarcal de Lisboa
“O Verbo ressoa e o seu eco seremos nós”
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O Cardeal-Patriarca de Lisboa destacou a necessidade de uma maior atenção a quem está só e em sofrimento. Na manhã do Dia de Natal, na Sé de Lisboa, D. Manuel Clemente lembrou ainda os três “lugares” onde «o Verbo fez-Se carne e habitou entre nós».

 

Na Missa do Dia de Natal, a 25 de dezembro, o Cardeal-Patriarca disse ser “bom lembrar” que a Igreja é “a religião do Verbo incarnado, não simplesmente os leitores de textos originais ou traduzidos”. Neste sentido, sublinhou, é “importante” continuar “o Natal do Verbo incarnado, com a sua assimilação pessoal e comunitária”. “Foi assim que Deus se disse, nascendo onde (não) lhe arranjaram lugar. Que teve de ser levado para longe da sanha de Herodes; que viveu depois em Nazaré da Galileia, nas vicissitudes duma povoação como tantas; que inaugurou um Reino tão diferente dos outros que os desafiou a todos, como desafia sempre, como desafia agora, para que os últimos se tornem realmente em primeiros; que proclamou felicidades (bem-aventuranças) que radicalmente contrastam com aquelas em que nos deseducamos… E tudo isto na “carne”, isto é, na vida como ela é, ou ainda não é o que deve ser. Assim mesmo celebramos este Natal, aqui na Sé de Lisboa. Mas assim mesmo nos lembramos doutros rostos que este Natal contém, para neles igualmente incarnar. Os de quem está só e espera a nossa visita, de quem está perto e não reparamos, de quem nos irrompe do ecrã mediático, a partir de tantas tragédias do mundo… Aí também o Verbo incarna, aí também nos espera. Qualquer oração mais intensa, qualquer gesto mais efetivo nos aproximarão d’Ele como aos pastores do presépio. O Verbo ressoa e o seu eco seremos nós”, apontou.

Nesta celebração, D. Manuel Clemente destacou ainda os três “lugares” onde «o Verbo fez-Se carne e habitou entre nós»: “na comunidade crente”, “na tradição apostólica, como o Ressuscitado a consignou aos Onze” e “na voz de quem pede, mesmo sem falar, pão, agasalho e companhia, assim indicando o juízo definitivo”. “Assim ressoa o Verbo, porque assim mesmo incarnou e incarnado nos acompanha e aguarda. É este o Natal celebrado e este há de ser o Natal cumprido”, manifestou.

 

Verdadeira e autêntica

Na Missa da Noite de Natal, a 24 de dezembro, o Cardeal-Patriarca convidou a retomar “na sua verdade e autenticidade” o Natal. “Reúnem-se familiares e amigos, festejam os presentes e lembram-se os ausentes. Fazem-se apelos e concretizam-se gestos de solidariedade e paz. Tudo isto é bom, e até evangélico, pois vai na lógica da incarnação divina na humanidade que somos. Mas também deve ser mantido e mesmo retomado na sua verdade e autenticidade, sem contrafações por excesso ou diferença. Por excesso de gastos e por diferença de sentido ou sem sentido. Porque a insofismável realidade do Natal é como o Evangelho a narra. Maria concebe Jesus em Nazaré da Galileia e dá-o à luz nove meses depois em Belém de Judá, guardados ambos por José. Tão simples como isto, no modo original de Deus fazer as coisas”, salientou.

Nesta tradicional Missa do Galo, na Sé de Lisboa, D. Manuel Clemente recordou depois os dramas dos refugiados. “De tudo quanto ouvimos nas Leituras uma frase persiste e adverte. O Menino recém-nascido teve uma manjedoura por leito, «porque não havia lugar para eles na hospedaria». Não havia naquela noite, como desgraçadamente continua a não haver nestes dias… Em que leito descansam os fugitivos de todas as Alepos de agora? Em que leito, os sem-abrigo da nossa cidade? Em que leito, os mal alojados e os desalojados do pouco teto que tinham e tiveram de deixar, ainda sem alternativa minimamente capaz?”, questionou, respondendo: “Sabemos que não são fáceis as soluções. Mas devemos saber também que elas começam na nossa própria convicção e vontade de resolver o que não pode esperar, o que não deve esperar. Cidadãos com cidadãos, avancemos com práticas e políticas consequentes. Pois, sem habitação, vacila tudo o mais, da educação à saúde, da família à convivência em geral. Que de Natal em Natal haja mais “lugar na hospedaria”, para que seja verdadeira a celebração e mais autêntica a sociedade”.

 

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Cardeal-Patriarca defende que todos devem ter “casa digna”

Na Mensagem de Natal, o Cardeal-Patriarca de Lisboa apelou ao empenho da comunidade para que todos tenham uma “casa digna”, num exercício permanente de solidariedade à luz do Natal. “Gostaria muito que todos nós, como sociedade, além das fronteiras definidas da crença, tenhamos uma aplicação muito especial em resolver este problema, para que, de Natal a Natal, sejam menos aqueles que têm de nascer numa manjedoira, por não terem lugar numa hospedaria”, afirmou D. Manuel Clemente, na tradicional mensagem transmitida pela RTP e Rádio Renascença, na noite de 24 de dezembro. “Façamos desta preocupação de arranjar casa digna para todos os habitantes do nosso território, começando pelos locais onde estamos mais proximamente, façamos desta preocupação um exercício solidário à luz do Natal, porque este é um ponto no qual nós nos devemos e podemos encontrar cada vez mais: dar a todos, proporcionar a cada um uma habitação condigna, para que mais ninguém tenha que nascer na manjedoira”, desafiou o Cardeal-Patriarca, lembrando o nascimento de Cristo: “Se o Natal nos traz esta lição da maneira, do modo de Deus acontecer no mundo, também traz para cada um de nós uma exigência acrescida de solidariedade concreta”.

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