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À procura da Palavra
Caminhos de conversão
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DOMINGO II DO ADVENTO Ano A

“Arrependei-vos, porque está perto o reino dos Céus.”

Mt 3, 2

 

Há caminhos e caminhos. E se cada um de nós também faz o seu próprio caminho, certamente já experimentámos a alegria de caminhar com outros. A experiência cristã parte da escolha que Jesus fez de discípulos para “andarem com Ele”. Poderíamos encontrar melhor expressão para dizer toda a intimidade e cumplicidade que nasce e se fortalece entre quem compartilha sol e chuva, pão e fome, sonho e dura realidade? Poderia lembrar também a frase do poeta espanhol António Machado: “Caminante, no hay camiño; se hace camiño al andar”. Fazer um caminho juntos é o sentido da palavra “sínodo”, que tem guiado a vida pastoral da Diocese de Lisboa há 3 anos e certamente um dinamismo para o futuro.


João Baptista reclama caminhos novos. Mais autênticos e radicais, para ir ao encontro de Deus e para que Ele possa vir às nossas vidas. Por isso propõe arrependimento, mudança de acções, mas, sobretudo de mentalidades, pois as primeiras serão apenas “fogo de vista” se não se produzirem as segundas. Até somos capazes de ser bons e generosos, tolerantes e acolhedores, quando isso pode ser bem visto e elogiado, mas sempre? “Porquê eu e não todos os outros?” A conversão até é uma palavra bonita para o advento e quaresma, e pode ser uma ajuda para o autodomínio pessoal, mas é preciso insistir tanto nela?

A conversão/mudança que o evangelho propõe não é um esforço ensimesmado de cada um, dobrado sobre si mesmo e voltado sobre os seus pecados, numa tentativa de aperfeiçoamento que apenas leva a uma exaltação pessoal. É sim, o voltar-se para Deus, abrir os recônditos da alma e da vida à luz do seu amor e fazer caminho com Ele. É deixarmo-nos “baptizar no Espírito Santo e no fogo”, para que Ele possa recolher o trigo e queimar a palha, sinal de pretensão e orgulho. Só esta conversão simplifica, liberta de todas as neuroses, e abre possibilidades no mundo dos homens ao fabuloso sonho de Isaías: “O lobo viverá com o cordeiro e a pantera dormirá com o cabrito; o bezerro e o leãozinho andarão juntos e um menino os poderá conduzir. A vitela e a ursa pastarão juntamente, suas crias dormirão lado a lado; e o leão comerá feno como o boi. A criança de leite brincará junto ao ninho da cobra e o menino meterá a mão na toca da víbora.”

O dia e o tempo novos que João Baptista anunciava já começaram em Jesus. E para caminhar com Ele não nos podemos fechar no passado nem em esquemas gastos, nem isolarmo-nos em “condomínios de auto-satisfação espiritual e afins”. É preciso o verdadeiro amor ao “dia novo”, como escrevia o poeta Daniel Faria: “Este é o dia novo. Sei-o pelo desejo / De o transformar. Este é o dia transformado / Pelo modo como apoio este dia no chão. / Coloco-o na posição humilde dos meus joelhos na terra / Abro-o com os olhos que retiro de todas as coisas quando os fixo / Na atenção. [...] E ponho-me de frente no seu lado, / Nos seus braços abertos para me unir / E entro pelo lado aberto e ardo – como Elias / Em chamas subindo para o céu.”

 

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