Na Tua Palavra |
D. Nuno Brás
Que Europa queremos ser?
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Há dias, o Reino Unido votou em referendo a saída da União Europeia. Essa escolha terá certamente consequências mais ou menos graves, que creio todos ignorarmos ainda quais sejam. Uma coisa é, no entanto, certa: o referendo colocou em causa o modo como a União Europeia tem funcionado, os seus objectivos a curto e médio prazo. Não me parece, no entanto, que aquelas consequências cheguem ao ponto de colocar em causa a existência da União.

Sobretudo, não é o referendo do Reino Unido que vai destruir a Europa. É que, ao contrário daquilo que muitas vezes parece resultar dos discursos de muitos, a Europa não é o mesmo que a União Europeia. É uma realidade muito anterior e muito maior — uma realidade cultural (um modo de viver) que se traduz, de há muitos séculos a esta parte, em soberanias diferentes com uma organização política e jurídica semelhante nos vários Estados e, sobretudo, com valores e identidades comuns. Ser europeu é uma forma de estar na vida.

Certamente: a União Europeia começou por ser uma tentativa (nem sempre conseguida) de institucionalizar aquilo que são os valores e a identidade da Europa. Depois de uma Guerra Mundial que ia (essa sim) destruindo a Europa, iniciou-se na procura comum do caminho mais prático e evidente que desse alguma garantia de paz e convivência dos diferentes povos: a livre circulação de bens. Depois, começaram a ser percorridos os caminhos da livre circulação de pessoas e da moeda única, ao mesmo tempo que se alargava o espaço político e geográfico da União. Em teoria, tudo isto deveria ser relativamente fácil de conseguir, dado o fundo cultural comum existente entre os vários povos.

Só que dizer fundo cultural comum não é o mesmo que impor a unificação forçada de modos de ser – sobretudo não é o mesmo que querer construir uma realidade nova a partir de uma ideia artificial, em grande parte estranha ao ser europeu. É esta tentativa de construir algo que nunca existiu, mudando o modo de ser e de viver dos vários povos para os querer unificar a partir de um conjunto de ideias, ignorando a real identidade europeia, que hoje se encontra, de facto, em crise, e que penso estar, em definitivo, votada ao fracasso. Os grandes objectivos e muitos dos caminhos percorridos não são para deitar fora. Mas uma pergunta se impõe: que Europa queremos ser?

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