Lisboa |
Unidade Pastoral de Nova Oeiras e São Julião da Barra
Criando laços de comunhão
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Não está canonicamente constituída enquanto unidade pastoral, mas é uma dinâmica que nasceu “do desejo de ser mais Igreja” e de “aproveitar melhor os recursos”, tendo em vista “a comunhão”. As duas paróquias que constituem a Unidade Pastoral de Nova Oeiras e São Julião da Barra comemoraram 25 anos, numa celebração presidida pelo Cardeal-Patriarca.

 

São duas paróquias que em 2012 passaram a ter no padre Nuno Westwood o mesmo pároco. Nova Oeiras e São Julião da Barra, na Vigararia de Oeiras, com a chegada do sacerdote, passaram a viver em ‘unidade pastoral’, numa medida que visou a comunhão e o aproveitamento de recursos. “Esta Unidade Pastoral de Nova Oeiras e São Julião da Barra brota de um desejo de sermos mais Igreja – porque mais do que sermos desta ou daquela paróquia, deste ou daquele grupinho, somos Igreja, com expressão local mas que tem a mesma meta porque procuramos toda a comunhão em Jesus; por outro lado, é uma forma de aproveitarmos os recursos de serviço e de pessoas, sem estar a ser algo forçado – havendo possibilidade de partilha de experiências, de histórias, de testemunhos e de serviços, por que não aproveitar isso ao máximo e rentabilizar?”, assinala o padre Nuno Westwood, ao Jornal VOZ DA VERDADE, por ocasião dos 25 anos destas duas paróquias que compõem a unidade pastoral, celebrados no passado dia 14 de abril.

Chegado em 2008 à paróquia de São Julião e Santa Bárbara de São Julião da Barra, o padre Nuno Westwood é nomeado, quatro anos depois, pelo Cardeal-Patriarca D. José Policarpo, também pároco de Santo António de Nova Oeiras. Reconhecendo que “são duas comunidades que têm ritmos e sensibilidades diferentes”, este sacerdote garante não ter “uma visão de futuro ‘profética’ da organização paroquial” com a sua decisão de criar a unidade pastoral. “Esta unidade pastoral nasceu de uma necessidade de congregar as pessoas, para sentirem que estavam reunidas à volta do mesmo pároco e, portanto, queria que fossem comunidades que pudessem trabalhar em conjunto”, frisa.

O padre Nuno lembra ainda que conta somente “com a colaboração de um sacerdote, que está a estudar”, e que, por isso, “fazer tudo a duplicar torna mais complicada a organização pastoral das duas comunidades”.

 

Pequenos passos

Salientando que a Unidade Pastoral de Nova Oeiras e São Julião da Barra “não está canonicamente ereta”, este sacerdote de 44 anos recorda as reações que foi tendo dos cristãos das duas paróquias à então nova unidade pastoral. “Houve gente que exagerou e criou expectativas falsas – talvez pela necessidade de ser comunhão –, pensando que isto iria ser algo canónico e passaríamos a ter a mesma Missa, e ficaram desiludidos e críticos; por outro lado, tivemos gente que aceitou muito bem”, refere, assegurando: “As coisas caminham de forma lenta e surgem mais a partir das bases que por decretos que venham de cima”.

O padre Nuno Westwood dá exemplos concretos de como se concretiza a unidade pastoral entre as duas paróquias. “A formação de catequistas: por vezes, cada grupo, cada paróquia tem a sua formação e é muito mais prático haver uma formação comum. Outro exemplo é a peregrinação a pé a Fátima, que organizámos na semana anterior aos 25 anos das paróquias, em que a representação das duas comunidades foi muito semelhante. Na vivência destes três dias não houve o ‘grupinho de Nova Oeiras’ ou o ‘grupinho de São Julião’… de uma forma natural, as pessoas foram convivendo e partilhando”, conta. Os refugiados são também um projeto comum a estas duas paróquias da Vigararia de Oeiras. “Recentemente, enquanto unidade pastoral, assinámos um protocolo com a PAR – Plataforma de Apoio aos Refugiados, constituiu-se uma equipa única, com membros das duas paróquias, para acolher uma família”, revela o pároco, destacando ainda que, “na caridade”, no apoio às famílias com a ajuda do Banco Alimentar, “há partilha dos excedentes”.

Reconhecendo, por outro lado, que “ainda há uma tentação de bairrismo” nas duas comunidades, de “cada um preocupar-se apenas consigo”, o padre Nuno considera que esta é “a maior dificuldade” que vai sentindo e é também “o mais difícil de combater”. “Mesmo dentro da mesma paróquia vemos gente que faz tudo pelo seu grupo, mas se a comunidade no seu todo precisa de mais qualquer coisa, isso já é mais difícil…”, lamenta.

Pertencente à comunidade dos Apóstolos de Santa Maria, fundada por Frei Hermano da Câmara, o padre Nuno Westwood destaca novamente o termo comunhão quando olha para trás e vê o caminho que a unidade pastoral já percorreu. “Passados estes quatro anos da criação da Unidade Pastoral de Nova Oeiras e São Julião da Barra, a coisa mais bonita é que não há um documento a dizer: ‘agora são unidade pastoral, têm de proceder desta forma’, mas as pessoas, com pequenos passos, vão criando laços de comunhão”.

 

União profunda

O Cardeal-Patriarca de Lisboa associou-se às comemorações dos 25 anos das paróquias de Nova Oeiras e São Julião da Barra, na Vigararia de Oeiras, sublinhando que os cristãos não devem ficar em “efemérides passadistas”. “Quando lembramos estas coisas, que são aquelas que Jesus vai fazendo connosco através das comunidades cristãs, estamos a revivê-las e a relançá-las para a atualidade”, apontou D. Manuel Clemente, na homilia da celebração conjunta das duas paróquias ‘gémeas’, que decorreu na igreja de São Julião da Barra, no passado dia 14 de abril.

Segundo o Cardeal-Patriarca, “uma comunidade cristã é o lugar onde se aproxima a vida das pessoas da Palavra de Deus e a Palavra de Deus da vida das pessoas”. “É isso que se faz aqui, nas paróquias de Nova Oeiras e de São Julião da Barra: desde os mais pequenos, até aos mais idosos, em qualquer uma das situações da vida, aquilo que uma comunidade cristã procura – com os seus padres, diáconos, catequistas, famílias e todos aqueles que anunciam Jesus Cristo – é unir a vida das pessoas à vida de Jesus”. Ao mesmo tempo, referiu D. Manuel Clemente, a “união da vida das pessoas à vida de Cristo deve ser profunda e não apenas uma união episódica, de alguns momentos”.

No final da celebração, o padre Nuno Westwood assinalou que a presença do Cardeal-Patriarca “solidificou o sonho dos cristãos, há 25 anos atrás, nestas duas comunidades paroquiais”: “Sermos Igreja, uma Igreja com sabor a Cristo”. Lembrando que naquele dia 14 de abril se cumpriam os 25 anos da dedicação da igreja paroquial de São Julião da Barra, o sacerdote destacou ainda “o esforço e a dedicação” dos “párocos antecessores” e “de muito cristãos, discípulos de Jesus”, que “deram a sua vida e o seu tempo” e ajudaram “na construção de duas comunidades vivas”.

O vigário da Vigararia de Oeiras, cónego Mário Pais, também se associou às comemorações dos 25 anos das paróquias de Nova Oeiras e São Julião da Barra. “É motivo de júbilo! E estando no Ano Jubilar da Misericórdia, desejo interpretar, decerto, o aplauso de todos os colegas padres e diáconos, e das respetivas comunidades cristãs, a que presidem, a alegria desta celebração festiva. Ao longo destes 25 anos muitas foram as graças e dons que a Trindade Santíssima derramou e derrama sobre todos os paroquianos e todos os residentes nessas porções do Povo de Deus”, escreveu o sacerdote, numa mensagem enviada ao pároco das duas paróquias.

 

Abertura e corresponsabilização

Nova Oeiras e São Julião da Barra começaram a reunir os primeiros cristãos há cerca de 40 anos. As comunidades foram depois desanexadas da paróquia de Oeiras, que teve no padre Fernando Martins, durante 43 anos, entre 1966 e 2009, o seu pároco. “O padre Fernando Martins, com uma visão profética, sentia que a Igreja devia ter uma presença local. Ele começou então a preparar gente, os mais dedicados da paróquia de Oeiras que viviam em Nova Oeiras e São Julião, e com esses começou a criar grupos de oração, formação de catequese, e rapidamente surgiu a comunidade, com a Eucaristia dominical”, descreve o padre Nuno Westwood.

Hoje, como desafios para as duas paróquias, este sacerdote destaca a necessidade de abertura e corresponsabilização. “A paróquia de Nova Oeiras está marcada sobretudo com o Caminho Neocatecumenal, e como eles são muito conscientes e muito comprometidos acabam por fazer quase todos os serviços da paróquia. Quem não é do Caminho e não se identifica, por vezes afasta-se e a paróquia fica um pouco fechada para chegar a outros. Em São Julião da Barra, há alguma dependência do pároco. Quando cheguei, em 2008, como só tinha uma paróquia, envolvi-me muito em todos os projetos e as pessoas habituaram-se, mas têm de ser capazes de tomar iniciativa, no sentido da comunhão”, manifesta o padre Nuno Westwood.

 

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Mensagem do Cardeal-Patriarca de Lisboa por ocasião dos 25 anos das duas paróquias

Celebrar as Bodas de Prata duma Comunidade Cristã é retomar a novidade com que foram criadas. Certamente pelo documento fundacional, mas muito mais pela graça inesgotável que as sustenta.

Graça de Cristo, força do Espírito e vontade do Pai – que assim nos quer reunidos como filhos seus e irmãos uns dos outros. Comunidade de escuta, duma Palavra que jamais passará. Comunidade dos sacramentos, em que essa Palavra acontece na vida dos crentes. Comunidade de partilha, fora e dentro duma realidade sem portas, como é a caridade divina. Comunidade que, sendo Igreja, é como a Mãe de Jesus, que O acolhe, incarna e a todos oferece. Comunidade de missão, não tanto de geografias terrestres, mas da distância a perfazer na vida de cada um, em conversão contínua.

 

Dar graças por vinte e cinco anos é rever-se na Fonte, para jorrar sempre mais. “Parabéns” ao nosso Deus, pela sua obra em Nova Oeiras e São Julião da Barra!

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