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DOMINGO DE RAMOS
Salva-te a Ti mesmo,
e a nós também.
Lc 23, 39 

A importância do julgamento de Jesus foi recentemente sublinhada pelo professor Joseph Weiler, reitor do Instituto Universitário Europeu de Florença, numa conferência em Lisboa. Judeu praticante, afirmou que “Jesus morre inocentemente, porque estava só a fazer o que Deus lhe mandou fazer; por outro lado, o povo que o condena não está a cometer uma injustiça, porque estavam a fazer o que lhes tinha sido dito para fazer nesta circunstância”. De facto, Jesus morre pedindo o perdão, e bem sabemos o que significou ao longo dos tempos a culpabilização do povo judeu. Mais do que a procura de culpados, escutar de novo a paixão segundo S. Lucas, torna-nos conscientes de como se pode causar o mal quando queremos “defender Deus” (e as nossas imagens d’Ele) e quando deixamos de mergulhar nos olhos de quem se condena.

O perigo maior seria banalizar o mal, e bem sabemos como há momentos e lugares onde ele parece que se concentra até ficarmos sem palavras: Aushwitz, a guerra interminável na Síria e o medo de quem foge para sobreviver, os campos de refugiados, mas também a violência sexual sobre crianças, o excesso e a miséria lado a lado. São algumas das muitas crucifixões para as quais nos remete o olhar que lançamos para Jesus. De difícil resolução a maioria, mas todas a pedir que não nos anestesiemos em frivolidades, que não nos refugiemos na indiferença. A Páscoa de Jesus reclama corações vivos, não tão preocupados com uma salvação individual, estilo “salva-te a ti mesmo”, mas confiantes na dádiva de vida que cada um, e com outros, é possível oferecer. Muitas vezes em diferentes cruzes, em derrotas, que nunca são definitivas, em escuridão, que é o lugar onde germinam as sementes.  

A anedota é conhecida: dizia um homem, que tinha ouvido no ano anterior o Evangelho da Paixão, e chorara como os outros pelos sofrimentos de Jesus, ao ouvir o mesmo naquele ano: “Mas se lhe tinham feito tudo aquilo no outro ano, porque é que é que cá voltou?” Sim, porque voltamos também nós à Paixão de Jesus, senão para nos lembrarmos que Deus vive e sofre em cada crucificado? E que não vale a pena imaginá-l’O, impassível e espectador do mundo, num céu acima de nós! A salvação que Jesus trouxe vive-se todos os dias em que vencemos a morte com mais vida, em que colocamos todas as forças e qualidades ao serviço do maior bem, em que recusamos poderes ou glórias pessoais para que a felicidade seja para todos. A paixão de Jesus relembra-nos que a tentação de julgar é desculpa para não mudarmos, que a ânsia de milagres pode ser recusa de uma relação de amor e confiança com Deus, que mesmo num último momento é possível a compaixão e a abertura à vida sem fim.

Queremos entrar cada vez mais nesta Paixão de Jesus, que nos apaixona por erradicar os calvários do mundo?

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