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Papa pede que políticos corruptos se convertam
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O Papa Francisco criticou quem explora outras pessoas, exortou os colaboradores a não se esquecerem do seu sentido missão e apelou ao fim da pena capital. No regresso da viagem ao México, Francisco equiparou o aborto a crimes da máfia.

 

1. O Papa apelou à conversão dos políticos corruptos, deixando críticas a quem explora outras pessoas e exerce o poder sem “respeito pela vida” ou “justiça”. Francisco falava na Praça de São Pedro, durante a habitual audiência-geral de quarta-feira, dia 24 de fevereiro, partindo de um episódio bíblico: o rei Acab manda assassinar Nabot para lhe roubar uma vinha. “Deus vê este crime e bate à porta do coração de Acab; o rei, confrontado com o seu pecado, entende, humilha-se e pede perdão: que bom seria que os poderosos exploradores de hoje fizessem o mesmo”, declarou, na catequese sobre a misericórdia.

O Papa assinalou que este episódio do Antigo Testamento continua a manter atualidade e deixar lições para os dias de hoje. “Esta não é uma história de outros tempos. É uma história atual, dos poderosos que, para terem mais dinheiro, exploram os pobres, exploram as pessoas. É a história do tráfico de pessoas, do trabalho escravo, das pobres pessoas que trabalham sem direitos e com o mínimo, para enriquecer os poderosos. É a história dos políticos corruptos, que querem sempre mais e mais”, denunciou. Francisco lembrou ainda que a riqueza e o poder podem ser boas e úteis, quando são colocadas ao serviço do “bem comum” e não como “privilégio”.

 

2. Na missa do Jubileu da Cúria Romana, o Papa pediu aos colaboradores para não caírem na tentação de se afastarem do essencial. “Que nos nossos ambientes de trabalho possamos sentir, cultivar e praticar um forte sentido pastoral, sobretudo para com as pessoas que encontramos todos os dias. Que ninguém se sinta negligenciado ou maltratado, mas cada um possa experimentar, antes de mais aqui, o cuidado atencioso do Bom Pastor”, solicitou. “Somos chamados a ser os colaboradores de Deus, numa tarefa tão fundamental e única como é a de testemunhar com a nossa existência a força da graça que transforma e o poder do espírito que renova. Deixemos que o Senhor nos liberte de toda a tentação que afasta do essencial da nossa missão, e redescubramos a beleza de professar a fé no Senhor Jesus. A fidelidade ao Ministério conjuga-se bem com a misericórdia que queremos experimentar”, concluiu Francisco.

 

3. O Papa Francisco lançou, no passado Domingo, 21 de fevereiro, um apelo à defesa da vida, pedindo o fim da pena capital neste Ano da Misericórdia, que diz ser a altura certa para procurar um consenso internacional. “O mandamento ‘não matarás’ tem valor absoluto tanto para o inocente como para o culpado”, referiu Francisco, depois da oração do Angelus, no Vaticano. “Também o criminoso tem o direito inviolável à vida, dom de Deus. Faço um apelo à consciência dos governantes para que se alcance um consenso internacional a favor da abolição da pena de morte. E proponho aos governantes católicos que cumpram um gesto corajoso e exemplar: que nenhuma condenação seja executada neste ano santo da Misericórdia. O jubileu extraordinário da Misericórdia é uma ocasião propícia para promover no mundo formas cada vez mais amadurecidas de respeito pela vida e pela dignidade de cada pessoa”, declarou o Papa.

O Papa referiu-se também ao recente encontro que manteve com o Patriarca de Moscovo: “Elevemos um louvor especial à Santíssima Trindade por ter querido que, nesta ocasião, acontecesse em Cuba o encontro entre o Papa e o Patriarca de Moscovo e de todas as Rússias, o caro irmão Cirilo, um encontro tão desejado também pelos meus antecessores. Este acontecimento é uma luz profética de ressurreição de que o mundo, hoje, precisa mais do que nunca. Que a Santa Mãe de Deus continue a guiar-nos no caminho da unidade”.

Antes de se despedir dos milhares de fiéis na Praça de São Pedro, o Papa Francisco anunciou a distribuição umas caixas com um “medicamento especial” chamado ‘Misericordina’, que contem um terço e uma imagem de Jesus Cristo, no sentido de promover neste Ano da Misericórdia a oração pelo amor, o perdão e a fraternidade.

 

4. O Papa Francisco equiparou o aborto aos crimes da máfia. “É um crime, é um mal absoluto”, disse aos jornalistas, na quinta-feira, 18 de fevereiro, durante a viagem para Roma, depois da visita ao México. Questionado sobre os pedidos para a legalização do aborto devido à epidemia do vírus zika, que em caso de gravidez pode causar graves má-formações em bebés, Francisco respondeu que o aborto “não é um mal menor”, mas “um crime”. “É deitar fora um para salvar outro. É o que faz a máfia!”, sublinhou.

Francisco explicou ainda que é preciso evitar a confusão moral entre o “mal” de evitar uma gravidez com contraceção artificial, do ponto de vista da Igreja Católica, e o aborto. “O aborto não é um problema teológico, é um problema humano, é um problema médico, é contra o juramento de Hipócrates que os médicos devem fazer. É um mal em si mesmo”, garantiu. Já, em certos casos, o evitar a gravidez não é um “mal absoluto”, acrescentou o Papa, recordando indicações dadas por Paulo VI, que autorizou religiosas a usar pílulas contracetivas perante ameaças de violação de grupos rebeldes, no antigo Congo Belga.

 

5. No último dia da visita ao México, a 17 de fevereiro, o Papa desejou que os presos se tornem “profetas na sociedade”, ajudando a prevenir que outras pessoas cometam os mesmos erros. Numa visita à prisão de Ciudad Juárez, um dos locais mais violentos do México, sobretudo devido ao narcotráfico, Francisco admitiu que, apesar dos erros cometidos, há sempre a possibilidade de mudar de rumo. “Sabemos que não se pode voltar atrás, sabemos que o que foi feito, feito está. Mas isto não significa que não haja a possibilidade de escrever uma página nova daqui para a frente; por isso, quis celebrar convosco o Jubileu da Misericórdia”, referiu. “Falai com os vossos queridos, contai-lhes a vossa experiência, ajudai a travar o ciclo vicioso da violência e da exclusão. Quem sofreu o máximo da amargura a ponto de poder afirmar que ‘experimentou o inferno’, pode tornar-se um profeta na sociedade. Trabalhai para que esta sociedade que usa e joga fora não continue a fazer mais vítimas”, pediu Francisco.

Ciudad Juárez acolheu depois a última celebração papal em solo mexicano, com o Papa a alertar para os problemas dos migrantes que caem em mãos criminosas e a deixar uma mensagem de esperança ao povo mexicano.

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