Lisboa |
Padre Alcobia (1934-2016)
Um padre que se ‘gastou’ pela Igreja
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A alegria e a disponibilidade são duas marcas que o padre José Alcobia, falecido no passado dia 10 de fevereiro, deixou nas suas paróquias e nos lugares por onde passou. Um sacerdote que durante 47 anos, entre 1957 e 2004, foi também professor de EMRC – Educação Moral e Religiosa Católica.

 

Decorria o ano de 2003 quando chegou a Santo Isidoro, e também a Sobral da Abelheira, o padre José Feliciano Rocha Alcobia. Estas paróquias da zona de Mafra recebiam um sacerdote que antes tinha estado em Marvila (1976 a 2003) e São Félix de Chelas (1983 a 2003), com um ano, pelo meio, em Santa Beatriz da Silva (1992 a 1993). “O padre Alcobia deixa uma marca, fundamentalmente, de muita alegria. Sempre que me recordo dele, lembro-me do sorriso que o caracterizava. O padre Alcobia era uma pessoa muito alegre”. André Morais, de 24 anos, faz vida paroquial em Santo Isidoro e conta ao Jornal VOZ DA VERDADE que teve no padre Alcobia um sacerdote muito importante na sua vida. Natural de Lisboa, André cresceu na Ameixoeira, no seio de uma família católica não praticante, foi batizado mas nunca andou na catequese. Ia à Missa com os avós, que moram em Castelo Branco, e “gostava muito” desses momentos. Como os pais tinham casa de fim-de-semana em Santo Isidoro, foi nesta paróquia que André, com os seus 17-18 anos, começou a fazer caminho em Igreja. “Foi com o padre Alcobia que fiz depois os sacramentos da iniciação cristã”, recorda. Por estar “envolvido no coro paroquial” tinha “fácil acesso” ao padre Alcobia. “Certo dia, na Quaresma, falei com ele e expliquei-lhe a minha situação, que tinha muita pena mas que não podia comungar porque não tinha os sacramentos da iniciação cristã. Lembro-me perfeitamente de o padre Alcobia me dar uma palmada nas costas e responder: ‘Temos que tratar disso!’. No fim-de-semana seguinte deu-me um livro para eu ler e fui conversando com ele. No Sábado Santo de 2010, das mãos do padre Alcobia, comunguei pela primeira vez e fui crismado”, salienta o jovem André.

 

Gastar-se

Sobre Santo Isidoro, em Mafra, André sente que “o padre Alcobia procurou deixar uma paróquia unida”. “Ele sempre procurou estar disponível para os seus paroquianos, para a sua população, muitas vezes com custos pessoais, mas sempre nesta doação alegre de quem descobre Cristo, quem não se poupa a esforços para que os outros possam ter a mesma alegria que ele tinha”, frisa.

Para André Morais, o padre José Alcobia foi um sacerdote que se entregou no serviço da Igreja. “Há uma imagem que gosto muito que é a do ‘gastar-se’: o padre Alcobia ‘gastou-se’ ao serviço de Deus, ao serviço dos homens, ao serviço da Igreja. Essa é uma das marcas que ele deixa e que são mais interpelantes, porque a vida só tem sentido se for vivida assim, numa doação integral ao outro. Isto foi o que caracterizou sempre o padre Alcobia”, garante este jovem.

 

Testemunho de fé

No início deste ano pastoral 2015-16, André Morais entrou para o postulantado da Ordem dos Carmelitas Descalços, cuja casa de formação funciona no Porto. André refere que a principal ‘interferência’ na sua vocação é devida ao padre Carlos Pinto, pároco ‘in solidum’ de Santo Isidoro, mas reconhece que “o padre Alcobia, obviamente, teve influência, no sentido do sacerdote como aquele que está disponível”. “Olhava-se para aquele homem e percebia-se que a vida dedicada aos outros, a partir de Cristo, não é um aborrecimento, não é uma tristeza, é algo que é bom e nos faz estar sempre com um sorriso, mesmo nas alturas difíceis, e é algo que nos abre e nos preenche”. É neste sentido que André Morais garante que “o padre Alcobia foi um grande testemunho de fé”. “Também por ele consegui dar o salto e dizer ‘Sim’”, partilha este jovem de Santo Isidoro.

  

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Dados biográficos do padre Alcobia

Natural de Lisboa, da paróquia de São Vicente de Fora, o padre José Feliciano Rocha Alcobia nasceu a 7 de setembro de 1934 e foi ordenado sacerdote a 15 de agosto de 1957, pelo Cardeal D. Manuel Gonçalves Cerejeira. Entre 1957 e 1959, este sacerdote foi coadjutor nas paróquias do Barreiro, Lavradio e Palhais, e de 1959 a 1960 foi coadjutor da ‘sua’ paróquia de São Vicente de Fora, tendo depois sido nomeado pároco, onde esteve até 1976. O padre Alcobia foi ainda pároco de Marvila (1976-2003) e quase pároco de Santa Beatriz da Silva (1992-1993) e de São Félix de Chelas (1993-2003), tendo chegado a Santo Isidoro e Sobral da Abelheira em 2003, onde ficou até 2012. Foi vigário da Vara de Lisboa VII e, entre 1957 e 2004, durante quase meio século, foi professor de Educação Moral e Religião Católica (EMRC).

Faleceu na tarde do passado dia 10 de fevereiro, com 81 anos.

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